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Saúde

Sintomas, prevenção e tratamentos para uma vida melhor


O que o couro cabeludo e o cabelo podem dizer sobre a sua saúde

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Imagem: iStock

Bruna Alves

Colaboração para VivaBem

10/06/2020 04h00

O cabelo é a moldura do rosto e, para muitos, uma joia cuidada com todo carinho. Prova disso é a profusão de produtos no mercado dos mais variados tipos: xampu, condicionador, máscaras, hidratantes, óleos, vitaminas e por aí vai —todos para satisfazer um público cada dia mais exigente e preocupado com a saúde dos fios.

Alguns problemas nessa área, como a queda, caspa e oleosidade podem estar associados à nossa saúde física e emocional. Mas calma, nem sempre um cabelo que não está saudável tem a ver com a sua saúde. Às vezes, trata-se apenas de uma estrutura capilar fragilizada, e isso pode ter origem genética. Vale falar com um dermatologista.

No entanto, o cabelo pode refletir, sim, uma série de alterações na saúde. Por exemplo, o hipotireoidismo pode deixar o cabelo mais frágil. Além disso, a deficiência de vitamina B, carência de ferro ou proteínas também acabam deixando o cabelo opaco e mais quebradiço. VivaBem ouviu especialistas para entender como o cabelo e o couro cabeludo têm a ver com sua saúde.

Caspa

Caspa - iStock - iStock
Imagem: iStock

É o nome popular dado a dermatite seborreica. Trata-se de uma inflamação crônica, que não tem cura, não é contagiosa e também não tem a ver com falta de higiene. Essa inflamação causa uma descamação esbranquiçada ou amarelada e vermelhidão, principalmente no couro cabeludo, mas também pode atingir áreas como sobrancelhas, barba, cantos do nariz e orelhas.

Entre os sintomas mais comuns estão coceira, manchas vermelhas, irritações e até feridas. O surgimento da caspa pode ser desencadeado por predisposição genética, excesso de oleosidade no couro cabeludo, situações de fadiga ou estresse emocional, baixa temperatura, álcool, alguns medicamentos e proliferação fúngica.

Apesar de muitas pessoas não terem sintoma algum, o incômodo de ver aquelas escamações no cabelo e muitas vezes até caindo na roupa, é muito desagradável —e pode até causar vergonha prejudicando a autoestima. Se você está passando por isso, calma, embora não tenha cura definitiva, há tratamento clínico e cuidados diários que ajudam a evitá-la. Veja dicas:

  • Evite dormir com os cabelos molhados;
  • Evite prender os cabelos úmidos;
  • Não use bonés ou chapéus constantemente;
  • Não lave o couro cabeludo com água muito quente, somente morna ou fria;
  • Aplique condicionadores e máscaras somente no comprimento do fio e não no couro cabeludo;
  • Aumente a frequência das lavagens;
  • Controle o estresse e a ansiedade.

Além disso, também é possível usar xampus específicos, sabonetes, loções, cremes e até medicações. Para saber qual é o tratamento mais adequado para o seu caso, procure um dermatologista.

Queda de cabelo (alopecia)

A alopecia, ou apenas queda de cabelo, como geralmente a chamamos, assim como a caspa, pode estar relacionada a nossa saúde física e mental. Diariamente é comum perdermos entre 100 e 150 fios de cabelo. Isso acontece porque o couro cabeludo se alterna constantemente entre três fases: anágena (crescimento dos fios), catágena (pausa) e telógena (queda).

Quando o volume ultrapassa esse limite, é sinal de que algo pode estar errado com a saúde capilar. As principais causas para as quedas de cabelo são genética, nutricional, emocional, hormonal e por fatores externos. Abaixo citamos as mais comuns:

Calvície - Istock - Istock
Imagem: Istock

Alopecia androgenética: também chamada de calvície. É a causa mais comum. Ela afeta tanto homens como mulheres, embora seja mais comum nos homens acima dos 50 anos —devido, principalmente, a ação do hormônio DHT (di-hidrotestosterona), que afina os fios capilares progressivamente até começar a cair. Depois de alguns anos, a calvície já pode ser notada facilmente e os fios perdidos não nascem novamente.

A mulher também produz a di-hidrotestosterona, entretanto, os hormônios femininos —estrógeno e progesterona—, protegem os folículos da ação da DHT, por isso vemos mais homens calvos do que mulheres. As entradas frontais e a parte alta atrás da cabeça são as áreas onde os homens mais perdem cabelo. Nas mulheres, o cabelo vai ficando ralo principalmente no topo da cabeça, mas é comum uma perda difusa, que deixa todo o couro cabeludo mais aparente.

alopecia aerata, calvície, estresse - iStock - iStock
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Alopecia areata: é uma doença inflamatória, mais comum entre 20 e 50 anos de idade, entre homens e mulheres. Ela se caracteriza por falhas, geralmente arredondadas, tanto no couro cabeludo, como na barba, ou até no corpo inteiro, neste caso —denominada alopecia areata universal, em que a pessoa pode ficar sem sobrancelhas, cabelo e pelos no corpo inteiro. Ela é, basicamente, um defeito imunológico, mas também pode estar associada a questões genéticas.

