Topo

Transar e dormir de conchinha? Só depois de fazer xixi!

LightFieldStudios/Getty Images/iStockphoto
Imagem: LightFieldStudios/Getty Images/iStockphoto

Glau Gasparetto e Thaís Lopes Aidar

Colaboração para Universa, em São Paulo

02/10/2022 04h00Atualizada em 07/10/2022 12h07

Sabe o que separa o fim do sexo gostoso do momento de dormir de conchinha? Uma ida ao banheiro para fazer xixi! Por mais tentador que seja ficar agarradinha ao par depois do clímax, toda mulher deve (ou pelo menos deveria) adotar esse hábito para minimizar as chances de cistite, a dolorosa e popularmente conhecida infecção de urina.

"A cistite é uma infecção na bexiga causada pela bactéria Escherichia coli, presente no intestino e importante para a digestão. Esta bactéria pode infectar a uretra, a bexiga ou os rins, sendo uma das infecções mais comuns, principalmente em mulheres", esclarece a ginecologista e obstetra Camila Pinheiro, do Centro de Ginecologia e Obstetrícia (CGO).

Além de ser mais frequente entre a ala feminina, o problema tem maior incidência em fases específicas da vida. Segundo a fisioterapeuta Thalita Freitas, especialista em saúde da mulher, da Clínica Athali, a idade reprodutiva, o climatério e a menopausa são os momentos de maiores chances de ocorrência.

"É reflexo das alterações hormonais que levam às mudanças no tipo e na quantidade de micro-organismos que protegem o canal vaginal, deixando a região mais suscetível à proliferação de bactérias", explica a fisioterapeuta.

De acordo com a ginecologista Camila, essa maior prevalência das infecções de trato urinário (ITU) nas mulheres se dá por uma questão unicamente anatômica. Isso porque a uretra feminina é bem mais curta do que a masculina, dando mais chances de essas bactérias conseguirem percorrer o percurso, que é menor.

Sem contar que, no caso dos homens, o sêmen é expelido pelo mesmo local da urina, o que já facilita a higienização da região. Isso, aliado ao comprimento da uretra, faz com que o sexo masculino sofra bem menos com a cistite.

A fim de evitar os quadros de infecção urinária, a recomendação das profissionais é clara: depois o sexo, não deixe de dar um pulinho no banheiro antes de cair no sono. "Urinar depois da relação sexual 'lava' a região, tirando as bactérias que podem prejudicar a uretra", considera Thalita.

O problema é tão comum que existe até a chamada cistite pós-coito (ou cistite de lua de mel) que é aquela infecção que afeta uretra e a bexiga e surge em um curto intervalo de tempo após a transa.

Vale lembrar que quando ocorrem as infecções urinárias por repetição - aquelas inúmeras e frequentes -, nesse caso, é necessário um tratamento mais prolongado, que pode levar de seis meses a um ano.

Fatos e boatos

Urinar não impede as infecções sexualmente transmissíveis (IST's), nem as doenças sexualmente transmissíveis (DST's), viu? Muito menos de engravidar. Embora bastante populares, essas crenças não passam de mitos, sem nenhuma comprovação científica, e podem até desincentivar o uso de preservativos ou anticoncepcionais, extremamente importantes para a saúde e o controle de natalidade.

"Da mesma forma que ficar de pernas para cima ou levantar rapidamente não influencia na ocorrência da gestação, logo, quando urinamos logo após a relação sexual, isso também não impede a gravidez, tampouco a ocorrência de DSTs", adverte a ginecologista Mariana Rodrigues, especialista em endoscopia ginecológica.

É importante lembrar que doenças sexuais são assunto bastante sério e apenas a camisinha é capaz de preveni-las. Além do mais, prestar atenção no próprio corpo é essencial para saber reconhecer sinais e dizer se algo está errado.

"As DSTs são muito confundidas, porque alguns sintomas podem se aproximar aos de outras doenças e confundir o diagnóstico. É importante que a mulher tenha sempre essa visualização, se tem alguma coisa diferente com o corpo, se é um corrimento propriamente dito ou uma secreção vaginal habitual", orienta a obstetra.

E se não der vontade?

Embora a recomendação médica seja fundamental para a saúde, devendo ser feita após todo tipo de relação íntima - mesmo se não houver penetração -, é necessário considerar que, nem sempre, a mulher consegue fazer xixi na hora que bem entende.

A fisioterapeuta pélvica Thalita destaca que, durante o sexo, ocorre uma grande ativação muscular na região, sobretudo quando ocorre o orgasmo. Por essa razão, nem todas as mulheres vão conseguir urinar com facilidade depois de transar.

"Explicando de maneira simples, a musculatura se contrai e impede a saída da urina. Um banho, por exemplo, pode ajudar no relaxamento e facilitar a micção", indica a especialista em saúde da mulher.

Mais cuidados importantes

Falando nos banhos, eles igualmente podem ser aliados nessa limpeza da região após a transa. Segundo a ginecologista Mariana, uma lavagem apenas com água já é suficiente para higienizar a área, mas agregar um sabonete líquido com pH adequado à vulva vaginal também pode ser interessante.

Por último, ela lembra que só o xixi não é suficiente para se proteger contra a infecção urinária e elenca outros cuidados. "Para minimizar os riscos de cistite, é importante aumentar a ingestão de água e procurar esvaziar a bexiga a cada 3 horas", recomenda.