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Verão não deve conter avanço do novo coronavírus, diz estudo

Coronavírus - Getty Images
Coronavírus Imagem: Getty Images

Da AFP, em Washington (EUA)

18/05/2020 21h19

É improvável que as temperaturas mais altas do verão, que se aproxima no hemisfério norte, limitem significativamente o avanço da pandemia do novo coronavírus, de acordo com um estudo da Universidade de Princeton publicado hoje na revista Science.

Vários estudos estatísticos realizados nos últimos meses mostraram uma ligeira correlação entre o clima e o novo coronavírus - quanto mais quente e úmido, menor a probabilidade de o vírus se espalhar.

As descobertas são preliminares e pouco se sabe sobre a relação exata entre clima e covid-19. O estudo de Princeton não descarta totalmente a correlação, mas conclui que o impacto do clima na propagação do vírus é "modesto".

"Nossas descobertas sugerem que, sem medidas de controle eficazes, surtos fortes provavelmente vão ocorrer em climas mais úmidos e o clima do verão não limitará substancialmente o crescimento da pandemia", afirmou o estudo.

"Prevemos que climas mais quentes ou mais úmidos não desacelerem o vírus no estágio inicial da pandemia", disse Rachel Baker, pesquisadora de pós-doutorado no Instituto Ambiental de Princeton (PEI).

Embora o clima, principalmente a umidade, tenha um papel importante na disseminação de outros coronavírus e da gripe, o estudo mostrou que um fator mais importante é a ausência de imunidade generalizada para a covid-19.

"Vemos alguma influência do clima no tamanho e época da pandemia mas, no geral, por haver tanta suscetibilidade na população, o vírus se espalhará rapidamente, independentemente das condições climáticas", disse Baker.

Baker disse que a propagação do vírus observada em países como Brasil, Equador e Austrália indica que condições mais quentes representam pouco para deter a pandemia.

"Não parece que o clima esteja regulando a propagação no momento", disse Baker.

Sem medidas fortes de contenção ou uma vacina, o coronavírus pode continuar infectando uma grande proporção da população mundial, disseram os pesquisadores, e só se tornar sazonal mais tarde, "depois que a quantidade de hospedeiros não expostos for reduzida".

"Os coronavírus que circulavam anteriormente, como o resfriado comum, dependem fortemente de fatores sazonais, atingindo o pico no inverno fora dos trópicos", disse o coautor Bryan Grenfell, professor de ecologia e biologia evolutiva do PEI.

"Se, como parece provável, o novo coronavírus é igualmente sazonal, podemos esperar que ele se torne um vírus de inverno, pois se torna endêmico na população", disse Grenfell.

Para o estudo, os pesquisadores realizaram simulações sobre como a pandemia responderia a vários climas. Eles executaram cenários com base no que se sabe sobre o efeito que as variações sazonais têm em vírus semelhantes. Nos três cenários, o clima só se tornou um fator atenuante quando grandes porções da população humana estavam imunes ou resistentes ao vírus.

"Quanto maior a imunidade da população, mais esperamos que a sensibilidade ao clima aumente", disse Baker.