De acordo com os especialistas ouvidos por VivaBem, esse tipo de alopecia é muito rápida —de um dia para o outro a pessoa pode ver uma enorme falha de cabelo. Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro. O cabelo pode crescer novamente, mesmo que haja perda total. Isso ocorre porque a doença não destrói os folículos pilosos, apenas os mantêm inativos pela inflamação.

Alopecia por tração: esse tipo de alopecia se caracteriza pela perda dos fios em decorrência de alguma tração. Na maioria das vezes, acontece pelo uso constante de penteados, tranças, aplique e também pelo hábito de arrancar mechas por problemas emocionais, causados pelo estresse. Caso o problema não seja tratado a tempo, o bulbo capilar pode sofrer um dano permanente fazendo com que os folículos cicatrizem. Com isso, a área não se recupera e os fios não voltam a crescer.

É importante ressaltar que muitos medicamentos têm efeitos colaterais e podem contribuir para a perda dos fios, tais como antidepressivos, anticoagulantes, inibidores de apetite, anabolizantes, isotretinoina, anticonvulsivantes, anabolizantes, anti-inflamatórios, entre outros. A gravidade da queda nesse caso depende da dose e do tipo de medicamento, bem como da sensibilidade de cada um.

Eflúvio telógeno (queda temporária dos fios)

É um tipo de queda de cabelo temporário —ou seja, os fios caem, mas depois de um determinado tempo, geralmente de dois a quatro meses, param de cair e tudo volta ao normal. Por isso, no geral, o eflúvio telógeno não precisa de tratamento, porém se o paciente tiver alguma condição associada, como alopecia androgenética ou a alopecia senil (rarefação que surge após os 60 anos), é possível fazer um tratamento para recuperar o volume e o comprimento dos fios mais rápido.

É importante destacar que não há um tratamento específico, apenas algumas medicações que são estimuladoras do crescimento capilar, mas se o paciente for saudável e sem doença prévia do couro cabeludo, terá plena capacidade de recuperação.

Existem dois tipos de eflúvio: agudo e crônico. O agudo está relacionado a alguma situação vivenciada recentemente, por exemplo período pós-parto, febre, infecção aguda, sinusite, pneumonia, gripe, dietas muito restritivas que alteram a ingestão de vitaminas necessárias, anemias, diabetes mal controlada, doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, especialmente a bariátrica e estresse, além de algumas medicações com efeitos colaterais na saúde capilar.

Já o eflúvio telógeno crônico faz com que a perda dos fios se repita uma ou duas vezes por ano, ou a cada dois anos, dependendo da pessoa. Nesse caso, o problema não tem causa definitiva, mas os especialistas afirmam que ele está associado a doenças autoimunes, dentre elas a mais comum é a tireoidite de Hashimoto.

Oleosidade, frizz, pontas duplas...

Você sabia que a oleosidade, cabelos muito secos, pontas duplas ou até mesmo o frizz também podem estar associados à saúde? A oleosidade, por exemplo, pode ocorrer por causa da dermatite seborreica, que está intimamente ligada a fatores emocionais, como o estresse.

Cabelo com frizz - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução

Já a pouca produção de sebo no couro cabeludo pode ser consequência de deficiências nutricionais, anorexia nervosa, hipotireoidismo ou hipoparatireoidismo. O frizz e as pontas duplas também podem ser provenientes dessa mesma deficiência, sobretudo, da falta de vitaminas.

Sendo assim, segundo os especialistas, a má nutrição prejudica muito a saúde dos fios. Cerca de 97% da estrutura dos cabelos é composta por proteínas, e os alimentos ricos nesses nutrientes são boas opções para ajudar o corpo na formação da queratina —que é a principal proteína do cabelo.

O ferro, o zinco e o selênio também são elementos importantes para a saúde capilar. Apenas em algumas situações específicas precisamos de suplementação. As vitaminas do complexo B e os minerais destacam-se entre os principais nutrientes responsáveis pelo crescimento saudável dos fios, promovem uma melhor resistência da fibra capilar e evitam que os cabelos fiquem fracos e quebradiços.

Por isso, o ideal é manter uma alimentação balanceada, variando entre diferentes tipos de verduras, legumes, frutas e grãos. Alguns exemplos desses alimentos são gema de ovo, carne vermelha, abacate, couve, rúcula, espinafre, castanhas e a soja. Todos os benefícios desses alimentos também vão para o cabelo.

Fontes: Cristina Salaro, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Distrito Federal; Fernanda Seabra, dermatologista da Rede D'Or São Luiz, em Brasília e especialista em cirurgia micrográfica de Mohs; Flávia Basílio, dermatologista do Hospital de Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) com foco em alopecia, membro titular da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), membro da ABCRC (Associação Brasileira de Cirurgia de Restauração Capilar), membro da Sociedade Internacional de Tricoscopia e membro da Sociedade Americana de Pesquisa de Cabelo e Kate Koetz, médica na clínica For All Group, em São Paulo.