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Casa de swing vira point prático para encontros: balada, bar e motel

Casa de swing não é só para sexo - iStock
Casa de swing não é só para sexo Imagem: iStock

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa

24/02/2023 04h00

A curiosidade motivou a gerente de agência Malu (nome fictício), 47 anos, de São Paulo, a ir pela primeira vez a uma casa de swing. O resultado foi bom: ela gostou tanto do ambiente e das pessoas —respeitosas e de mente aberta, em suas palavras— que o passeio tem se repetido com frequência.

"Costumo ir sozinha e mais de uma vez por semana. Gosto de curtir a balada e de conhecer pessoas interessantes. Aproveito para marcar encontros ali com quem conheço em aplicativos de relacionamentos também, porque é um ambiente seguro e respeitoso", compartilha Malu.

Além disso, a gerente foca nas possibilidades que encontra em um só lugar: comer, beber, dançar e, se rolar um clima, já está em um espaço ideal para o sexo. Quando sente vontade, ela aposta nas salas privadas, sem ninguém por perto para incomodar o momento.

Combo de benefícios

Segundo a sexóloga Gislene Teixeira, especialista em relacionamentos, o que motiva as pessoas a frequentarem as casas de swing é justamente o que foi apontado por Malu - as várias possibilidades. "Em uma casa liberal, falo que já tem o 'combo': balada, bar e 'motel'". Isso implica redução de tempo de deslocamento e de espera e investimento financeiro", considera.

A profissional explica também que, embora não haja uma faixa etária específica para a ocasião, é possível perceber alguns padrões em seus atendimentos.

Dos 25 aos 35 anos, por exemplo, ela nota um interesse maior entre mulheres e homens, sobretudo por curiosidade para saber o que acontece por lá e para curtir o espaço. O pessoal dos 40 aos 55 anos também marca presença, só que com outro propósito: o de apimentar a relação.

Para Gislene, além da otimização de tempo, dinheiro e poder, a prática é saudável. "Todos os que estão ali são liberais, sem tabu, sem frescura ou preconceito. É um ambiente mais seguro que muitos bares, baladas e até mesmo motel", garante.

E os contras, existem?

De acordo com a sexóloga, a depender da personalidade e do jeito de cada um, algumas pessoas podem não curtir a experiência. Um exemplo é para quem prefere visitar vários bares e conhecer lugares diferentes - um para beber, outro para dançar e até um terceiro para transar. Nesse caso, ter tudo em um mesmo ambiente pode não soar tão animador.

"Há quem não saiba lidar com pessoas diretas, que não fazem rodeios a respeito de seus quereres, e os frequentadores desses ambientes costumam saber o que querem. Além disso, costumam ser assíduos, então as chances de encontrar as mesmas pessoas numa próxima vez são grandes", cita a especialista.

Por último, ainda há a questão financeira. Isso porque, embora a casa de swing leve a uma certa economia no "3 em 1" - beber, dançar e transar -, ainda assim, o investimento não é tão baixo. Afinal, paga-se pela infraestrutura e, principalmente, por esse "combo".

Regras individuais

Karla (nome fictício), de 35 anos, também de São Paulo, frequenta casas de swing uma ou duas vezes por mês. A vendedora conta que a sua primeira ida foi acompanhada do namorado, que a convidou para esse "rolê diferente". A experiência agradou e, vez ou outra, eles decidem curtir noites assim, mas sempre em companhia um do outro.

"Opto por esse tipo de diversão, principalmente para encontrar amigos. E, apesar de poder ficar em um lugar à vontade ser uma grande motivação para irmos, prefiro não manter relações sexuais ali. Vou mesmo para curtir o rolê", conta a vendedora.

Nesse sentido, a sexóloga Gislene Teixeira explica não haver um padrão de comportamento nesse tipo de estabelecimento. "Há quem usufrua de tudo. Mas, de modo mais geral, vão para curtir balada, bar, amigos e não com o foco na opção 'motel' - apesar disso não ser totalmente descartado".

Em contrapartida, o profissional de marketing Rafael (nome fictício), 38 anos, também de São Paulo, não esconde que o principal motivo para ir às baladas liberais é pela possibilidade do sexo sem rodeios. Sua primeira ida foi com os amigos e, agora, ele faz parte dos assíduos, que vão semanalmente - hoje, prefere a companhia de uma amiga, fingindo ser um casal, já que homem sozinho paga bem mais caro.

"Casa de swing é boa porque não corro o risco de me deslocar até o motel e a menina não querer transar. Mas eu gostaria de pagar menos. A bebida é muito cara nessas baladas".

Visão aberta é requisito importante

Apesar de não haver muitas regras em relação à frequência e procura, existe um padrão necessário para quem frequenta a casa de swing: ter a mente mais aberta, sem tabus nem preconceitos.

"Essas pessoas enxergam sexo, sexualidade, gênero e as relações com naturalidade. Porém, é de extrema importância ressaltar que visão alargada, sem tabu e sem preconceito está longe de ser sem respeito, sem segurança ou algo nesse sentido. Muito pelo contrário, são pessoas que prezam por tudo isso", afirma a sexóloga.

Mais mulheres em cena

Essa pluralidade e desconstrução resulta, por exemplo, em mais mulheres frequentando as baladas liberais, sobretudo assiduamente. Para Gislene, isso se dá por elas compreenderem que, apesar do estigma que envolve as casas de swing, as coisas não são bem assim - ali, a segurança é valorizada em todas as áreas.

"As mulheres estão entendendo que podem se divertir e, se quiserem também, transar, sem compromisso, sem ter a cobrança de nada, sem esperar a ligação no dia seguinte ou a expectativa do próximo encontro", destaca a profissional.

Para quem pensa em experimentar uma noite na casa de swing, seja por curiosidade ou diversão, a sexóloga Gislene Teixeira dá algumas dicas:

  • Não julgue o termo swing. Há pessoas que vão lá apenas para dançar, sem pensar em sexo;
  • Antes de ir, é bom ter total certeza dessa decisão. Não vá apenas para agradar alguém ou por imposição;
  • Pesquise bem em qual casa ir, considerando a reputação, o ambiente, a segurança e a higiene;
  • Os comportamentos em baladas liberais também devem entrar nessas pesquisas. Busque pelo dress code, pois, apesar de não haver regras, ir muito diferente pode dar a sensação de estar deslocada;
  • Verifique se há algum código de segurança para usar em possíveis contratempos;
  • Numa primeira visita, vá aos poucos conhecendo o lugar até se sentir segura. Comece pelo bar, depois pela parte da balada e, se sentir à vontade, entre nas áreas destinadas ao sexo;
  • Tenha certeza sobre não ser obrigada a nada, ou seja, ninguém vai te agarrar à força. Faça apenas o que quiser fazer, sem esquecer que tudo deve ser consensual.

"O que importa é ser feliz, com responsabilidade, respeito e sem medo de explorar seus prazeres. E prazeres compartilhados são melhores que sozinhos, ou reprimidos e escondidos, por medo de que lhe apontem o dedo", conclui Gislene.