Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Varíola dos macacos: até quando uma pessoa ainda transmite a doença?

iStock
Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

03/08/2022 15h21

Sintomas gripais e lesões na pele são os principais sinais de atenção para a varíola dos macacos, doença causada pelo vírus monkeypox. Os casos estão subindo no Brasil, que registrou o primeiro paciente em junho deste ano.

Apesar de existir vacina para a doença, ainda não há previsão de campanhas de vacinação em massa, mas há algumas medidas que a população geral pode adotar para se proteger. Para se prevenir, é preciso se atentar também ao período em que o vírus pode ser transmitido de pessoa para pessoa.

Formas de transmissão

A principal forma de transmissão da varíola dos macacos é por contato direto com a pele, mas também pode ser transmitida por meio de objetos e roupas contaminadas, inclusive roupas de cama e toalhas. O contato prolongado com alguém doente em ambientes fechados também pode transmitir o vírus, apesar de não ser a via mais comum de transmissão.

"Algumas semanas antes do surgimento de sintomas, existe a possibilidade de transmissão pelas vias respiratórias", afirma Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

"A partir do momento em que a pessoa é infectada, ela pode transmitir a doença em até 21 dias, mas transmite principalmente quando as vesículas ficam com líquido e, enquanto estiver com lesões na pele, vai estar contaminando outras pessoas."

Os especialistas consultados por VivaBem também atentam que a transmissibilidade do vírus monkeypox é bem menor do que de outros tipos de vírus, como os respiratórios, ou seja, ele não se espalha com tanta facilidade quanto o coronavírus ou o vírus da gripe, por exemplo. Outra diferença importante é que ele tem um período de incubação longo —o que pode dificultar o rastreamento e isolamento de pessoas que tiveram contato com o vírus.

As lesões também podem aparecer na região anal e nas genitálias, por isso é importante não ter contato sexual caso haja suspeita de contração do vírus.

É importante frisar, no entanto, que a varíola dos macacos não é uma IST (Infecção Sexualmente Transmissível). "Qualquer pessoa pode contrair, de qualquer idade e gênero, todos precisam se proteger porque qualquer um pode se infectar", alerta Marinho.

Quando começa a transmissão

"Quando surgem os sintomas, a pessoa começa a transmitir a doença", afirma Viviane de Macedo, infectologista no Hospital Santa Casa de Curitiba (PR) e professora da Universidade Positivo.

O período de maior transmissão se dá quando surgem as lesões de pele. As feridas passam por diferentes estágios. Primeiro, parecem picadas de insetos —por isso, podem passar despercebidas—, depois se transformam em espécies de bolhas cheias de líquidos, que viram pus, formam uma crosta (casquinha) e desaparecem. A fase em que as lesões estão cheias de líquido e pus é a de maior transmissibilidade do vírus.

A coceira da varíola dos macacos passa por diferentes estágios até a formação de lesões de pele - UKHSA - UKHSA
A coceira da varíola dos macacos passa por diferentes estágios até a formação de lesões de pele
Imagem: UKHSA

As feridas podem levar até 40 dias para secarem completamente, diz Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e vice-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia). "Depois que as crostas caem, o indivíduo para de transmitir a doença", explica. "Pode ser preciso uma quarentena no sentido literal da palavra: 40 dias de isolamento para não transmitir o vírus", afirma.

Basicamente, o ciclo do vírus a partir da contaminação funciona da seguinte forma:

  • Período de incubação: de 5 a 21 dias depois de entrar em contato com o vírus o paciente pode ficar assintomático;
  • Período de invasão: o paciente começa a ter os primeiros sintomas da doença, como febre, dor de cabeça, inchaço dos gânglios linfáticos, dor nas costas, dores musculares e falta de energia, que podem durar de 1 a 5 dias e serem confundidos com outras doenças virais, como a covid-19 ou a gripe;
  • Erupção cutânea: depois do mal-estar, começam a surgir as feridas que normalmente aparecem primeiro na face e se espalham para outras partes do corpo, como tronco, braços e pernas, palmas das mãos, plantas dos pés, ânus e genitais.

Ao primeiro sinal de qualquer sintoma, o ideal é que a pessoa faça isolamento até que as marcas na pele sumam completamente. "Apenas quando a pele está recuperada é que o paciente não transmite mais a doença", diz Macedo. O tratamento é da varíola dos macacos é sintomático: uso de analgésicos em caso de dor e manutenção da higiene nas feridas, além de evitar coçá-las.

Existe um medicamento chamado tecovirimat que tem sido usado para aliviar os sintomas e encurtar o ciclo do vírus e reduzir o período de transmissão, mas que ainda não está disponível no Brasil. Em seu perfil no Twitter, o ministro Marcelo Queiroga anunciou que o país vai receber doses do antiviral, mas não deu previsão para a chegada do medicamento.