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Alguns alimentos podem viciar: entenda como e conheça os mais perigosos

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Imagem: iStock

Jhennifer Moisés

Colaboração para o VivaBem

15/04/2020 04h00

Aquela vontade de quero mais, o preparo que dá para comer sem parar. Quem nunca se sentiu assim com algum alimento? Pois é uma sensação respaldada pela ciência: "quando se fala que uma pessoa é viciada em um alimento é porque muitos componentes acabam causando sensação de bem-estar e isso faz com que o cérebro conecte essa sensação ao alimento, fazendo com que esse comportamento vire um hábito", explica Vivian Ragasso, nutricionista do Instituto Cohen.

Tanto que um estudo identificou que alguns alimentos —denominados palatáveis, ou seja, aceitáveis mais facilmente pelo paladar — atuam em vários mecanismos psicológicos e como eles podem ser viciantes, dependendo da combinação de ingredientes, o que evidencia como pessoas comem por prazer ou motivadas por recompensas sensoriais.

Nessa lista de alimentos hiperpalatáveis entram guloseimas como chocolate, lanches de fast-food, sorvete, salgadinho de pacote, biscoito recheado, batata frita processada, refrigerantes, bolos com cobertura e recheio, cupcakes e cookies, entre outros itens recheados de açúcar, sal e/ou gorduras.

Cérebro: o chefe de tudo

O comandante de todas as reações não poderia ser outro. E, no caso da alimentação, a satisfação é desencadeada pelo sistema límbico, associado à recompensa. "Nós produzimos vários neurotransmissores, mas dois, a serotonina e a dopamina, desencadeiam sensação de prazer e o que se sabe é que alguns alimentos os estimulam, como os ricos em açúcar e gordura", afirma Roberto Navarro, nutrólogo e clínico geral.

Fast-food é um exemplo claro do que pode trazer aquele sentimento reconfortante e de alegria ao comer, mesmo que seja algo momentâneo. Afinal, esse tipo de comida reúne todos os elementos que fazem o cérebro responder rapidamente.

"As pessoas podem se tornar viciadas à liberação de dopamina que a alimentação proporciona. Os indivíduos mais suscetíveis a isso são aqueles que procuram contrabalancear o estresse da vida, estão preocupados, ansiosos, que trabalham muito ou dormem mal, ou seja, pessoas que carecem de prazer e de lazer", conclui Saulo Nardy, neurologista do Hospital Albert Einstein.

Tudo isso só reforça o que ciência já vem investigando há muito tempo: as reações químicas provocadas pelo o que se come. Afinal, nutrir-se vai muito além do corpo e gera impactos na mente. Por conta das recompensas, prazer e bem-estar, que a alimentação mais palatável propicia, viciar pode ser o destino de quem encontra na comida um refúgio para outras questões.

Problema vem com o descontrole e excesso

Devorar um lanche com hambúrguer suculento, queijo e molho, acompanhado por batatas fritas e, ainda, pedir uma sobremesa depois é muito prazeroso e não faz mal apreciar uma refeição assim de vez em quando. No entanto, vale lembrar que essa felicidade é momentânea, o que leva facilmente a um descontrole buscando por mais e mais, e acabam chegando ao excesso: que vem acompanhado por culpa.

Até porque, exagerar nesses itens podem trazer diversos problemas de saúde, como taxas altas de glicemia (que podem evoluir para o diabetes), excesso de sódio (que pode desencadear futuramente uma hipertensão), colesterol e triglicérides desregulados (que podem evoluir para problemas cardiovasculares), entre outros.

"Por isso, se o consumo for feito descontroladamente, prejudica a saúde e a felicidade, que são justamente os problemas que a gente mais tem visto na nossa sociedade atual", pontua Julio Pereira, neurocirurgião da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo.