"Após um sequestro e a morte do meu pai cheguei a pesar mais de 200 kg"

Gustavo Victor, 33 anos, ainda sofria as consequências de um sequestro na adolescência, quando seu pai faleceu de forma repentina. A depressão levou o professor de inglês a pesar 200 quilos. Há dois anos ele decidiu virar o jogo e conta como conseguiu eliminar mais de 100 quilos:
Tive dois períodos muito difíceis na minha vida que me levaram a engordar. Aos 18 anos, eu e minha família fomos sequestrados e mantidos em cativeiro. Sofri ameaças e agressões físicas. Quando o pesadelo passou, fiz acompanhamento com um psiquiatra por seis meses e como sempre fui gordinho e tinha uma alimentação desregrada, engordei mais. Vários amigos se afastaram e como forma de me sentir mais seguro, decidi estudar inglês em Londres. Não me pesava e nem percebia que estava 'grande'. Na viagem, a aeromoça me ofereceu um extensor de cinto de segurança, não sabia que aquilo existia e que mais ninguém ao redor precisava. Foi um baque.
Porém, em meio a isso, meu pai teve um infarto. Pouco tempo depois, ele sofreu um AVC hemorrágico e faleceu aos 57 anos. Ele tinha uma vida saudável e mantinha os exames sob controle. Eu tinha 24 anos e foi difícil acompanhar o luto da minha mãe e enfrentar meu próprio sofrimento. Mergulhei na depressão, comia ainda mais e ganhei peso ano a ano.
Viajar, comprar roupas que me coubessem era impossível e eu evitava ao máximo. Subir alguns lances de escada era horrível. Um dia estava em uma festa e uma cadeira dessas de plástico se quebrou. Foi o ponto decisivo para acordar: se eu não fizer algo, vou morrer jovem como meu pai. Como não me pesava, acho que cheguei a passar dos 200 quilos.
Decidi que o dia do meu aniversário, em janeiro de 2015, seria a data da mudança. Nesse momento, estava com 194 quilos e confesso que procurei a maneira mais 'fácil' de emagrecer que era a cirurgia bariátrica. Porém, a médica alertou que seria necessário emagrecer ao menos 15 quilos para operar.
Por 45 dias, tomei um medicamento para me auxiliar. Foi horrível! Afetou muito meu humor e perdi muito cabelo. Não tinha apetite e, de fato, emagreci. Foram 20 quilos após um mês de tratamento, mas o preço era alto demais. Me animei e desisti da cirurgia, pensei: 'Se consegui emagrecer tanto, vou conseguir ainda mais e usando dessa vez a minha força'. A médica suspendeu o remédio e me encaminhou para uma nutricionista.
Reeduquei minha alimentação, procurei uma psicóloga e um personal trainer para me dar força e apoio nessa transformação. Como tinha mobilidade reduzida por causa do peso, por quatro meses fiz dieta e caminhada de quatro a cinco vezes por semana. Tinha muita vergonha, já que nenhuma roupa esportiva me servia. Quando cheguei aos 160 quilos, me senti mais confiante, me matriculei em uma academia e iniciei os treinos de força.
Descobri no esporte a força para ficar em paz
Hoje, com 94 quilos, meu foco é força e ganho de massa muscular para dar conta das corridas. É muito complicado, psicologicamente falando, ver os números da balança aumentarem e não associar diretamente com gordura, já que é o peso dos músculos aparecendo...
Acordo todo dia 4h40 da manhã para chegar às 6h na academia e treino sete vezes por semana. Conciliar a vida social é uma barreira, mas encaro como uma consequência de mudar o estilo de vida. Sigo no foco do meu próximo objetivo: fazer mais meias maratonas e, em janeiro de 2019, disputar a maratona da Disney, nos Estados Unidos.
‘Acredite na força dos seus pensamentos’ é algo que sempre digo quando me perguntam como perder peso ou chegar mais longe nos objetivos. A força da mudança vem de dentro, não adianta ninguém te dizer o que fazer. Até brinco que odiava salada e legumes com todas as minhas forças. E o foco me fez insistir tanto que, hoje em dia, não vivo sem.
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