Topo

Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


Imunidade baixa? Saiba o que significa e como manter o sistema imune em dia

Gripe pode ser um sinal de que sua imunidade não está boa - iStock
Gripe pode ser um sinal de que sua imunidade não está boa Imagem: iStock

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

29/06/2021 04h00

"Hoje não estou muito bem, acho que estou com a imunidade baixa." Você com certeza já ouviu essa frase ou variações dela. De fato, nosso sistema imune, responsável por nos proteger de agentes infecciosos, pode ter variações ao longo do dia, principalmente em situações de muito estresse, privação de sono e má alimentação. Mas isso tende a ser leve e ocorrer de forma transitória.

O que precisa ficar claro é que não existe a doença "imunidade baixa", mas, sim, condições nas quais nosso sistema imune fica mais enfraquecido ou comprometido, favorecendo o surgimento de resfriados, gripe ou dor de garganta —isso varia de acordo com a pessoa— ou até mesmo casos de herpes.

"Para o nosso sistema estar funcionando bem, você tem que estar com organismo equilibrado. Ou seja, dormir bem, se alimentar bem, fazer atividade física moderada e não estar sob estresse agudo. Todas essas situações podem comprometer temporariamente a função do sistema imune. Em geral, é uma fase transitória e leve, completamente diferente de quem tem uma doença", explica Ekaterini Simões Goudouris, coordenadora do Departamento Científico de Imunodeficiências da Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia).

Conforme citado pela médica, essas doenças que afetam, de fato, o sistema imunológico são chamadas de imunodeficiência primária (são mais de 400 tipos de doença) e imunodeficiência secundária (HIV, pacientes em tratamento de câncer, pessoas que tomam imunossupressores, entre outros).

De acordo com Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), indivíduos sem imunodeficiências ou outras doenças crônicas, como diabetes, têm variação da resposta imune, como explicado anteriormente.

"Podem ter momentos que apresentamos o sistema imune mais robusto, pronto para se defender e, às vezes, por questões de estresse emocional e físico, privação de sono, má alimentação, exaustão física sem reposição nutricional adequada, isso pode levar ao comprometimento da nossa defesa."

A alimentação, apontada pelo médico, inclusive, é um ponto fundamental. Diversos micronutrientes, como as vitaminas e minerais, têm uma ação importante no sistema imune e, caso ocorra uma deficiência deles, isso pode comprometer a imunidade.

"Mas isso é completamente diferente de dizer que, se você é saudável e não tem uma carência da vitamina D, por exemplo, você deve se entupir de vitamina D. Não adianta em nada porque isso não vai resultar na melhora do seu sistema imunológico", explica a médica da Asbai.

O único grupo na qual a suplementação pode ser benéfica é para os atletas, segundo Ronney Correa Mendes, membro do Departamento Científico de Imunização da Asbai e diretor clínico da Alergocenter Vacinação de São Luís (MA).

"O objetivo é evitar as infecções após muito estresse do corpo", diz o médico, que relembra o caso do zinco para prevenir ou combater covid-19, que também não é verdade.

Inclusive, tomar em excesso as vitaminas, minerais, além de outras substâncias, pode fazer muito mal. Em alguns casos, resulta na doença chamada de hipervitaminose, que pode causar diversos problemas, como pedras nos rins.

Corpo pode dar sinais de que imunidade não está boa

Em pessoas sem imunodeficiências, é possível que apareça aquela gripe após um fim de semana de mais consumo de álcool e privação de sono, por exemplo, ou quando você não dorme direito por alguns dias consecutivos —caso de trabalhadores noturnos ou médicos que fazem vários plantões seguidos.

Em casos de muito estresse, é comum que apareçam as feridas na região oral por causa do herpes.

Herpes - Pixabay  - Pixabay
Herpes no lábio
Imagem: Pixabay

"São gripes recorrentes, a pessoa está toda hora gripada, aparece herpes, de repetição, na região da boca. São comuns, não são sérias, mas se começam a aparecer com muita frequência pode ter uma relação com as imunodeficiências", explica Goudouris.

Quando devemos acender um sinal de alerta?

  • Infecções comuns muito recorrentes;
  • Infecções de agentes "corriqueiros" que evoluem de forma grave (um resfriado que progride para pneumonia);
  • Infecções graves com necessidade de internação para dar antibiótico na veia, pois não é suficiente de forma oral;
  • Infecções por agentes estranhos (uma pneumonia por fungo, por exemplo, não é o mais comum).

De acordo com a imunologista, outra forma de saber se é necessário fazer uma investigação mais profunda é analisar a quantidade de vezes que o paciente teve determinado quadro infeccioso.

Deve chamar atenção o adulto que teve dois quadros de pneumonia em dois anos seguidos; crianças que tiveram quatro vezes otite ou sinusite em um ano.

Exames de sangue auxiliam no diagnóstico, além do histórico clínico do paciente. Para exemplificar como essa investigação é feita, o médico de São Luís compara o sistema imunológico com uma empresa: "é como fazer uma auditoria nessa empresa. Você checa todos os setores —são muitos— e vê quais estão trabalhando mais ou menos".

dormir bem - iStock - iStock
Imagem: iStock

Como manter o sistema imune funcionando bem

De acordo com os especialistas, no geral, é basicamente adotando hábitos saudáveis, tais como:

  • Ter uma boa alimentação;
  • Aprender a lidar com estresse;
  • Fazer atividades que te tragam prazer;
  • Dormir bem, evitar privação de sono, se possível;
  • Praticar atividade física moderada;
  • Evitar tabagismo e álcool em excesso.