Topo

Edmo Atique Gabriel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

A infecção bacteriana poderia ter matado a cantora Madonna?

Madonna ignorou febre, e médicos afirmam que o sintoma foi um sinal da infecção bacteriana  - Reprodução/Instagram
Madonna ignorou febre, e médicos afirmam que o sintoma foi um sinal da infecção bacteriana Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista do UOL

01/07/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Esta semana foi marcada pela notícia de internação de Madonna, 64, em decorrência de uma infecção bacteriana. Segundo informações divulgadas pelo site Page Six, a cantora teria passado mal, foi intubada e conduzida para uma unidade de terapia intensiva em estado grave. As últimas notícias apontam que Madonna já estaria se recuperando em casa, apesar de ainda estar com alguns sintomas desconfortáveis como vômitos frequentes.

A pergunta que fica na cabeça, após esse susto que Madonna passou, seria: uma infecção bacteriana poderia ter matado a cantora? A resposta é muito objetiva, direta e afirmativa, ou seja, Madonna ou qualquer outra pessoa poderia sim ter morrido diante de uma infecção bacteriana. E posso garantir para vocês que, no Brasil ou qualquer parte do mundo, todos os dias morrem pessoas vítimas de infecção bacteriana.

As infecções causadas por bactérias costumam ser piores e mais agressivas que as infeções virais. Além disso, as infecções bacterianas podem frequentemente evoluir para uma infecção que se espalha pelo corpo todo, situação conhecida como sepse ou septicemia. Isso acontece porque as bactérias liberam muitas toxinas na circulação sanguínea, e essas toxinas podem causar efeitos mortais no corpo humano.

Após o diagnóstico de uma infecção bacteriana, duas questões são fundamentais. Primeiro, identificar o órgão ou a estrutura onde a infecção está instalada e, num segundo momento, iniciar o tratamento com antibióticos. No caso da Madonna, a infecção bacteriana teria se instalado nos pulmões, causando inicialmente uma pneumonia e, na sequência, uma septicemia.

Numa fase inicial da infecção bacteriana, nosso corpo pode dar algumas pistas sobre o que está acontecendo. Presença de febre, perda do apetite, indisposição, calafrios, tremores podem ser algumas dessas pistas. Diante do aparecimento desses sinais, o mais correto é, de imediato, procurar orientação médica, visando implementar o tratamento mais apropriado. A demora entre a percepção dos sinais iniciais e o início do tratamento pode ser determinante para a transformação de uma infecção bacteriana localizada em uma infecção generalizada e mais grave.

As infecções bacterianas mais graves costumam estar localizadas em órgãos nobres, como pulmões, rins e cérebro. Entretanto, precisamos estar atentos com dois tipos de infecções bacterianas localizadas que, apesar de serem aparentemente de simples resolução, podem eventualmente evoluir para uma septicemia.

Devemos tomar cuidado com infecção bacteriana nos dentes, conhecida como abscesso dentário, e também com infecção bacteriana na pele, como as espinhas ou acnes. As infecções dentárias e as acnes são lesões dolorosas e incômodas e, por esse motivo, as pessoas manipulam frequentemente essas lesões com as mãos, o que pode facilitar a disseminação da infecção.

Ao longo do curso de uma infecção bacteriana grave, principalmente em pessoas internadas na unidade de terapia intensiva, as alterações na coagulação sanguínea e a falência dos rins indicam uma evolução preocupante e desfavorável.

O desequilíbrio na coagulação sanguínea significa que podem ocorrer tanto o entupimento de veias e artérias pela formação exagerada de coágulos como o surgimento de sangramentos em diversos pontos do corpo. A falência dos rins se expressa pela diminuição significativa ou até mesmo ausência de urina, gerando inchaço difuso e sobrecarga de líquidos no coração e pulmões ("água nos pulmões"). A falência dos rins causada por uma infecção bacteriana grave muitas vezes exige suporte de hemodiálise, um sistema artificial de filtração do sangue. O sistema de hemodiálise por si só pode acarretar novos focos de infecção e mudanças na estabilidade dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.

O histórico de vida, quanto aos hábitos e antecedentes, e a idade da pessoa podem sugerir como será a resposta do corpo diante de uma infecção bacteriana grave. Uma vida com estresse excessivo, noites mal dormidas, alimentação baseada em gorduras e açúcares, tabagismo, elitismo e consumo de drogas ilícitas podem favorecer a explosão de uma infecção bacteriana e comprometimento de órgãos vitais. Crianças muito pequenas, pessoas com idade avançada ou com outras doenças em andamento (como o câncer) também são muito suscetíveis a transformação de uma infecção bacteriana localizada em uma septicemia.

A cantora Madonna tem hábitos de vida saudáveis, priorizando atividade física, cuidados com a pele e práticas de relaxamento mental como a ioga. Essas estratégias certamente foram favoráveis para sua resistência e recuperação, após uma infecção bacteriana grave. Como já esclarecido, uma infecção bacteriana pode sim matar uma pessoa e, no caso da Madonna, essa regra não é diferente. O que pode ser modificado no corpo de qualquer um de nós seria o quanto teríamos de reserva e energia para resistir e combater esses agentes infeciosos.

Precisamos manter uma rotina de vida saudável, priorizar os hábitos adequados e controlar o nível de estresse para que, quando tivermos o contato com uma bactéria mais agressiva, nosso organismo possa se defender e também os antibióticos possam agir satisfatoriamente. Em outras palavras, temos de ter muita atenção com nossa rotina pois, quando uma infecção bacteriana se instala e se transforma em septicemia, podemos estar próximos de uma falência múltipla de órgãos e morte.