Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Toda forma de conexão, inclusive com quem já partiu, vale a pena
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Estamos na semana de finados, o dia em que paramos para homenagear nossos amados que já partiram. O dia em que os cemitérios do mundo todo são mais frequentados e se enfeitam de flores e amor. Em muitos deles vemos até músicas lindas que encantam as visitas e acolhem o coração de quem sente falta de seus entes queridos. Uma data comemorada há séculos especialmente pelos católicos. Um dia dedicado a homenagear e se sentir mais pertinho de quem a gente ama.
Todas as homenagens são importantes e todo conforto é válido para quem sofre de saudades. Um momento em que nos sentimos cuidando e nos conectando com quem perdemos. Já falamos sobre isso algumas vezes no nosso site "Vamos Falar Sobre o Luto". O último post, que muito me emocionou, foi escrito por Cynthia Almeida e publicado nessa semana.
Porém, minha experiência me leva para uma convivência mais diária com meus lutos. Todos os dias me sinto tentando me conectar com minha mãe, meu pai e meu filho Paulo, que já não estão mais aqui. Faço isso de diferentes maneiras, como pelo pensamento, em meus sonhos ou mesmo escrevendo para eles, hábito que adquiri frequentando o centro espírita.
Gostaria de contar o quanto esse hábito de escrever tem o poder de ajudar e confortar, independentemente da religião escolhida ou mesmo da ausência dela. Ao escrever, mesmo que um simples bilhetinho, me sinto ouvida, acolhida e próxima a eles.
Tem dias em que escrevo pedindo ajuda para alguma situação difícil que eu estou passando. Muitas e muitas vezes eu falo o quanto gostaria de saber que eles estão juntos, pelo fato de meus pais terem cuidado muito do Paulo quando ainda estavam por aqui. Nada me deixa mais em paz do que imaginá-los juntos. Mas o que mais faço mesmo é agradecer a nossa convivência, os aprendizados e a nossa ligação eterna.
Escrever constantemente para quem partiu nos traz a sensação de que continuamos juntos. Como se seguíssemos sabendo uns dos outros. Também faço perguntas para eles e tento sentir sua presença e respostas.
Em recente entrevista para a Revista Gama, o filósofo Mario Sergio Cortella fala sobre seu hábito de conversar com seus amigos que já partiram, tanto quanto os que estão por aqui: "Não tenho só amigos vivos, tenho vários que já se foram e que continuam comigo. Em vários momentos tenho desejos de conversar, e converso como se cá estivessem".
Que bem me fez ler esse trecho da entrevista, em que um intelectual se deixa conversar com quem partiu. Isso só me mostra que o amor não tem fronteiras e não pretende ter razão. Que cada um de nós tem seu jeito próprio de se sentir perto de quem se ama, de expressar o infinito afeto sem barreiras entre quem partiu e quem ficou.
Fecho essa reflexão dividindo com vocês uma poesia da Camila Jabur, que recebi de um amigo essa semana e que me trouxe um enorme conforto no coração, ao me conectar imediatamente com meu filho e meus pais:
Ainda que longe
Meu Céu, teu Céu
O mesmo
Uma poesia que nos traz a imensa esperança de não perdermos quem tanto amamos e a fé de que, de alguma forma, dividimos o mesmo mundo. Um mundo de amor infinito e eterno.
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