Não importa o tipo de bebida: o álcool faz mal e eleva risco de câncer

Durante anos, a indústria do álcool ajudou a difundir a ideia de que o uso moderado de bebidas alcoólicas poderia fazer bem à saúde. Nas últimas décadas, no entanto, evidências científicas têm mostrado que não há nível seguro de consumo de álcool, que está associado, segundo a OMS, a mais de 60 doenças, entre elas o câncer.
De fato, a substância aumenta o risco de câncer de orofaringe, laringe, esôfago, colorretal, fígado e mama (nas mulheres). Alguns estudos mostram que beber mais de três doses por dia também aumenta a probabilidade de desenvolver câncer de estômago, pâncreas e próstata.
Quanto menor o consumo de álcool, menor o risco de câncer, afirma o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), um dos órgãos que ajudam a definir políticas públicas de saúde nos Estados Unidos.
Não importa qual a bebida escolhida para consumo, qualquer quantidade de cerveja, vinho ou destilado aumenta a probabilidade de desenvolver determinados tipos de câncer. Esse risco é dose-dependente, o que significa que ele cresce conforme a ingestão de álcool aumenta.
Quando ingerimos bebidas alcoólicas, o fígado metaboliza o etanol e o converte em acetaldeído, que é tóxico para o organismo e carcinogênico, pois provoca danos no DNA que podem fazer com que determinadas células cresçam desordenadamente, formando tumores.
É importante salientar que há outros fatores que podem tornar as pessoas mais ou menos propensas a desenvolver câncer, como sedentarismo, obesidade, alimentação, idade, tabagismo e, claro, genética.
Assim, para interpretar o aumento de risco de uma pessoa desenvolver determinada doença, deve-se sempre considerar os fatores individuais.
Para quem não quer parar de beber, é orientado como estratégia de redução de danos o consumo moderado de álcool, definido pelo CDC como uma dose ou menos de bebida por dia para mulheres e duas doses ou menos por dia para homens.
Oito doses ou mais por semana para mulheres e 15 doses ou mais por semana para homens é considerado uso excessivo e abusivo de álcool; quatro doses ou mais para mulheres e cinco doses ou mais para homens em uma única ocasião também é nocivo à saúde.
Mas, afinal, como definir uma dose de álcool, já que bebidas diferentes contêm quantidades distintas da substância?
Segundo o CDC, uma dose de bebida alcoólica pode ser definida como 355 ml de cerveja, 148 ml de vinho e 44 ml de destilados, como cachaça e vodka.
A OMS arredondou a conta e estabeleceu como uma dose 350 ml de cerveja (uma latinha padrão da bebida), 150 ml de vinho e 45 ml de destilados.
As culturas ocidentais não apenas toleram o consumo de álcool, como o incentivam de muitas maneiras. Como resultado, o uso abusivo da substância tornou-se um problema de saúde pública grave na maioria dos países ocidentais, com repercussões nas taxas de homicídios, violência doméstica, acidentes e inúmeras doenças.
No Brasil, somos muito mais tolerantes com o álcool do que com outras drogas psicoativas. Assim, nos casos em que a abstinência total não for desejável, consumir quantidades moderadas de álcool ajuda a reduzir o risco de câncer e outras doenças associadas à substância.
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