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Edmo Atique Gabriel

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sensação de angústia no peito tem a ver com infarto? Veja o que fazer

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Imagem: iStock

Colunista do UOL

13/08/2022 04h00

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Em minha rotina de consultório, tenho me deparado com pessoas com uma queixa relativamente frequente: sensação de angústia no peito. Também tenho notado que a pandemia do coronavírus tem um papel destacado na ocorrência desse sintoma.

De qualquer forma, quando a pessoa me procura sentindo essa angústia, ela realmente não está bem, está aflita, agitada e inconformada por não entender o que está acontecendo. Paira no ar um certo grau de desespero, tendo em vista a possibilidade de um infarto do coração como explicação para aquele quadro.

Essa sensação de angústia no peito se expressa por meio de alguns sintomas como palpitações, falta de ar, dor no peito e um certo formigamento na região torácica. Todos esses sinais, cada qual na sua intensidade, gera um turbilhão de tensão e preocupação na cabeça dessa pessoa, a ponto de procurar desesperadamente um cardiologista ou uma emergência hospitalar.

Não tem como negar que os sintomas dessa angústia de peito se confundem com o cenário de um eventual infarto do coração. Não é exagero, também, que a pessoa que esteja com esses sintomas entre em pânico diante do medo de "estar morrendo".

Mas, afinal, o que seria então este cenário de angústia no peito? Em geral, esse quadro decorre de uma instabilidade emocional muito grande, uma nítida dificuldade de estabilizar sensações como medo, ansiedade, frustração e impaciência.

Na região torácica, os músculos peitorais podem ser acentuadamente atingidos pelos impactos da instabilidade emocional. Além disso, muitas terminações nervosas —externas e internas— dessa região peitoral podem ser muito estimuladas diante de tais sentimentos negativos, ocasionando sintomas muito semelhantes ao infarto do coração.

Então poderíamos descartar o infarto do coração em todas as situações nas quais essa sensação de angústia no peito estiver presente? Claro que não, na medicina nada é tão exato quanto possa aparentar. No entanto, não podemos também fazer um cateterismo cardíaco ou indicar uma cirurgia cardiovascular para todas as pessoas que estejam enfrentando essa angústia.

Diante dessa sensação, principalmente quando esse cenário for recorrente, a primeira recomendação é não querer esconder os sintomas e ficar sofrendo solitariamente. Não se deve ter vergonha de comentar com alguém próximo e buscar uma ajuda especializada, preferencialmente multiprofissional.

A segunda recomendação seria buscar um entendimento concreto acerca do que está acontecendo, ou seja, fazer uma autocrítica para determinar o que pode ter iniciado todo esse processo, em quais situações essa sensação aparece com maior intensidade, quais as caraterísticas dessa dor no peito (queimação, aperto, formigamento), se existe relação com algum esforço físico. Enfim, tentar de alguma forma traduzir essa sensação estranha em elementos mais elucidativos.

Essas duas recomendações devem ser complementadas por uma avaliação médica criteriosa, realização de alguns exames para diferenciar os possíveis diagnósticos e a seleção de algumas modalidades terapêuticas, sejam elas medicamentosas ou não.

O mais importante é não deixar de se expressar para o médico, relatar tudo em detalhes, não ter vergonha de falar a verdade. Esta sensação de angústia no peito não é balela, não é subestimável, precisa de uma abordagem séria para garantir que o aspecto emocional seja controlado e qualquer possibilidade de um infarto do coração seja efetivamente descartada.