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Depressão está ligada a excesso de gordura corporal, diz estudo

Aumento de gordura no corpo causa efeitos psicológicos que aumentam o risco de desenvolver depressão, aponta novo estudo - Getty Images
Aumento de gordura no corpo causa efeitos psicológicos que aumentam o risco de desenvolver depressão, aponta novo estudo Imagem: Getty Images

Do UOL VivaBem, em São Paulo

29/08/2019 14h57

Há algum tempo os cientistas já sabem que os quilos a mais na balança aumentam os riscos de desenvolver inúmeras doenças: diabetes, problemas cardiovasculares e até câncer. Um novo estudo feito por pesquisadores da Aarhus University, na Dinamarca, adiciona mais uma enfermidade a essa lista: a depressão.

De acordo com o estudo, publicado no periódico Translational Psychiatry, dez quilos a mais de gordura corporal aumentam o risco de desenvolver depressão em 17%. Quanto mais gordura acumulada, maiores são as chances de desenvolver a doença.

A análise mostrou, no entanto, que a relação da depressão com a gordura está ligada aos efeitos psicológicos e emocionais que o excesso de peso causa na vida da pessoa, e não o efeito biológico direto da gordura no corpo.

Isso ficou claro especialmente após eles notarem que a localização da gordura - que geralmente é mais perigosa quando se acumula na região abdominal — não fez diferença no aparecimento da depressão.

De acordo com Søren Dinesen Østergaard, um dos autores do estudo, as análises anteriores sobre essa ligação utilizavam o IMC para medir obesidade.
O problema é que essa medida é baseada apenas no peso e na altura do indivíduo e, portanto, é considerada bastante generalista, pois não leva em conta, por exemplo, os índices de massa magra ou de gordura no corpo.

Por isso, o estudo focou em relacionar especificamente a quantidade de gordura com o risco de depressão.

Como o estudo foi feito?

  • Cientistas analisaram dados de dois grandes bancos genéticos: o UK Biobank, que reúne dados sobre a correlação entre variantes genéticas e medidas físicas (incluindo massa de gordura corporal distribuída em partes do corpo); e o Psychiatric Genomics Consortium, que contém informações sobre a correlação entre variações genéticas e depressão.
  • Juntos, os dois bancos de dados ofereceram informações de mais de 800 mil indivíduos.
  • Os médicos então analisaram as informações de diversos indivíduos para checar se os que haviam recebido uma variante genética para o aumento da gordura corporal também tinham riscos de possuir alguma variante que aumentasse o risco de desenvolver depressão.

Por que isso é importante?

A descoberta é especialmente importante para que o aspecto psicológico da obesidade seja cada vez mais debatido e tratado em um mundo que possui atualmente cerca de 40% da sua população adulta acima do peso - o que é considerado por muitos médicos como uma epidemia de obesidade.

O time envolvido na pesquisa reforçou ainda que é importante falar sobre as consequências psicológicas da obesidade sem recorrer a estereótipos e sem estigmatizar ainda mais o problema, o que poderia aumentar ainda mais os riscos de desenvolver a doença e desestimular as pessoas a procurarem ajuda.