Existe idade mais segura para dar à luz? Pesquisa coreana tenta responder

Um estudo conduzido pela Universidade de Seul (Coreia do Sul) analisou a associação entre a idade materna no primeiro parto e a morte por doença cardiovascular e mortalidade por todas as causas em mulheres coreanas. Após a pesquisa, os cientistas concluíram que é mais seguro ter o primeiro filho por volta dos 25 anos.

Como estudo foi feito

A pesquisa envolveu 4.044 mulheres que foram acompanhadas por 18 anos (2001-2018).

As participantes foram subdivididas em três grupos, de acordo com a idade do primeiro parto: 23 anos ou menos (1.498 mulheres), 24 e 25 anos (1.033) e 26 anos ou mais (1.513).

Os pesquisadores avaliaram as taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares e por todas as causas. Eles compararam as taxas de risco de mortalidade e investigaram se a hipertensão e o diabetes afetaram essa associação.

Os resultados indicaram que as mulheres que se tornaram mães pela primeira vez na adolescência ou em uma idade mais avançada eram mais propensas a morrer prematuramente de doenças cardíacas e AVC, em comparação com aquelas que tiveram seu primeiro filho na casa dos vinte anos.

Motivo das mortes foi investigado

As mulheres mais jovens, que tiveram seu primeiro filho antes dos 20 anos, podem ter tido que interromper sua educação ou carreira, o que poderia resultar em problemas de saúde decorrentes de desvantagens socioeconômicas.

O estudo ainda avaliou que mães jovens tendem a enfrentar mais depressão e obesidade, devido ao ganho de peso associado à gravidez. Esses problemas aumentariam o risco de desenvolver doenças cardiovasculares que matam.

Em contraste, mulheres que tiveram filhos após 26 anos, segundo o estudo, podem adotar uma série de hábitos potencialmente nocivos à saúde cardíaca.

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Em geral, elas acabam tendo mais dificuldade em recuperar a forma física após a gravidez. Além disso, podem enfrentar o estresse de equilibrar o trabalho e os cuidados com os filhos, o que resulta em escolhas de estilo de vida pouco saudáveis, como falta de atividades físicas e má alimentação.

O que dizem médicos do Brasil?

Até os 30 anos, a reserva de óvulos é considerada relativamente estável. Entre os 30 e 35, contudo, sofre uma discreta redução. Já após os 35, a queda aumenta expressivamente —o que faz cair também a probabilidade de uma gravidez natural.

Depois que é constatada a falência dos ovários, engravidar de maneira espontânea é improvável.

"A gestação espontânea nas faixas etárias mais avançadas acontece, mas são casos muito excepcionais. E é aí que entram os métodos de reprodução assistida", explica Pedro Monteleone, ginecologista e coordenador do centro de reprodução humana do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).

Contudo, engravidar após os 35 anos aumenta o risco de problemas maternos como a pré-eclâmpsia (doença hipertensiva específica da gravidez) e diabetes gestacional, além de trombose.

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Em relação ao bebê, quanto mais velha é a mãe, maior é o risco de problemas como má formação fetal, alterações cromossômicas que resultam em síndromes genéticas, parto prematuro e restrição de crescimento intrauterino. O risco de abortamento precoce também é mais alto.

Mas isso não significa que uma gravidez tardia está fadada a dar errado. Alguns desses riscos podem ser significativamente minimizados durante o pré-natal, com o auxílio de fármacos que reduzem o risco de hipertensão ou de o bebê nascer antes do tempo, por exemplo.

Já quando a mãe tem menos de 20 anos, é maior a possibilidade de aborto espontâneo, anemia, pressão alta, parto prematuro e morte, por exemplo, tanto para a gestante quanto para o feto. É por isso que, segundo obstetras, a gravidez na infância ou adolescência é sempre considerada de alto risco.

*Com informações de reportagem publicada em 13/09/2022 e 26/10/2022

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