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Covid-19: você se infectaria voluntariamente? Brasileiros explicam decisão

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Imagem: iStock

Priscila Carvalho

Do VivaBem, em São Paulo

05/06/2020 14h00

Desde o fim do mês de abril, a startup americana 1 Day Sooner tem recebido inscrições de diversos voluntários do mundo todo que estão disponíveis para serem infectados com o novo coronavírus (Sars-CoV-2). A proposta é que essas pessoas possam ser testadas para possíveis vacinas no futuro.

E não tem muito segredo. Basta entrar no site da plataforma e preencher os requisitos pedidos pela empresas que, normalmente, reforça que o voluntário deve estar fora do grupo de risco.

São feitas reuniões online, nas quais eles explicam como funciona o programa e tiram dúvidas dos candidatos. O intuito é fazer os testes em humanos de forma mais rápida, já que normalmente essa é a etapa que costuma demorar mais nas pesquisas.

Mas o que leva uma pessoa a querer ser contaminada por um vírus misterioso e que tem matado milhares? VivaBem conversou com dois brasileiros que se inscreveram no programa e eles contam por que escolheram participar.

Ana Carolina  - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

"Acho que é uma maneira de contribuir"

Ana Carolina Mendes, 37 anos

"Comecei a procurar muito sobre covid-19 porque queria achar ainda mais as respostas sobre a doença. Meus pais são do grupo de risco. Eles já têm mais de 60 anos e minha mãe tem bronquite, por isso fiquei tão preocupada e tive que ficar afastada deles. Depois de tanta procura, achei o site e pensei 'por que não?'

Encarei como uma forma de ajudar e contribuir para a cura da covid-19. Não tenho filhos, sou solteira e acho que ajudaria muito quem realmente precisa. Muitas pessoas estão morrendo aqui no Rio e nossas vidas estão demorando a voltar ao normal. Foi uma decisão totalmente consciente.

A aplicação no site foi bem tranquila e eles entraram em contato comigo depois de uns 15 dias, fizemos uma videoconferência e deu tudo certo. Me senti confortável porque eles oferecem toda tranquilidade que você precisa, como assistência médica e hospital.

Meus pais ficaram receosos. Minha mãe ficou sabendo pela televisão e por uma amiga minha que até está sem falar comigo direito, mas encaro como uma maneira de ajudar os outros.

Além disso, acredito que vai demorar para sermos chamados, justamente por causa da demora da vacina. E a vacina é preventiva, você recebe a dose e depois é exposto ao vírus. Acho que devemos contribuir de forma efetiva, e não me arrependo de ter feito a inscrição."

Pablo - Arquivo pessoal  - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

"Foi um risco calculado"

Pablo Fernandes, 21 anos

"Não achava que ia ter toda essa repercussão. Assino a newsletter de um site e foi lá que vi a convocação e achei interessante. Comecei todo o processo e depois deu tudo certo. Recebi algumas ligações e fui dando sequência.

A plataforma advoga a favor dos voluntários e acho que se voluntariando fica mais fácil testar a eficiência da vacina. Acho isso super importante.

A gente às vezes pensa, fica com medo, mas foi um risco calculado e pensando no bem-estar, sabe? Por que eu continuo trabalhando todos os dias, me expondo, então acho que não será algo em vão.

E acredito que ainda vai demorar e, provavelmente, nós brasileiros vamos demorar a sermos chamados. Talvez os voluntários de outros países, em que a vacina está sendo desenvolvida, sejam chamados primeiro do que a gente. Acho que essa decisão foi importante, benéfica e optei por ajudar as pessoas."