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Leila: 'Certeza que não fariam certas críticas se eu não fosse mulher'

Leila Pereira, presidente do Palmeiras  - Fabio Menotti/Palmeiras
Leila Pereira, presidente do Palmeiras Imagem: Fabio Menotti/Palmeiras

De Universa, em São Paulo

28/09/2022 04h00

Para os torcedores, ela é a tia Leila, mas quando está falando de negócios, Leila Pereira tem uma postura que domina a sala. A presidente do Palmeiras, e atualmente única mulher na posição em um mercado tão masculino, anunciou na manhã de terça-feira (27) um novo patrocínio para a camisa do futebol feminino do clube.

Quem a vê falar, não tem dúvida de que ela é uma tomadora de decisão. Mas como é de se esperar, dentro do ambiente do futebol, a desconfiança de ter uma força feminina no cargo de comando de um dos maiores times do Brasil existe. "Sempre tem momentos difíceis e críticas, seja na imprensa, seja nas redes sociais, que tenho certeza que não seriam feitas se eu não fosse mulher. Até pelas minhas redes sociais me criticam. É muito difícil para uma parte da população enxergar uma mulher bem-sucedida e presidente de um clube grande", diz Leila, reforçando que, por isso, recebe olhares de desconfiança.

Para a presidente do Palmeiras, o que as pessoas não aceitam, elas criticam. "Mas não falam do meu trabalho e da minha seriedade. Ainda bem. Sabe o que a gente faz para combater piadas bobas? Trabalhamos, nos posicionamos e cada vez mais, mostramos a qualidade do nosso trabalho. Aí as pessoas se curvam e percebem que essa mulher realmente merece estar nesse lugar", disse.

Tomadora de decisões

Leila disse que se sente muito feliz em ser essa representante - e até escuta de torcedoras de outros times que ela é uma referência. "Mulheres de vários clubes me falam que eu as represento. Sou a maior prova que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive no futebol. Se eu não acreditasse nisso, não seria a presidente do maior campeão do Brasil. Me sinto orgulhosa de representar nosso gênero", disse.

As decisões finais do clube são sempre dela, mas Leila diz que conversa com muitas pessoas antes de tomá-las. "É mais inteligente, você tem que ouvir. Ninguém é dona da verdade absoluta. Aprendi muito isso na minha vida profissional, pois sempre trabalhei e convivi em ambientes masculinos", disse.

Formada em Direito e Jornalismo, sua trajetória profissional também passou pelo mercado financeiro antes de se tornar presidente de suas empresas, a FAM e a Crefisa.

Leila quer ser um exemplo para que outras meninas que estão vendo seu trabalho em uma posição de liderança, mostrando que, futuramente, elas também poderão ocupar esses cargos. "Quero que as meninas se espelhem na Leila Pereira. Se eu consegui, por que elas também não podem alcançar seus desejos e sonhos?", diz.

Quando assumiu o Palmeiras, em 15 de dezembro de 2021 - ela fica no cargo até 2024 -, Leila indicou, entre os quatro possíveis, duas vice-presidentes mulheres, um fato inédito no clube. Para ela, faltam mulheres no conselho e em posições políticas.

"Fiz questão de ter mulheres na minha chapa. Aqui no Palmeiras temos poucas mulheres na política. São seis ou sete conselheiras em um Universo de 280. É muito pouco. No Clube, eu estimulo as mulheres a se posicionarem mais politicamente para que tenhamos mais representatividade. Mas tem que se dedicar e ir à luta, porque não vai cair do céu", concluí.