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Pessoas com idade e IMC elevados tendem a ser superpropagadores da covid-19

Quanto mais velha e com maior IMC, mais partículas a pessoa espalha no ar - ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Quanto mais velha e com maior IMC, mais partículas a pessoa espalha no ar Imagem: ALOISIO MAURICIO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Luiza Vidal

Do VivaBem, em São Paulo

02/03/2021 15h32

O que torna as pessoas mais suscetíveis a espalhar o coronavírus (o que os cientistas chamam de superpropagadores da covid)? Um estudo publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, no dia 9 de fevereiro, mostra que o IMC (índice de massa corpóreo), a idade e o grau de infecção estão entrem os fatores que podem aumentar a probabilidade de uma pessoa transmitir mais facilmente a doença, por expelirem um número até três vezes maior de gotículas respiratórias do que os outros.

Alexandre Naime, chefe do departamento de infectologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), explica que o estudo é interessante, mas tem limitações e não dá aval para que pessoas fora dos grupos apontados na pesquisa deixem de tomar cuidados que evitam a propagação do coronavírus.

"É mais um item de curiosidade científica visto que, independentemente se vai transmitir ou não, todos têm que usar máscara. Também pode causar uma estigmatização de idosos e obesos e a falsa segurança para jovens e magros, por exemplo", disse ao VivaBem.

A ideia inicial dos cientistas era entender como ocorrem os eventos "superdisseminadores" (ou suprepropagadores), nos quais diversas pessoas são infectadas por covid-19 em aglomerações. Eles notaram que a quantidade de partículas de aerossol exaladas varia muito entre cada indivíduo. E essas gotículas que são expelidas quando as pessoas falam ou tossem, por exemplo, são responsáveis por transmitir o coronavírus para um indivíduo saudável.

Como o estudo foi feito?

Os cientistas analisaram 194 pessoas saudáveis, sem covid-19, dos estados de Michigan (120) e da Carolina do Norte (74), nos EUA. Para analisar o peso e a idade, eles utilizaram uma métrica que é o IMC vezes a idade do participante que, segundo Naime, pode apresentar alguns problemas. "É uma fórmula criada por eles que, se você fizer uma análise multivariada para identificar outros fatores, talvez não esteja correta."

No estudo, oito macacos também foram analisados, sendo que todos estavam infectados pelo SARS-CoV-2. A ideia principal era observar o quanto essas pessoas e também os macacos são capazes de espalhar as gotículas em um ambiente enquanto respiram normalmente.

Os achados do estudo

Os pesquisadores notaram que os mais mais velhos, com índices de massa corporal mais elevados e o grau crescente de infecção por covid-19 (resultado da análise dos macacos) espalharam três vezes mais as gotículas pelo ar do que os outros analisados no estudo.

Entre as pessoas, 18%, ou seja, 35 participantes, foram responsáveis por 80% das partículas exaladas pelo grupo.

Já nos macacos, com covid-19, as gotículas de aerossol aumentaram à medida que a infecção progredia. Com isso, atingiu níveis máximos uma semana após a infecção.

Além disso, os cientistas notaram que, enquanto a infecção progredia, as partículas virais diminuíram. Essas minúsculas partículas têm maior probabilidade de serem expelidas quando as pessoas respiram, falam ou tossem, e também podem flutuar por muito mais tempo, viajar mais longe no ar e penetrar mais profundamente nos pulmões quando inalados.

Por que este estudo é importante?

O estudo pode ajudar a identificar os eventos superdisseminadores, na qual diversas pessoas são infectadas pela covid-19, e, assim, evitar que ocorram. Também mostra a relevância do uso de máscara, principalmente em ambientes fechados com pouca circulação do ar, para evitar a infecção de pessoas saudáveis.

"Embora nossos resultados mostrem que os jovens e saudáveis tendem a gerar muito menos gotículas do que os mais velhos e menos saudáveis, eles também concluem que qualquer um de nós, quando infectado por covid-19, pode estar em risco de produzir um grande número de gotículas respiratórias", disse um dos autores do estudo, David Edwards.