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Tomar muito antibiótico na infância pode causar problemas de saúde?

Daniel Navas

Colaboração para o VivaBem

03/03/2020 04h00

Sim. O uso frequente destes medicamentos pode levar a mudanças na flora intestinal do pequeno que duram por muitos anos. A consequência são quadros constantes de diarreia, dores estomacais, náuseas e vômitos. Além disso, o excesso de antibióticos também pode causar, na vida adulta, doenças infecciosas, alergias, distúrbios autoimunes e até mesmo a obesidade.

O que ocorre é que esses medicamentos afetam microrganismos que povoam o intestino, responsáveis pela digestão adequada e que também servem como um apoio para manter o sistema imunológico forte. Então, quando essas bactérias do bem não trabalham direito, e por muito tempo, acabam desencadeando distúrbios em curto e longo prazos.

Outro problema bastante sério que o excesso de antibióticos pode causar, inclusive nos adultos, é o desenvolvimento de bactérias cada vez mais difíceis de tratar. Esse processo, chamado de resistência bacteriana ou resistência a antibióticos, indica que os microrganismos se tornaram imunes a este medicamento específico. Então, o tratamento fica ainda mais complexo para atingir bons resultados.

Os antibióticos precisam ser indicados somente por um médico e, geralmente, são necessários apenas para o tratamento de certas infecções causadas por bactérias. Alguns exemplos dessas doenças são: pneumonia, infecção urinária e determinadas otites (inflamação no ouvido). É válido saber que não existe o conceito de antibiótico forte, fraco, novo ou antigo. Cada um tem suas características e diferenças, todos são muito eficazes se forem indicados adequadamente e para tratar as bactérias apropriadas. É muito importante que a infecção seja causada por esses microrganismos, caso contrário, o efeito será nulo.

Para evitar que a criança tenha que tomar antibióticos constantemente, é preciso seguir algumas regrinhas:

  • Mantenha as vacinas sempre atualizadas. Essa é a melhor forma de prevenir doenças, além de também reduzir as visitas ao Pronto Atendimento e o uso do medicamento;
  • Vá ao pronto-socorro apenas em situações de urgência e emergência. Sempre que possível, procure o pediatra para que o pequeno seja avaliado em caso de febre ou infecção leve. Ao frequentar o pronto-socorro, as chances da criança receber algum antibiótico são muito maiores, pois o médico de plantão não conhece o histórico do paciente e não poderá fazer o acompanhamento evolutivo da doença e do tratamento;
  • Grande parte das infecções respiratórias (incluindo de garganta, otites e pneumonias) são causadas por vírus. Portanto, não pressione o médico para prescrever antibióticos se o pequeno apresentar sintomas que indiquem uma infecção viral;
  • Sempre siga as recomendações do pediatra. Não altere a duração ou dosagem do tratamento com antibióticos sem orientação.

Fontes: Daniel Jarovsky, infectologista do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo, Marcelo Lancellotti, professor associado da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Mariana Sato de Souza de Bustamante Monteiro, professora da Faculdade de Farmácia da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

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