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Vitaminas para o cabelo funcionam? Veja quem realmente precisa tomar

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Imagem: iStock

Danielle Sanches

Colaboração para o VivaBem

06/06/2022 04h00

Encontrar fios de cabelo pela casa e ver que eles estão caindo mais do que o normal até na hora de pentear é uma preocupação para muitas pessoas. Nessas horas, é bastante comum buscar a solução para o problema em uma "pílula mágica" —ou melhor, em um polivitamínico que promete parar justamente a queda dos fios.

As vitaminas para cabelo podem ser vendidas em qualquer farmácia e não precisam de receita médica para serem adquiridas. No entanto, os especialistas não indicam a automedicação, inclusive para suplementos desse tipo.

"Existem formas específicas de usar esse tipo de suplementação para tratar a queda de cabelo, mas é preciso que um especialista oriente como e por quanto tempo ele deve ser usado", alerta Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta.

Elas funcionam mesmo?

Depende. Se a queda de cabelo for provocada por deficiência nutricional, sim, os suplementos podem ser uma forma de tratar o problema.

Isso porque a falta de algumas vitaminas e alguns minerais no organismo pode mesmo provocar como sintoma a queda dos fios. Alguns exemplos:

  • Anemia por falta de ferro;
  • Deficiência de vitamina D;
  • Deficiência de vitaminas do complexo B;
  • Deficiência de minerais como zinco, cobre e selênio.

Não à toa, a maioria dos suplementos disponíveis no mercado hoje possui na formulação justamente minerais, antioxidantes como vitamina C e E, e biotina, que são importantes para o fortalecimento do cabelo.

Mesmo assim, a automedicação não é recomendada. Por um motivo simples: essas deficiências só são descobertas por meio de uma avaliação clínica com especialista e, se necessário, com a complementação de exames laboratoriais.

"Na consulta, conseguimos ver outros sinais que indicam alguma deficiência nutricional e analisar a dieta do paciente, que também nos mostra o que pode estar causando essa carência", explica a nutricionista Mariana Silva Melendez, doutoranda na UnB (Universidade de Brasília).

Dietas restritivas, má alimentação, casos de anorexia e bulimia são situações que podem atrapalhar ou impedir a entrada de nutrientes no organismo. Outros quadros incluem pacientes que passaram por cirurgia bariátrica, alguns tipos de câncer e doenças que causam inflamação intestinal (e atrapalham a absorção de vitaminas e minerais que ocorreriam no órgão).

Uma vez constatado o problema, o tratamento é feito de forma focada, ou seja, a orientação é tomar apenas o que está faltando e não o alfabeto inteiro de vitaminas. Alguns profissionais também gostam alternar uma "dose de ataque", mais alta, no início do tratamento; e uma "dose de manutenção" para continuar o processo.

"A faixa etária do paciente e o grau de gravidade dessa deficiência é que irão orientar a dose adequada e o tempo de tratamento", explica Virgínia Fernandes, endocrinologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, da UFC (Universidade Federal do Ceará), da Rede Ebserh.

E existe uma razão para essa preocupação com a dose. Embora rara, a intoxicação por excesso de vitaminas e minerais pode acontecer e gerar problemas graves para o fígado e rins, especialmente se misturadas a outros medicamentos e suplementos (o que não é difícil de acontecer).

Queda nem sempre tem relação com alimentação

Embora seja tentador acreditar que apenas uma cápsula de vitamina possa resolver o problema da queda de cabelo, nem sempre essa é a melhor forma de lidar com a situação.

Alguns processos de queda de cabelo estão relacionados a outras questões no organismo. Nesses casos, tomar o suplemento não vai fazer diferença. "É jogar dinheiro fora, pois o corpo não armazena esse excedente, ele simplesmente descarta na urina e no cocô", afirma Grecco.

Estresse e traumas emocionais, cirurgias, parto e puerpério, menopausa e hipotireoidismo são algumas das causas de queda de cabelo que não se resolvem com suplementos, pois envolvem outros processos no corpo, como o equilíbrio hormonal.

Há ainda a alopecia androgenética, também chamada de calvície, que pode afetar tanto homens como mulheres. Ela é causada principalmente pela ação do hormônio DHT (di-hidrotestosterona), que afina os fios capilares progressivamente até eles começarem a cair.

Por isso, mais uma vez, o recomendado antes de tomar qualquer suplemento é realizar uma avaliação especializada para saber qual a causa da queda. "Se isso não for feito, corre-se o risco de atrasar o tratamento correto, que seria mais eficiente", afirma a dermatologista Carla Vidal, de São Paulo.

Segundo ela, tomar suplementos desse tipo sem orientação ainda pode gerar mais problemas. "O paciente pode deixar a pele mais oleosa, por exemplo, e passar a sofrer com acne por causa do excesso de nutrientes", diz.

Vitamina não faz cabelo crescer mais rápido

Outra tendência muito forte no mercado de suplementos são as cápsulas e vitaminas em formato de balas de goma que prometem fazer o cabelo crescer mais rápido.

Os especialistas consultados por VivaBem avisam: isso não funciona. "Nosso cabelo cresce um centímetro por mês porque, metabolicamente, é o que o nosso corpo consegue fazer", avisa Grecco.

Ou seja, gastar dinheiro com esse tipo de suplemento é bobagem. "O que sabemos é que o microagulhamento, um tratamento dermatológico, pode ajudar no crescimento", explica a nutricionista. "Mas isso é voltado para quem realmente tem um problema de saúde e não para acelerar o crescimento", diz.