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Doença de cachorro e gato? Tem cura? Conheça mitos e verdades sobre raiva

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Imagem: iStock

Marcelo Testoni

Colaboração para VivaBem

11/11/2022 04h00

No Brasil, agosto é tido como o mês da raiva, uma zoonose (doença transmitida entre animais e humanos) causada por um vírus do gênero Lyssavirus, que quando atinge o sistema nervoso central e sem tratamento, leva à morte, em quase 100% dos casos, após uma rápida evolução.

Estima-se que, anualmente, a raiva ceife aproximadamente a vida de 55 mil pessoas em todo o planeta. Por aqui, dados catalogados pelo Ministério da Saúde informam que no período de 2010 a 2022, até o dia 2 de agosto de 2022, foram registrados 45 casos de raiva humana.

A seguir, VivaBem, com ajuda de especialistas, tira as principais dúvidas sobre essa ameaça.

É uma doença de cão e gato?

Sim, entre os animais domésticos e no meio urbano. Mas atinge outros mamíferos infectados pelo vírus. Nas áreas rurais, se destacam bovinos, equinos, suínos, caprinos, e entre os animais silvestres, podem transmitir a raiva, raposas, guaxinins, primatas e, principalmente, morcegos.

Raiva só se contrai em agosto?

Mito. O motivo de agosto ser tido como o mês da raiva tem a ver com seu clima, que favorece a entrada de animais fêmeas, como cadelas, no cio. Assim, os cães machos, em disputa para acasalar e mais agressivos uns com os outros, brigam e facilitam a disseminação da doença.

Além disso, já há tempos, agosto se firmou como o mês das campanhas de conscientização da população e de vacinação antirrábica em animais domésticos. Hoje, essas campanhas não têm mês específico para ocorrer, variam entre estados, mas a vacinação anual é obrigatória por lei.

Em bicho e humanos a raiva é igual?

Filhote de cachorro recebe vacina antirrábica - Noah Seelam/AFP - Noah Seelam/AFP
Imagem: Noah Seelam/AFP

Não. Em cães, por exemplo, o comportamento muda, fica agressivo e o uivo rouco. Já os morcegos podem mudar de hábito e serem encontrados de dia e em locais não comuns.

Porém, em quase todos os animais costumam manifestar os seguintes sintomas: dificuldade para engolir; salivação abundante; mudança de perfil; de hábitos alimentares; paralisia e convulsões. Alguns bichos podem ser achados mortos sem causa aparente ou definida.

Já a raiva humana mostra seus sinais quando o vírus alcança o cérebro, geralmente após 45 dias do contágio. É caracterizada por, no início, mal-estar geral, fraqueza, dor de cabeça, febre baixa e irritabilidade.

Posteriormente, instala-se um quadro de ansiedade, confusão, agitação, insônia e alucinações, apontando o estágio fatal, e o paciente requer ser internado em hospital.

A transmissão ocorre por mordida?

Não somente. A transmissão da raiva também pode ocorrer quando se é arranhado ou lambido em feridas ou mucosas por um animal que esteja infectado, assim o vírus penetra. Depois, ele se propaga do local de entrada para medula, encéfalo e dissemina-se pelos nervos.

Humanos podem transmitir raiva?

Verdade parcial. Embora seja muito raro, há registros de transmissão inter-humana por meio de transplante de tecidos ou de órgãos infectados (especialmente de córnea), e por via respiratória, entre profissionais que manipulam altas cargas virais em locais fechados, como laboratórios. Algo comparável ao se entrar em uma caverna infestada de morcegos doentes.

Raiva é o mesmo que hidrofobia?

Sim. Hidrofobia (medo de água, em grego) é um outro nome para a raiva humana e um dos sintomas dela, quando avançada. A pessoa enferma manifesta fobias do tipo e até espasmos nervosos, quando vê ou tenta tomar água, ou ainda recebe vento ou excesso de luminosidade.

Há vacina de raiva para pessoas?

Pesquisadores iniciam testes em humanos da vacina contra raiva - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Sim. São produzidas com vírus atenuado e podem ser administradas em qualquer idade, sem contraindicação, mesmo em gestantes e lactantes. Doses de reforço cabem a cada dois anos.

Podem ser aplicadas de maneira prévia, em quem não foi infectado pelo vírus, sob indicação médica, ou quando há infecção/suspeita, para deter o avanço da doença rumo ao cérebro.

Existem grupos de risco para raiva?

Sim. Pessoas vulneráveis à infecção e que devem tomar a vacina antirrábica. Os grupos são compostos por profissionais de pet shops ou que lidam diretamente com animais (veterinários, biólogos, tratadores, adestradores), que fazem pesquisas e análises em laboratório, exploração de cavernas, além de viajantes com destino a lugares onde o controle da raiva é insatisfatório.

Quem mora em áreas de vida silvestre, ou próximo, também faz parte do grupo de risco.

Raiva não tem tratamento?

Mito, tem sim, mas as chances de cura são muito baixas. Para além da prevenção, o tratamento da raiva humana consiste em profilaxia pós-infecção, ou seja, aplicação da vacina antirrábica e de imunoglobulina antirrábica humana (fabricada a partir do plasma de doadores imunizados) ou soro antirrábico do plasma de equinos vacinados. A abordagem terapêutica varia a depender do local e do estado do ferimento e visa impedir a progressão da doença e a piora do doente.

Sem tratamento médico, o paciente entra em coma e morre em alguns dias.

O Brasil inteiro está sujeito à raiva?

Sim. Por aqui, a raiva, como na Ásia, na África e no restante da América Latina, é um grave problema de saúde pública. Nos estados do Norte e Nordeste, principalmente, o número de casos registrados é maior e os morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue) se tornaram o principal transmissor.

Fontes: Gerson Oliveira, doutor em medicina tropical pela UnB (Universidade de Brasília); Júlio Barbosa Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; e Lauro Ferreira, infectologista da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).

Referência: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/r/raiva.

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