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Varíola dos macacos: entenda o tratamento da doença

Tratamento foca nos sintomas da doença e o isolamento é obrigatório - iStock
Tratamento foca nos sintomas da doença e o isolamento é obrigatório Imagem: iStock

De VivaBem, em São Paulo

02/08/2022 13h55

Até esta segunda-feira (1º), o Ministério da Saúde confirmou 1.369 casos da varíola dos macacos. Ontem, a pasta também anunciou que o Brasil vai receber o antiviral tecovirimat para tratar casos graves da doença, mas ainda sem previsão de chegada ao país.

O tratamento da varíola dos macacos é baseado no controle dos sintomas da condição, ou seja, de acordo com os desconfortos que o paciente pode apresentar —como febre, dor e coceira nas lesões.

"Não tem nenhuma indicação de uso de antibiótico de rotina. O controle da dor é feito com medicações habituais, mas podemos dar algumas mais potentes e eventualmente internar para o manejo da dor", detalha a infectologista Raquel Stucchi, professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

Controle da infecção

Em geral, explicam especialistas por VivaBem, é esperado que pessoas com o sistema imunológico saudável consigam controlar a infecção da varíola dos macacos.

O alerta é para pacientes imunossuprimidos, como pessoas com HIV, em tratamento de câncer ou quem passou por um transplante e necessita dos imunossupressores pelo resto da vida, perfis mais suscetíveis aos agentes infecciosos e risco de desfechos graves da doença.

Esse é justamente o público-alvo do tecovirimat, de acordo com recomendação do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), dos EUA, que também inclui crianças e gestantes à lista, além de outros grupos prioritários.

Isolamento obrigatório

O tratamento da varíola dos macacos exige isolamento obrigatório para conter a disseminação do vírus. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o tempo médio de incubação da doença é de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias. Apenas após as lesões cicatrizarem e a avaliação clínica de profissionais de saúde é que a pessoa está liberada para retomar as atividades e interações.

Até lá, a orientação é não compartilhar toalha e lençol com outras pessoas, além de outros objetos e não ter contato íntimo. Ao recolher o lençol, não "sacudi-lo", como forma de controlar que o vírus se espalhe. Também há orientação de não mexer nas feridas, deixando a cicatrização ocorrer naturalmente.

"Primeiro, orientamos os pacientes em relação às lesões, eles não devem querer tirar a casquinha, cutucar, têm que deixar que a casquinha caia sem interferência. Elas devem ficar cobertas por roupas para evitar infecção secundária, contaminar muito o ambiente e o contato com outra pessoa", indica Stucchi.

E os casos de internação?

Segundo a infectologista, 90% dos casos do surto atual da varíola dos macacos têm evoluído sem complicações. Como já citado, a dor pode ser bastante incômoda para alguns pacientes, com necessidade de internação para administrar remédios mais fortes e acompanhar possíveis efeitos colaterais. Isso acontece sobretudo porque há relatos de lesões anais e perianais.

Mas sempre é preciso ter atenção aos pacientes imunossuprimidos. A primeira morte pela doença confirmada no Brasil, na última sexta-feira (29), foi em um homem de 41 anos, que tratava linfoma e tinha "imunidade baixa". No caso das crianças ainda é observado como a doença evolui, pois não atingiram a maturidade do sistema imunológico.

Como funciona o tecovirimat, anunciado pelo Ministério da Saúde?

O tecovirimat é um medicamento usado no tratamento de outros tipo de varíola, disponível em comprimido e para aplicação intravenosa.

Ele age diretamente no vírus, impedindo que continue entrando nas células para se replicar. O tratamento padrão dura 14 dias e, conforme o CDC orienta, pode ser usado em crianças, gestantes e lactantes, sempre avaliando riscos e benefícios da sua administração de acordo com o estado de saúde do paciente.

"Mesmo com chegada ao Brasil, não é uma medicação para todos os pacientes, mas inicialmente para aqueles de alto risco, com risco de complicações", indica o infectologista Celso Granato, diretor clínico do Grupo Fleury.