Mariana Varella

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Reportagem

Brasil tem aumento na taxa de suicídios; automutilações também cresceram

As taxas de suicídio e automutilação vêm crescendo no Brasil, segundo um estudo publicado na revista científica "Lancet" em fevereiro. A pesquisa foi realizada pela Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos, em parceria com a Fiocruz Bahia.

O Brasil teve mais de 147 mil suicídios entre 2011 e 2022, o que representa uma alta de 3,7% na taxa de suicídio no período.

O país também apresentou um aumento de 21,1% no número de automutilações, que cresceram 9 vezes no período analisado.

Na população geral, o suicídio foi quatro vezes mais frequente em homens do que em mulheres, embora as notificações tenham sido duas vezes mais comuns em pessoas do sexo feminino. Homens de 25 a 59 anos são os que mais cometem suicídio no país.

A pesquisa também revelou que os indígenas foram os mais afetados entre todas as populações analisadas.

Para se ter uma ideia, em 2022 a taxa de suicídio entre indígenas foi mais que o dobro da taxa de suicídio entre os brancos e quase três vezes mais alta do que entre os negros.

De acordo com o estudo, os indígenas também são os que mais sofrem com ferimentos autoprovocados, embora sejam os que menos chegam aos hospitais por esse tipo de lesão.

Os resultados do estudo reforçam a extrema vulnerabilidade de indígenas ao suicídio e à automutilação no Brasil, principalmente entre homens de 10-24 anos e residentes nos estados do Amazonas e Mato Grosso do Sul.

Suicídio no Brasil e no mundo

O suicídio é um problema de saúde pública multicausal, que sofre influência de fatores sociais, econômicos, raciais, etários, culturais, psicológicos, entre outros.

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Cerca de 700 mil pessoas tiram a própria vida todos os anos no mundo, o que representa 1,3% de todas as mortes ocorridas em 2019.

Embora a taxa global de suicídio tenha diminuído em quase todo o mundo, o Brasil, assim como outros países da América Latina, como Uruguai, Argentina e México, apresentou um aumento nos casos de suicídio.

Assim, o Brasil vai na contramão de grande parte dos países, e trata com descaso as populações indígenas.

A falta de acesso a serviços de saúde pelos indígenas é um problema que o país ainda não conseguiu enfrentar.

De acordo com o boletim que monitora o orçamento da saúde indígena, realizado pelo Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e pela Umane, entre 2013 e 2023 a saúde indígena sofreu um corte de recursos no valor de 253 milhões de reais.

É urgente que o país priorize o direcionamento de recursos financeiros e planeje estratégias que visem reduzir os fatores de risco associados ao suicídio e o limitado acesso a cuidados de saúde mental.

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Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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