Manuela Xavier: 'Às vezes o cara não é tóxico, mas a relação é'

Convidada do "Desculpa Alguma Coisa", videocast de Universa com Tati Bernardi, Manuela Xavier falou sobre "tipos de homem cilada" do qual se deve fugir.

Manuela Xavier: "Tem o boy probleminha que a gente pensa: 'Ele é sensível, o homem que atende as nossas necessidades. Ele fala como ele sofre, como ele tem traumas. Ele está confiando em mim. Tá se abrindo'. Não, ele tá te sobrecarregando. Ele tá contando todo esse monte de problema que ele devia contar pro psicólogo dele, na terapia dele".

"Ele tá contando pra você pra te manipular, pra que você poupe ele de certas coisas. Pra que você não cobre dele porque afinal de contas como ele é sofrido", completou.

Ela explicou por que acredita que homem tem 'pavor' de mulher ambiciosa. "Porque deflagra a incompetência dele. Homem pode ser muito pesado. Quando você pensa todo o trampo que envolve administrar um homem... tem muito hoje o homem João Bobo. Sabe o boneco João Bobo?"

O homem João Bobo é o homem desse momento agora. Ele é o cara que já entendeu que não pode ser machão escroto. Não pode ser o esquerdomacho que fala muito e nem o que vai contar os problemas dele porque todo mundo já entendeu. O que restou pra ele? Fazer a linha egípcia. Manuela Xavier

"Ele é um homem sem defeitos. O problema dele é que ele é apenas passivo. Ele apenas responde ao seu comando. Ele não se mobiliza em prol de você, é apenas responsivo", completou.

Ela apontou o perigo deste "tipo". "E qual o perigo do João Bobo? Ele consegue se moldar pra ser tudo que você precisa até o momento em que você vai começar a sentir: 'Eu tô me relacionando comigo? Cadê esse homem? E aí você enche o saco e é normal. E aí ele vai utilizar o impulso que você deu a ele contra você e ele volta tirando tudo que ele acha que foi ele que te deu".

Manuela pontuou também o homem Juju Carente. "Sabe aquela boneca? Esse tem muito. Não é que ele queira atenção. Ele quer te furar, te tirar desse lugar de prazer, satisfação. Fazer com que você volte pro controle dele. Quando a gente entende que as relações não são sobre amor, cuidado, insegurança, mas sobre poder e dominação, a gente começa a enxergar as coisas".

A psicanalista também enumerou "outros tipos" que são considerados "ciladas". "Homem silencioso, homem gincana do casamento, o cara que não se responsabiliza por nada. O que faz você sempre se sentir culpada e ele faz isso de uma forma muito canalha. O cara que tem relações estranhas com a ex. Porque são sempre novas histórias pra dizer a mesma coisa. Ele faz de uma forma a ele sair de vítima. Pra mostrar como ele é tranquilo, gente boa. O cara que dá uma forma sempre de boicotar o seu sucesso. É preciso ficar de olho. O que não acrescenta nada na sua vida".

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Manuela Xavier: 'Se rivalizar com outra mulher não enxergo a potência em mim'

A escritora falou sobre "rivalidade" entre mulheres. "A gente não foi ensinada a admirar mulheres, a gente foi ensinada a rivalizar. Então, a gente acaba se enfraquecendo e nos enfraquecendo. Porque se eu rivalizo com outra mulher procurando um defeito, ah ela é feia, ela é chata, eu não vou conseguir enxergar potência em mim também. Ser uma mulher que levanta outras mulheres é poder escutar as potências daquela mulher, o que é uma forma de você se espelhar também".

Manuela Xavier teve namorado que perdeu a memória: 'Não lembrava de mim e não sabia quem ele era'

A escritora lembrou uma situação curiosa que passou: um namorado dela se esqueceu de quem ela era. "Eu namorei outro que era incrível, maravilhoso, tudo perfeito. Só que ele teve uma doença e ele perdeu a memória. E aí ele terminou comigo porque não lembrava de mim. Tipo: 'você é incrível, super bacana, massa. Mas não faz sentido. E a gente estava há 5 anos juntos. Foi uma encefalite. Fiquei completamente desorganizada. Até então eu vivia minha vida normal. Era uma relação legal, com um cara maneiro e quando rolou isso, fiquei muito traumatizada. Fiquei primeiro: 'acabou pra mim, só se vive um amor uma vez. O que vier depois é lucro'. Fiquei me sentindo culpada também, pensando o que eu poderia ter feito".

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Manuela Xavier sobre ex abusivo: 'Estabelecia regras e mudava. Era um jogo que eu não ia ganhar'

Manuela lembrou um relacionamento abusivo que viveu. "A violência assume muitas formas. O cara não precisa te bater, xingar, não precisa nem levantar a voz, nem dizer nada. O silêncio dele é violento. Qualquer coisa que o cara faça que te faça trabalhar pra ele é violência. (...) . O que é o tratamento de silêncio? Ele não vai te dizer que você é idiota, imbecil, feia. Ele vai ficar 3 dias sem falar com você. E aí você vai ficar pensando o que fez. Você começa a ficar procurando e entra numa pira. isso é violento. Meu ex ficava 5 dias morando na mesma casa sem falar comigo. Bom dia, boa tarde, boa noite, nada. Ele tinha o controle da mão. Ele estabelecia as regras e mudava. só entendi isso depois que separei. Era um jogo que eu nunca ia ganhar. Ele fazia eu acreditar que era possível ganhar".

Manuela Xavier: 'Às vezes o cara não é tóxico, mas a relação é'

Manuela comentou também a respeito do relacionamentos tóxicos. "Muita gente se apaixona e eu falo: Mediante o quê? O que ele fez? A gente se apaixona por algo que a gente inventou do outro, idealizou, gostaria que fosse, uma ideia. Cumprir os requisitos que você gostaria não necessariamente faz do cara um cara maneiro, faz dele um cara correto. Como ele contribui em sua vida? Ele traz coisas novas pra você? O quanto as margens da sua vida estão povoadas enquanto você está na sua relação? Às vezes o cara não é tóxico, mas a relação é".

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Manuela Xavier sobre autoestima e corpo: 'Não dou chance pra neurose'

A escritora também falou como lida com questões de corpo e autoestima. "Eu fiz um desfile, não sou modelo. Desfilei no Fashion Week, foi muito legal. Eu nunca coloquei minha autoestima no meu corpo. Sempre tive questões com meu corpo, fazia dieta desde os 6 anos de idade. Já tive vários pesos e nenhum era suficiente pra não fazer mais a dieta. Já fui muito noiada, mas nunca foi uma paranóia que me impossibilitou de nada. Eu entendi que meu corpo é o corpo que eu tenho. mas isso deixa marcas. Hoje eu trabalho com internet, imagem. Tem essa coisa de foto, por exemplo. Eu não quero ver como ficou. Não dou chance pra neurose. Não sou eu? Então vai. Essa coisa do corpo me acompanha ainda hoje. E aí quando eu entendo que não é sobre eu pesar x ou y".

9 perguntas e meia de amor

Veja a entrevista na íntegra

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