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Rico Vasconcelos

A responsabilidade do próximo prefeito de SP na luta contra o HIV

spukkato/Istock
Imagem: spukkato/Istock

Colunista do UOL

27/11/2020 04h00

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No próximo domingo, dia 29 de novembro, ocorre o segundo turno das eleições que vão escolher o prefeito de 57 cidades no Brasil. Em São Paulo, independente de quem for o candidato escolhido, desde já posso listar uma série de expectativas para seu mandato, tanto de melhora daquilo que não está indo bem quanto para a manutenção dos projetos bem-sucedidos do município.

O enfrentamento da epidemia de HIV/Aids é uma das áreas em que tenho o orgulho de dizer que o poder público paulistano tem feito um bom trabalho.

Nas últimas décadas a capital paulista vem dando exemplos para as demais metrópoles do país na gestão dessa epidemia. Foi assim com a criação do programa pioneiro de saúde pública voltado especificamente para o HIV, com as várias parcerias com ONGs que atuam com populações mais vulneráveis e em todas as vezes que a cidade saiu na frente na incorporação de tecnologias para controle dos novos casos de HIV e de mortes em decorrência dessa infecção.

Em 2015, por exemplo, Fernando Haddad foi um dos 300 prefeitos do mundo signatários da Declaração de Paris, uma carta de compromisso de parceria com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS) para garantir no município a implementação de uma série de ações que objetivam o controle da epidemia até 2030. Três anos depois, já no mandato de Bruno Covas, de maneira acertada esse compromisso foi renovado.

A sequência de gestões municipais transversalmente comprometidas com o tema fez com que em 2019 a cidade recebesse o certificado de erradicação da transmissão materno infantil do HIV, feito inédito no mundo para um município dessa dimensão.

No mesmo ano, depois de um longo trabalho de educação e expansão do acesso aos componentes da Prevenção Combinada, como testagem rápida, PrEP, PEP e Tratamento como Prevenção, São Paulo conseguiu reduzir os casos novos de HIV de forma inédita em 18% em apenas um ano.

Agora em 2020, São Paulo foi uma das cidades escolhidas para estrelar, juntamente com Atlanta, Bancoc, Kiev, Londres e Nairóbi, o documentário Fast track cities - Making Progress, Changing Lives, o que poderia ser livremente traduzido como "Cidades que aceleraram sua resposta ao HIV - Alcançando progressos e transformando vidas". A produção de 45 minutos emociona ao descrever o que cada uma dessas metrópoles está fazendo para atingir os objetivos da Declaração de Paris e vencer a epidemia de HIV/Aids.

Se por um lado todos esses dados são animadores e merecem ser comemorados, por outro é preciso que fique claro que dependemos ainda de muito empenho para que nossas conquistas não sejam perdidas nos próximos anos. Da mesma forma que um ciclista precisa de força na pedalada para não deixar a bicicleta cair e, assim, conseguir chegar onde deseja.

Não podemos, portanto, interromper a ampliação do acesso à PrEP, PEP, diagnóstico e tratamento do HIV. Sei que estamos agora no meio de uma pandemia de covid-19 que deixou todos exaustos, mas perder o fôlego agora poderá fazer a cidade voltar muitas casas nas conquistas obtidas nos últimos anos.

Por isso, eu peço ao prefeito eleito no próximo domingo, 2 dias antes do Dia Mundial de Luta Contra o HIV, que tenha muita força nas pernas para continuar enfrentando a epidemia de HIV/Aids em São Paulo. E lembro a ele que nós paulistanos já mostramos que podemos ajudar nisso, só precisamos de um gestor que esteja a fim de fazer o que é preciso.

Conte conosco e com a ciência para que essa área continue sendo premiada ano após ano, até que um dia alcançaremos o fim dessa epidemia.