Conteúdo publicado há 11 meses

Policial acusa delegado de assédio no TO: 'Ficava se esfregando'

Uma policial afirmou ter sido vítima de assédio sexual e moral do chefe da 2ª Delegacia de Polícia Civil de Palmas. Os relatos foram publicados ontem nas redes sociais. A Corregedoria-Geral investiga o caso.

O que aconteceu

Policial civil relatou ter sofrido assédio em delegacia de Palmas. Giovanna Cavalcanti Nazareno fez uma transmissão ao vivo no Instagram no domingo (3) para contar sua história e "pedir ajuda". Ela denunciou o delegado Cassiano Ribeiro Oyama por assédio sexual e moral. Universa ainda tenta contato com Oyama para pedir um posicionamento sobre as acusações.

Delegado falava de sua aparência e seu modo de vestir. Nazareno contou que os assédios começaram aos poucos, com coisas corriqueiras. "Ele ficava fazendo umas brincadeiras meio bobas, [perguntando] 'por que você não usa saia?', 'por que você não usa vestido?'", lembrou a policial.

"Todos os decotes que eu tinha, eu joguei fora". Segundo a vítima, Oyama chegou a perguntar se seu bumbum "é de silicone" e pedir para ver "se é duro mesmo". "Começou me assediando, querendo ver meu decote", relatou Nazareno. "Hoje é muito difícil usar um decote, andar bonita, arrumada, maquiada".

Oyama chegou a "abriu o zíper" do seu lado, denunciou. De acordo com a policial, o delegado ainda disse: "Fiquei sabendo que você gosta de chupar". Nazareno, então, pediu que ele botasse "essa porcaria" para lá, e Oyama "fechou [a calça], ficou todo sem graça".

Policial teve medo de denunciar e não ser levada a sério, contou. "Meu Deus, se eu for denunciar, ninguém vai acreditar em mim", disse a vítima. "[Mas] Eu não quero mais ser desrespeitada, eu quero me libertar dessa dor e seguir em frente, de cabeça erguida".

Eu ia fazer o café, ele ia lá e ficava se esfregando nas minhas costas. Imagina você com um bule na mão e a pessoa se esfregando em você. (...) A minha raiva é que eu não filmei, que eu não gravei, porque pensava que daria conta de frear o inferno que eu vivi.
Giovanna Cavalcanti Nazareno, em vídeo no Instagram

Investigações

Corregedoria-Geral da Polícia Civil apura as denúncias de assédio. A sindicância foi aberta em 15 de junho deste ano, segundo a SSP-TO (Secretaria de Segurança Pública do Tocantins).

Continua após a publicidade

SSP diz não admitir "qualquer desvio de conduta", nem "juízo prévio de culpa". "A Secretaria reafirma o seu compromisso com o estado democrático de direito e respeita os dispositivos constitucionais nos quais o acusado é inocente até prova em contrário, principalmente nestes tempos em que as redes sociais promovem verdadeiros linchamentos morais", disse em nota.

Embora o procedimento seja sigiloso, é importante esclarecer que todas as providências investigativas foram tomadas pela Corregedoria para elucidação da denúncia. A sindicância se encontra em fase avançada e deve ser concluída em breve.
SSP-TO, em nota

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados.

O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Continua após a publicidade

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

Deixe seu comentário

Só para assinantes