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'Casais na mesma vibe': como funciona suíte de motel para quem busca swing

Marcio Wolf e Marina Rotty falam abertamente sobre o swing nas redes sociais - Arquivo pessoal
Marcio Wolf e Marina Rotty falam abertamente sobre o swing nas redes sociais Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração para Universa

14/04/2023 04h00

Enquanto casas de swing têm sido procuradas até por quem não é adepto deste estilo de vida — por concentrarem, em um mesmo lugar, bar, balada e motel —, há uma turma de praticantes que faz o caminho inverso e busca espaços mais reservados.

De olho nessa movimentação, tem motel criando suítes especiais pensando no público que curte a troca de casais.

A sexóloga e psicóloga Marina Rotty e o gerente de TI e sex coach Marcio Wolf, por exemplo, estão juntos há 25 anos, têm dois filhos e há 15 anos decidiram abrir a relação, passando a experimentar o swing — tema que abordam abertamente nas redes sociais.

Eles costumam frequentar suítes preparadas para o sexo liberal e viver a experiência em quartos interativos de duas maneiras: combinando previamente o encontro com outro casal ou tentando a sorte com desconhecidos que tenham o mesmo interesse. "Já vamos com a intenção de interagir e sempre tomamos a iniciativa", conta Marcio.

Como funciona?

O motel QUO, em São Paulo, é um dos que oferecem suítes para swingers. Segundo Robson Marinho, empresário do setor moteleiro, a ideia surgiu porque a prática já acontecia de maneira improvisada: os casais alugavam dois quartos, usavam apenas um deles durante o encontro e, depois, cada par ia para o cômodo original descansar.

A fim de tornar a experiência legítima, ele idealizou duas suítes iguais e conjugadas, com porta de acesso entre elas e alguns diferenciais que têm a ver com o público-alvo.

- - Divulgação - Divulgação
Suíte interativa para swing no Quo Motel, em São Paulo
Imagem: Divulgação
  • Ali, a interação entre os frequentadores começa através de um comunicador de voz, que também avisa quando o quarto ao lado foi ocupado.
  • Em um primeiro momento, os ocupantes devem sinalizar, no painel do equipamento, se querem conversar ou não.
  • Se a intenção é recíproca, os casais se falam por microfone, geralmente sem saber como é o casal no outro lado.
  • Na sequência, eles podem optar por abrir as persianas que cobrem as janelas, permitindo que um par visualize o outro.

O vidro permite visualizar todo quarto ao lado — a cama, o pole dance e a banheira de hidromassagem, inclusive. Os frequentadores ainda podem optar por abrir a porta que separa os quartos para interagirem fisicamente.

"Expectativa sempre gostosa"

"Sempre rola uma questão visual, ou seja, o casal do lado sobe a cortina e ficamos nos olhando primeiro. Quando vamos a uma suíte assim, tem casal que responde rapidamente e outros que nunca dão resposta", conta Marina.

A tática dela e do marido é levantar a persiana assim que chegam no quarto. Desta forma, quem entrar no cômodo ao lado já saberá que eles estão disponíveis.

Tem vezes que o casal abre uma pequena parte da persiana com as mãos para espiar. Quando veem que estamos nus, eles ficam curiosos e com vontade de espiar mais. É uma estratégia boa, pois alguns casais ficam com vergonha até de interagir pelo painel.
Marcio Wolf

Marcio recomenda a experiência para qualquer público, principalmente por mexer com o imaginário. Já Marina aponta uma restrição: não indica para casais mal resolvidos, porque ficar ouvindo as discussões do outro lado não é bacana.

Com relação à expectativa, ela concorda ser algo muito instigante, mas que ainda causa um frio na barriga, mesmo depois de tantas vivências. "Às vezes eu até fico pensando: 'já pensou se for o meu pai do outro lado?'", brinca.

"Primeiro, a exibição"

O casal "Couple Cherry", que prefere não revelar seus nomes, também costuma ir às suítes para swingers. Para eles, a experiência seguiu alguns passos básicos: primeiro, exibição e contato visual e, por último, a interação — isso até para quando o encontro é combinado previamente, com conhecidos.

Sempre há uma boa perspectiva, mas somos experientes no meio liberal, então sabemos que aumentar muito as expectativas pode não ser bom. Tem que ter um joguinho de sedução para saber se o outro casal está na mesma 'vibe'.

Para eles, a prática em motéis pode funcionar melhor para casais que já estão há mais tempo no meio. Isso porque, com certa bagagem, ficará mais fácil lidar com a diversidade de pessoas, contornar algumas situações imprevisíveis e até manter a discrição.