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Lucy Alves, a Brisa de 'Travessia': 'Não levo bissexualidade aos holofotes'

De Universa, em São Paulo

13/01/2023 04h00

O ano de 2022 foi cheio de conquistas para a atriz Lucy Alves. Ela é a protagonista da novela das 21h, teve mais de seis milhões de reproduções de suas músicas no Spotify, cantou com Roberto Carlos, fez turnê, se apresentou no Rock in Rio, chegou a final do "The Masked Singer", fez campanha de marca de beleza... Ufa!

A Brisa de "Travessia" está realizada com as conquistas, mas não se vê pisando no freio tão cedo —e está cheia de sonhos que ainda quer realizar. Entre eles a maternidade, como conta na conversa com Universa, abaixo.

No papo, feito por chamada de vídeo, Lucy também diz que tenta se blindar dos comentários negativos sobre a novela que tomaram as redes sociais. "No início, me afetava muito se alguém falasse que a protagonista não estava legal. Mas aprendi e amadureci", resume.

UNIVERSA - Há uma tendência em se estereotipar personagens nordestinos em novelas, escalando atores de outras regiões. Você é paraibana e vive uma maranhense. Por que é importante estar nesse lugar em horário nobre?
Lucy Alves -
Considero importante aparecer no horário nobre da TV para que muitas meninas e adolescentes possam me escutar. É uma responsabilidade muito bonita. Tudo o que eu puder fazer para representar a região de onde vim será honroso e verdadeiro. Estamos vivendo um momento diferente, com mais abertura para mostrar as pluralidades do país para representarmos todas as regiões. Nossa verdade é diferente, o que vivi culturalmente também. Carrego comigo a veracidade do sotaque.

"Travessia" está sofrendo duras críticas. De certa forma, falar mal da novela é falar mal do seu trabalho. Como lida com isso?
Nunca vamos agradar 100% das pessoas. O que procuro é fazer meu trabalho de forma bem feita, para que possa ficar tranquila e me orgulhar. Fui corajosa em começar como protagonista de cara, mas a vida é assim. Uma amiga me falou que as pessoas poderiam falar mal do meu trabalho. E podiam, mas se eu não fizesse, não saberia o que as pessoas iam falar. A gente tem que saber que críticas vão acontecer e seguir em frente. É duro. Sabemos que algumas pessoas sofrem a ponto de ficarem com suas saúdes comprometidas, mas eu, graças a Deus, aprendi a ter uma chavinha e entender meus limites.

Tem mais fãs ou mais haters?
Sou uma artista que não tem muitos haters, o que é bom. No geral, as pessoas são muito pacíficas e carinhosas. Gosto de ler e sempre estou no Twitter porque muita gente que vê a novela comenta em tempo real por lá. Mas não dá para se prender 100% a comentários nas redes sociais. É preciso entender que ali não está a verdade absoluta da audiência e que é difícil ter um termômetro real. Então aprendi a filtrar o que leio e o que levo comigo para a cama. A internet pode ser muito tóxica. No início, me afetava muito se alguém falasse que a protagonista não estava legal. Mas aprendi e amadureci. Quero absorver aquilo que é edificante para minha carreira.

Você tem um relacionamento com outra mulher. Qual foi a resposta do público quando tornou isso público?
Algumas pessoas se sentiram confortáveis para comentar e perguntar sobre minha forma de viver. Sempre fui muito reservada, mas fiquei zero em choque quando apareceu que eu estava beijando a Victoria [Zanetti, produtora], porque já vivia a minha vida. Não costumo levar isso para os holofotes porque acho meu trabalho mais interessante do que minha intimidade. Não é um tabu, e acho cada vez mais interessante poder falar abertamente. Espero que as pessoas enxerguem não como um exemplo, mas como o direito que temos que fazer o que quisermos e sermos feliz do jeito que quisermos.

Quanto mais eu puder falar de amor abertamente, mais bonito e especial será.

