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Equilíbrio

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Quebrar rotina de pessoas com autismo pode gerar estresse, como disse Mion?

Marcos Mion, o filho Romeo e a mulher Suzana Gullo - Reprodução/Instagram
Marcos Mion, o filho Romeo e a mulher Suzana Gullo Imagem: Reprodução/Instagram

De VivaBem*, em São Paulo

03/07/2022 12h24

Neste sábado (2), Marcos Mion, 43, usou seu Instagram para explicar a ausência de seu filho, Romeo, que tem autismo, em uma viagem feita com os outros filhos, Donatella e Stefano.

O apresentador disse que tudo que tira Romeo de sua zona de conforto é um incômodo para o filho, que tem 17 anos. "Tudo que quebra a rotina, que tira ele da zona de conforto, que causa surpresa, gera pânico, gera estresse, desespero, gera crise."

Mion explicou ainda que, uma vez por ano, organiza uma viagem com Romeo, para algum lugar em que ele já se sente confortável. O apresentador aponta ainda que os comentários sobre a ausência dele "não são legais".

Importância da rotina para não gerar estresse

O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado por dificuldades de comunicação, de interação social, padrões de comportamento repetitivos, entre outros. A condição engloba diferentes graus —leve, moderado e severo.

Para quem vive com o quadro, alterações sensoriais, como o incômodo extremo com certos barulhos ou texturas, e um repertório específico de interesses (chamado também de hiperfoco) costumam ser comuns.

Além disso, pessoas com autismo têm mesmo mais dificuldade de lidar com mudanças, por menores que sejam. Então, a quebra de rotina pode, sim, gerar um estresse. Por isso é importante manter o mundo desta pessoa organizado e dentro da rotina.

Para as crianças que convivem com a condição a rotina é ainda mais importante —o que ficou ainda mais evidente na época de distanciamento social. Esse "cronograma" pode ser determinando horários pré-definidos de despertar, refeições, atividades motoras, atividades relaxantes, hora do banho.

Marcos Mion e o filho, Romeo - Reprodução/Instagram @marcosmion - Reprodução/Instagram @marcosmion
Marcos Mion e o filho Romeo, que tem 17 anos
Imagem: Reprodução/Instagram @marcosmion

O que mais pode ajudar?

Quando se está ao lado de uma pessoa com autismo, é importante entender que a dificuldade dela em lidar com o excesso de estímulos pode provocar uma crise. Por isso, é sempre bom estar atento aos fatores externos e o quanto isso pode mexer com a sua sensibilidade.

"É interessante perceber como é a percepção da pessoa com autismo. Às vezes ela tem alteração auditiva, visual, tátil e ou olfativa. Se for uma hipersensibilidade sonora, ela pode se irritar com pessoas que falam alto, ou que têm um timbre de voz muito agudo ou grave. Esse incômodo também pode ser decorrente de barulhos de sirenes, fogos de artifício, buzinas, motor de carro, motos, sinal da escola, aspirador de pó, entre vários outros", explica Mirian Revers, psiquiatra do Programa do Transtorno do Espectro Autista (Protea) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São de Paulo.

Se for uma alteração visual, até mesmo roupas ou joias que brilhem muito podem incomodar. Conversar encostando na pessoa com sensibilidade tátil também pode provocar uma intolerância. Assim como perfume ou algum outro cheiro que podem alterar a sensibilidade do autista. "Vale ressaltar que cada caso é um caso específico", diz Revers.

Um outro ponto importante é descobrir um meio ou uma técnica, não importam quais, que possibilitem estabelecer algum tipo de comunicação com a pessoa com autismo. A melhor forma de agir é exatamente igual a com qualquer pessoa: com educação, respeito e empatia.

"Se houver o mínimo de empatia, é possível observar se a abordagem está sendo agressiva ou não. Os autistas têm uma dificuldade de comunicação, de manifestar claramente o que estão sentindo. Mas se você observar sinais subjetivos como postura e movimentos corporais, é possível perceber se ele está confortável com aquela situação ou não. Assim, percebe se deve mudar a sua forma de contato e aproximação", reforça a médica.

Tem cura?

É frequente a divulgação de falsos —e às vezes perigosos — tratamentos "milagrosos", que prometem solucionar o transtorno. Porém, é importante esclarecer que a ciência não descobriu realmente uma cura para o autismo, visto que a condição é fruto de múltiplos fatores.

Medicamentos só são prescritos na presença de agressividade e de outras doenças paralelas, como depressão e ansiedade. O tratamento deve ser multidisciplinar, englobando médicos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e pedagogos, de forma a incentivar o paciente a realizar sozinho tarefas cotidianas.

* Com informações de reportagens do site Drauzio Varella e de matérias publicadas em 28/04/2018, 30/04/2018 e 01/04/2022.