Mariana Varella

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Saia da cadeira! Caminhar por 15 minutos já reduz risco de infarto e AVC

Passar muitas horas do dia sentado é prejudicial à saúde e aumenta o risco de morte, em especial por doenças cardiovasculares (como infarto e AVC). No entanto, movimentar-se por ao menos 15 minutos diariamente parece reduzir os prejuízos que a "cadeira" traz para a saúde.

É o que afirma um grande estudo realizado em Taiwan com quase meio milhão de pessoas e publicado na semana passada no "JAMA Network Open".

A pesquisa utilizou dados de um programa de check-up bianual feito entre 1996 e 2017 com homens e mulheres com 20 anos ou mais. A idade média do grupo era de 39 anos.

Os participantes responderam perguntas sobre estilo de vida, nível de atividade física e tempo gasto por dia sentados no trabalho. Os entrevistados foram então separados em três grupos, com base no tempo que passavam sentados:

  • Grupo 1: maior parte do tempo sentado;
  • Grupo 2: tempo alternado entre a posição sentada e em movimento;
  • Grupo 3: maior parte do tempo não sentado.

Depois de controlar fatores como IMC, tabagismo, consumo de álcool, sexo e idade, o estudo revelou que os indivíduos na categoria "maior parte do tempo sentado" tinham um risco 16% maior de morte precoce e uma probabilidade 34% mais alta de morte por doença cardiovascular do que aqueles do grupo "maior parte do tempo não sentado".

O risco aumentado foi observado em todos os subgrupos, incluindo homens, mulheres, pessoas mais velhas, mais jovens, fumantes e não fumantes. Os achados reforçam aquilo que especialistas vêm afirmando há anos:

É preciso reduzir o tempo sentado e aumentar a quantidade de atividade física diária para diminuir o risco de morte.

Alguns resultados, no entanto, surpreenderam os pesquisadores. O grupo que intercalava o tempo sentado e o tempo realizando alguma atividade física não apresentou risco de morte mais elevado do que o grupo mais ativo.

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Portanto, a atitude que mais traz riscos à saúde é passar muito tempo sentado sem se movimentar. Por outro lado, alternar o tempo na cadeira com atividades físicas reduz esse risco.

Realizar atividades físicas durante 15 a 30 minutos por dia, o que os autores do estudo chamaram de "atividade física no lazer", foi suficiente para reduzir o risco daqueles que passavam a maior parte do dia sentados.

Embora estudos retrospectivos, como esse, não sejam o melhor nível de evidência científica, os resultados da pesquisa taiwanesa corroboram o que dezenas de outros estudos recentes vêm mostrando: ficar muito tempo em inatividade faz mal à saúde.

Perigos do sedentarismo

A inatividade física está associada a vários tipos de câncer, obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, osteoporose, entre outros. Em contrapartida, a cada ano, a ciência descobre mais benefícios da atividade física para a saúde física e mental.

Os exercícios físicos melhoram a capacidade cardiorrespiratória, ajudam a controlar o peso corpóreo, auxiliam na manutenção do sistema músculo esquelético, melhoram a imunidade e têm impacto positivo no desenvolvimento cognitivo e no comportamento social, principalmente quando iniciados na infância

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A OMS afirma, em suas diretrizes para reduzir o sedentarismo, que a falta de atividade física aumenta o risco de doença cardiovascular, diabetes tipo 2 e câncer, enfermidades responsáveis por aproximadamente ¾ das mortes no mundo.

A OMS, em novas diretrizes lançadas em 2020, reforça que qualquer atividade física e qualquer quantidade de tempo gasto com o movimento contam para reduzir o risco destas e outras doenças.

Contudo, a organização recomenda 150 a 300 minutos de atividade física aeróbica moderada por semana ou 75 a 150 minutos de atividade física aeróbica intensa por semana para adultos; crianças e adolescentes devem praticar 60 minutos diários de atividade moderada ou intensa.

E atividade física não é só o treino que você faz na academia ou no parque. Na prática, qualquer atividade que aumente a frequência cardíaca e respiratória a ponto de nos sentirmos ofegantes sem perdermos o ar pode ser considerada moderada. Andar de bicicleta em terrenos planos, subir escadas ou caminhar com passo acelerado são exemplos de atividades físicas moderadas.

Estudos têm mostrado que o tempo gasto com atividades físicas não precisa ser contínuo, ele pode ser dividido em espaços curtos durante o dia, o que facilita a prática.

No trabalho, é importante passar menos tempo sentado e alternar o tempo parado com atividades como caminhar no próprio escritório, realizar alongamentos ou descer e subir escadas.

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Se possível, faça pausas a cada 30 minutos e movimente-se um pouco. Embora nem todas as pessoas possam dedicar 150 minutos semanais para as atividades físicas, todos podem se tornar mais ativos com pequenas mudanças na rotina.

Com o aumento de doenças não transmissíveis relacionadas ou agravadas pelo sedentarismo, compreender que realizar atividades físicas podem reduzir os riscos de quem passa muito tempo sentado é fundamental.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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