Desde a sua participação no "The Voice", a sanfona tornou-se uma das suas marcas. O que o instrumento representa para você, na sua vida e na carreira?
Para mim, ela carrega a cultura e minha família, que também ama música. Sou instrumentista e sempre gostei de tocar vários instrumentos. Quando ficava estudando outros, como bandolim e baixo, meu pai me falava para estudar sanfona, que ela seria minha grande felicidade. E estava certo. A sanfona é muito potente. Não é um instrumento tradicional da mulher porque é muito pesado, sempre foi manuseado por muitos homens, é do universo masculino. Tenho uma gratidão pelos caminhos que a sanfona me abriu, seja nas novelas e ou em shows. É um instrumento pelo qual tenho muito carinho.

Sente que já realizou seus sonhos na música?
Já fiz muita coisa e foi muito legal. Fui deixando a vida me levar, mas de alguma forma eu a norteio para o que quero fazer. Sempre tive o pensamento de artista, e a música é muito forte pra mim. Vem de família. Adoro me apresentar, cantar e tocar. Tem muito o que quero fazer: filmes musicais, compor trilhas... São coisas que me dão prazer. Ainda bem que tenho a oportunidade de trabalhar com isso. Sou feliz no caminho que escolhi.

Conciliar a carreira de atriz e de cantora certamente te leva a fazer escolhas que coloquem algum dos lados em desvantagem. Quais suas prioridades na hora de decidir para que lado seguir?
Hoje me vejo como cantora e atriz, embora saiba que realmente demanda muita energia para me dedicar aos dois trabalhos. Vou muito pelo coração. Hoje o trabalho musical tem uma consistência maior, algo que vou trilhando e projetando. A carreira de atriz é mais recente, mas não menos importante. Sempre procuro fazer papéis que me toquem e tento conciliar os dois. Por exemplo: vou terminar a novela e tenho shows para fazer. Talvez ache um equilíbrio na dinâmica. Mas a música ainda pesa um pouco mais. Sempre que um projeto na TV e no cinema me chamar vou analisar com carinho, mas vou procurar um equilíbrio. Uma vez atriz, a gente não volta mais atrás.

Em "Travessia", a maternidade é um tema central na vida da sua personagem. E na sua?
Tenho muita vontade de ser mãe, mas não há uma hora certa para isso acontecer. Na hora que tiver que ser, será. Estou em uma correria muito grande no trabalho, sou do corre, gosto de trabalhar. Mas sou de família grande e tenho esse desejo. Falava que queria ter cinco filhos, hoje já não sei. Pelo menos dois eu gostaria.

É adepta dos procedimentos e intervenções estéticas ou prioriza o cuidado diário?
Prefiro cuidar da minha beleza como ela é, ainda mais que trabalho muito com a minha imagem. As pessoas estão perdendo a mão seguindo modas, sendo adeptas a procedimentos estéticos e mudando até sua configuração. Tenho muito cuidado. Meu rosto e corpo, por exemplo, estão sempre muito expostos. Gosto do jeito que sou. Sou feliz com meu corpo e minha pele. O que procuro fazer é cuidar cada vez mais para prevenir mesmo.

Como é sua rotina de cuidados?
É bem básica. Para rosto, por exemplo, é acordar e lavar bem, com um bom sabonete, muito protetor solar, pois estou sempre em exposição a muita luz, na gravação e na rua. Hidratação e proteção solar, para mim, é um combo completo. Tenho dois produtinhos da Vult que me apaixonei, que são os potinhos 7x1, se encaixaram perfeitamente no meu modo de vida. Também faço exercícios, que ajudam na minha concentração, e na boa alimentação. Tudo é um equilíbrio. Não quero ficar refém de padrões, nunca quis. Isso nunca me interessou. Cresci querendo potencializar e enxergar a minha beleza mesmo. Essa sou eu, minhas curvas, meu culote e faz parte da minha anatomia.