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Rica em fibras, soja combate o colesterol e o envelhecimento precoce

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Imagem: iStock

Fabiana Gonçalves

Colaboração para o VivaBem

05/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • A soja é considerada um dos mais completos alimentos de origem vegetal
  • A leguminosa é uma das melhores fontes de proteína de alto valor biológico em substituição a carne bovina
  • A Anvisa recomenda o consumo de 25 g de proteína de soja por dia por adulto

A soja é considerada a substituta principal de carnes e derivados, por ser a leguminosa com maior teor de proteína absorvida pelo organismo. E a fama tem uma razão de ser, afinal, ela contém cerca de 40% de proteína de alta qualidade, 20% de lipídios (gorduras) ricos em ácidos graxos poli-insaturados, sendo assim isenta naturalmente de colesterol. Também é uma boa fonte de minerais, principalmente potássio, fósforo, ferro e magnésio, e de vitaminas do complexo B.

Além disso, a soja é fonte de vitamina E, nutriente essencial para combater o envelhecimento precoce, por causa de sua ação antioxidante. É rica em fibras, que proporciona maior sensação de saciedade, e também estimula a função intestinal. Sem contar que a lecitina de soja é importante para a saúde do cérebro.

Combate o colesterol

O benefício mais conhecido que a soja e seus derivados proporcionam à saúde é ajudar a controlar o colesterol. Uma dieta que inclua o alimento com regularidade também auxilia no fortalecimento dos ossos, pois diminui a eliminação do cálcio na urina, bem como ajuda a aumentar a massa muscular, graças à ação da proteína de alto valor biológico. Por isso é recomendada para ser consumida por praticantes de atividade física e idosos.

Como as taxas de estrógeno no sangue reduzem muito durante o ciclo menstrual, as isoflavonas presentes na soja são indicadas para diminuir os sintomas da TPM (tensão pré-menstrual). Já no climatério, essas taxas hormonais são ainda mais reduzidas, e é nessa fase que se manifestam a sudorese, as ondas de calor, a pele seca, além de ser uma fase propícia para o desenvolvimento da osteoporose.

Como as isoflavonas são estruturalmente parecidas com o estrógeno (elas ligam-se aos receptores de estrogênio das células), acabam diminuindo os sintomas da menopausa e auxiliando na prevenção da osteoporose e do câncer de mama.

Formas de consumo

Se você procura um alimento saudável, variado e prático na hora do preparo, certamente vai encontrar tudo isso na soja. Ela pode ser consumida em grãos, como o feijão, em salada e em outras preparações. Mas também há opções de produtos industrializados à base de soja que atendem às questões de conveniência, como as bebidas feitas a partir do seu extrato.

Soja - iStock - iStock
Soja é alimento saudável, variado e prático na hora do preparo
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Tem ainda a farinha e as proteínas concentrada, isolada e texturizada de soja. Esta última, aliás, está entre as mais utilizadas formas de substituição à carne bovina, sendo o ingrediente principal de refogados, almôndegas, hambúrgueres e até como estrogonofe. Há ainda o queijo de soja (tofu); além dos fermentados missô, tempeh e shoyo. Tudo isso sem esquecer do óleo, ingrediente culinário que já faz parte da mesa da maioria dos brasileiros.

Crianças podem consumir?

Crianças e adultos com restrição alimentar, principalmente vegetarianos, veganos e crianças alérgicas ao leite de vaca (APLV), costumam fazer uso do leite de soja. Segundo Lara Natacci, nutricionista e doutora pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), se houver acompanhamento de um pediatra ou nutricionista, não há problema algum no consumo do alimento por crianças a partir de um ano.

"Existem estudos que apontam que crianças que consomem fórmulas infantis à base de soja têm o desenvolvimento normal e similar às que tomam fórmulas à base de leite de vaca", explica.

Porém, a endocrinologista Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela USP, pede cautela. "Diante da ausência de estudos e resultados conclusivos, o ideal seria controlar o consumo de produtos à base de soja na alimentação infantil e sempre seguir a orientação médica", afirma.

Segundo ela, as isoflavonas seriam reconhecidas pelo organismo como se fossem os estrógenos e, assim, poderiam desencadear uma ação hormonal, que levaria a puberdade precoce. "Existem poucos estudos relacionados ao tema, mas podemos observar essa alteração com um consumo excessivo da soja", pondera.

É transgênica?

Então, a pergunta é: com tantos benefícios por que você ainda torce o nariz para o alimento e consome apenas o óleo no preparo dos alimentos? Se a resposta for apenas por causa do sabor residual, saiba que este fator já melhorou muito, principalmente os alimentos industrializados à base de soja.

Só que muitas pessoas deixam de consumir a soja por considerá-la transgênica. No entanto, de acordo com informações fornecidas pela Embrapa, o Brasil tem uma política bem estabelecida sobre este assunto.

A CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) é responsável por avaliar a segurança dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM). A avaliação é feita desde o desenvolvimento até a comercialização, com normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam alimentos geneticamente modificados e seus derivados.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por sua vez, não apenas libera o consumo da soja transgênica, bem como recomenda o consumo de 25 gramas do alimento por dia, por adulto (ou o equivalente a 5 copos de leite de soja). Mas é claro que quanto maior for a variedade de produtos à base do alimento melhor, até porque a concentração de proteína varia.

"De toda forma, é importante mencionar que também há no mercado opções de soja orgânica, que atende aos consumidores que queiram consumir alimentos de soja, mas não queiram consumir produtos transgênicos", recomenda Ilana Felberg, pesquisadora da área de Leguminosas, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Fontes: Alexei Volaco, professor-adjunto de endocrinologia e metabologia na PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Edson Credidio, pós-doutor em ciências de alimentos, pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas); Ilana Felberg, pesquisadora da área de leguminosas da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); Lara Natacci, nutricionista e doutora pela Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) e Maria Fernanda Barca, doutora em endocrinologia pela USP e membro da SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia).

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