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Comer chocolate com exagero faz mal; veja como não arriscar a sua saúde

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Imagem: iStock

Sibele Oliveira

Colaboração para o VivaBem

11/04/2020 04h00

Resumo da notícia

  • O excesso de açúcar e gordura contidos nos chocolates pode causar problemas digestivos
  • Se consumido por um longo tempo, o alimento pode dar origem a doenças como diabetes e dislipidemias
  • O ideal é consumir entre 25g e 50g de chocolate por dia. Isso vale para pessoas que não têm problemas de saúde e não estão de dieta
  • Por outro lado, o chocolate amargo, se consumido em pequena quantidade, faz bem para saúde
  • A recomendação é comprar chocolates que tenham pelo menos 60% de cacau em sua composição

Chocolate é um dos doces mais aclamados pelas pessoas. Mas comer essa iguaria à vontade tem um preço. Além dos quilos a mais na balança, o consumo exagerado pode fazer mal à saúde. "A quantidade de gordura e açúcar que tem no chocolate pode trazer malefícios para pessoa que o ingere em excesso", resume Clarissa Fujiwara, nutricionista do Departamento de Nutrição da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).

É difícil ficarmos satisfeitos com um pedaço pequeno de chocolate quando temos um mundo de sabores à nossa espera. Mas quando cedemos ao exagero, o nosso corpo logo reclama. "As consequências imediatas para a saúde são relacionadas a comer um alimento muito calórico que normalmente traz também uma grande quantidade de gordura. Isso pode causar problemas digestivos", explica Marcella Garcez, nutróloga e diretora da ABRAN (Associação Brasileira de Nutrologia). E são vários. Desde sobrecarregar o fígado, provocar náuseas, enjoos, refluxo gastroesofágico e gastrite e até causar intoxicação alimentar. A indisposição gástrica costuma castigar mais as crianças e também é maior nos dias quentes.

Mas os danos à saúde causados por essas delícias vão além de um mal-estar passageiro. Segundo Garcez, comer chocolate até se esbaldar em longo prazo pode trazer consequências metabólicas mais sérias, por causa do açúcar e da gordura presentes nele —o que é agravado ou não conforme as outras características da sua alimentação. A alta ingestão de açúcar —que sabemos que também está presente em mais alimentos do nosso dia a dia — pode levar a pessoa a desenvolver resistência insulínica, pré-diabetes e, posteriormente, diabetes. E quando chega-se ao estágio dessa doença, o açúcar que se acumula no sangue pode afetar os olhos, os rins, os nervos, o coração e os vasos sanguíneos.

Já as gorduras saturadas contidas no alimento —e em muitos outros itens do nosso dia a dia— levam ao desenvolvimento de dislipidemias. Ou seja, pode haver um aumento do LDL (o colesterol ruim), redução do HDL (o bom colesterol) e elevação dos triglicerídeos. Isso faz com que a pessoa aumente as chances de ter aterosclerose (entupimento das artérias), ataques cardíacos, AVC (acidente vascular cerebral) e outros problemas.

Consumo moderado faz bem

Não significa que o chocolate seja um vilão. Nem que a gente tenha que se privar do prazer de derretê-lo na boca. O problema é comer um tabelete ou ovo de páscoa inteiro ou quase todo de uma vez. Já uma porção pequena (25 g ao dia) faz bem para a saúde, por causa das propriedades do cacau -portanto, quanto maior o percentual de cacau, melhor.

Ele contém compostos bioativos que apresentam ação antioxidante. Como as antocianinas que inibem a liberação de espécies reativas de oxigênio, diminuem a peroxidação lipídica mediada por radicais livres e reduzem a oxidação das partículas de LDL-colesterol. O cacau também contém catequinas, que têm efeito cardioprotetor (como redução da pressão arterial e inibição da captação de LDL-colesterol oxidado) e anti-inflamatório. Os polifenóis do cacau também têm ação estimulante e cognitiva, pela liberação de neurotransmissores.

Mas como já avisamos, esses benefícios são uma exclusividade dos que têm pelo menos 60% de cacau, ou seja, os amargos —e a maioria dos chocolates ao leite que encontramos no supermercado tem bem menos do que isso. A quantidade recomendada também costuma decepcionar os amantes do alimento. Estudos e organizações de saúde dizem que o ideal é que um adulto coma entre 25 g e 50 g de chocolate por dia, o que equivale a mais ou menos uma barra pequena ou quatro quadradinhos do alimento. Isso para pessoas fisicamente ativas, sem problemas de saúde e que não estão preocupadas em ganhar peso.

Fujiwara diz que o ideal mesmo é consumirmos 25 g por dia. A nutricionista acrescenta que crianças abaixo de dois anos não devem comer doces, incluindo chocolates. E orienta uma quantidade em torno de 15 g para as maiores. Por isso, os ovos de páscoa pequenos que vêm com um brinquedo dentro são uma opção interessante para elas. Mas não são apenas as crianças que precisam tomar cuidado com o alimento. Quem tem sensibilidade à cafeína também deve evitá-lo. Assim como quem tem enxaqueca, já que a substância feniletilamina está presente no cacau e pode causar a dor de cabeça em algumas pessoas.

Como escolher seu chocolate

Antes de comprar, é bom dar uma olhada nos ingredientes que constam na embalagem. Garcez diz que devemos escolher os que têm o cacau como o primeiro item da lista. "Os mais adocicados trazem o açúcar como primeiro item da lista de ingredientes. Eles até têm uma quantidade de cacau, mas o açúcar é o mais prevalente. Em termos de benefícios, ficam comprometidos. Já as versões mais amargas, que trazem como primeiro item da lista de ingredientes o cacau ou a massa de cacau, são os que têm funcionalidades", instrui.

E se você é o tipo de pessoa que desconta as insatisfações que têm na vida no chocolate e não se dá conta de que está comendo mais do que deveria, é preciso prestar atenção nisso. A sugestão de Fujiwara é degustar o chocolate, mantendo-o na boca sem engolir rápido. Deixar o alimento à vista não é uma boa ideia, pois o estímulo visual cria ainda mais vontade de devorá-lo.

Confira as diferenças entre os tipos chocolates

  • Branco: feito com manteiga de cacau, leite, açúcar e outros ingredientes, é considerado popularmente um tipo de chocolate, mesmo sem ter a massa de cacau. Não apresenta as propriedades nutricionais do chocolate, que é feito com massa de cacau ou cacau em pó. E é o mais nocivo à saúde porque tem mais gordura do que os outros tipos de chocolate.
  • Ao leite: fabricado com cacau, leite, açúcar e outros ingredientes. Segundo a resolução da Anvisa, o chocolate ao leite precisa ter, no mínimo, 25% de sólidos totais do cacau.
  • Amargo: produzido com pelo menos 50% de massa de cacau, geralmente é feito com pouco ou nenhum leite. É o único considerado saudável. Quanto maior o teor de cacau, mais benéfico ele será à saúde.
  • Diet ou zero açúcar: preparado sem açúcar, mas com uma quantidade de gordura equivalente aos demais.
  • Light: tem 25% de redução de algum ingrediente, que reduz a carga calórica.
Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o chocolate diet não é indicado para quem tem diabetes. O texto foi corrigido.