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Torcedora palmeirense de 76 anos viu as duas vitórias por 4x0 ao vivo

Ileana Pascale, de 76 anos, e seu irmão, Jose Roberto Stinchi, de 80, juntos na final do Paulistão em 2022. Eles ficaram em pé, gritaram e torceram o jogo todo.  - Rafaela Polo
Ileana Pascale, de 76 anos, e seu irmão, Jose Roberto Stinchi, de 80, juntos na final do Paulistão em 2022. Eles ficaram em pé, gritaram e torceram o jogo todo. Imagem: Rafaela Polo

Rafaela Polo

de Universa, São Paulo

04/04/2022 11h24

"O Palmeiras é o time da virada, o Palmeiras é o time do amor". O canto da torcida que tanto encantou o técnico Abel Ferreira na vitória de domingo (3) na final do Campeonato Paulista de 2022 também embalou a dancinha discreta de dona Ileana Pascale, de 76 anos. Acompanhada do irmão, Jose Roberto Stinchi, de 80 anos, e de outros familiares, ela mais uma vez marcou presença em uma vitória histórica da final do Paulistão. Esse não foi seu primeiro 4 x 0: em 1993, contra o Corinthians, ela também estava no Morumbi vendo o time do Luxemburgo levantar a taça. Para esse título, também tem música da torcida.

Ser palmeirense é acreditar, mas sempre manter os pés no chão. E com Ileana, que passou o jogo todo em pé, torcendo e cantando, não foi diferente. "O jogo de não deu muito susto. Uma bola ou outra chegou perto. Na partida de quarta-feira eu não estava muito confiante. Parecia que alguma coisa não ia dar certo, e não deu. Perdemos, mas quando fizemos o primeiro gol lá, meu filho me disse que estava bom, que só com dois em casa a gente levava a disputa para os pênaltis. Pensei na minha cabeça, sozinha: 'Vamos ganhar de quatro, não com dois'", diz IIeana. "Precisávamos fazer um gol no começo para dar tempo de conseguir os quatro que eu tinha imaginado, mas estava confiante. Nervosa, mas confiante. E deu. Ganhar do São Paulo e do Corinthians é a melhor coisa que existe", completa.

Ileana Pascale sempre frequentou o estádio e esteve presente com sua família na vítória por 4x0 do Palmeiras na final do Campeonato Paulista - Acervo Pessoal - Acervo Pessoal
Ileana Pascale sempre frequentou o estádio e esteve presente com sua família na vítória por 4x0 do Palmeiras na final do Campeonato Paulista
Imagem: Acervo Pessoal

Essa não foi a única goleada histórica que ela esteve presente. Inclusive, para Ileana, o jogo de 1993 foi um dos mais marcantes de sua vida. Era a primeira vez que um de seus filhos via um título do Paulistão, aos 16 anos de idade. "Levamos a taça em 76, meu filho nasceu em 1977 e ele só foi ver título em 1993, em uma vitória histórica do Palmeiras sob o Corinthians. Para mim, isso foi muito marcante. Estávamos no Morumbi na final e o jogo foi para a prorrogação, mas ganhamos", conta.

Um vida de verdão

Aos 76 anos, Ileana, que disse vir de uma família que sempre amou muito os esportes, nunca soube o que foi vestir outra camisa. "Nasci palmeirense. Meus pais, avós, bisavós, todos torciam para o verdão. Hoje sou viúva, mas meu marido também era palmeirense desde criança. Criamos nossos filhos dentro do Palmeiras e sempre que podíamos íamos ao estádio", conta. Mais uma vez, a história de Ileana combina com a música da torcida que diz: "Todo amor que eu sinto por ti, eu vou passar pros meus filhos'.

Com tanta experiência nas arquibancadas, ela já presenciou muita história sendo feita para o clube. "Eu não tenho ideia de quantas taças eu vi serem levantadas pelo Palmeiras, mas foram muitas. Estive presente em muitas finais em que saímos campeões. Isso é muito bom. E mesmo sendo palmeirense desde que eu nasci, não posso dizer que tenho um ídolo do time. Meu ídolo é o próprio Palmeiras", diz.


"Não é comum ver mulheres da minha idade no estádio"

"Se forem para Montevidéu, podem contar comigo", disse Iieana para os filhos sobre a final da Libertadores. E ela marcou presença na arquibancada - Acerveo pessoal  - Acerveo pessoal
"Se forem para Montevidéu, podem contar comigo", disse Ileana para os filhos sobre a final da Libertadores. E ela marcou presença na arquibancada
Imagem: Acerveo pessoal

Foi só os filhos darem uma pequena indicação de que queriam ver a final da Libertadores ao vivo em outro país que Ileana já mandou avisar: eu vou junto. E foi. Marcou presença no Estádio Centenário de Montevidéu e viu o Palmeiras levantar a taça de bicampeão da América. "Não é comum ver mulheres da minha idade no estádio. As pessoas me viam na arquibancada e vinham pedir fotos. Tirei várias. Achavam diferente uma mulher sair de São Paulo e ir para Montevidéu só para ver futebol. Essa vitória foi sensacional, me deu muito prazer", conta Ileana, que mal saiu de uma vitória e já estava fazendo as malas novamente.

Iieana e sua família no estádio da final do Mundial de Clubes em Abu Dhabi. Ela acompanhou os dois jogos nos Emirados Árabes  - Acervo Pessoal  - Acervo Pessoal
Ileana e sua família no estádio da final do Mundial de Clubes em Abu Dhabi. Ela acompanhou os dois jogos nos Emirados Árabes
Imagem: Acervo Pessoal

Desta vez, a música da torcida que combina com o momento é: "Se o Palmeira vai jogar, eu vou". Lá estava ela, estava Ileana rumo aos Emirados Árabes. "Fui para Dubai na mesma condição que fui para o Uruguai: se não ganharmos, pelo menos a gente aproveita o turismo. E como não levamos a taça dessa vez, tenho certeza que vamos ter mais uma chance de ir ao Mundial e ver o Palmeiras campeão. Lá eu estive presente nos dois jogos: tanto na semifinal quanto na final. Foi uma pena não ganharmos, mas não tem problema. Olha, assistir o futebol lá e aqui não teve muita diferença. Tinha muita torcida do verdão e fizemos muito barulho. Cantamos o tempo todo. Como palmeirense achei sensacional", conta, cheia de confiança.

"Tem que jogar com alma e o coração"

E mesmo depois de presenciar o verdão levantando duas taças com o time principal e uma com os Crias da Academia só em 2022, Ileana quer mais. "Espero que venham mais títulos esse ano. O Abel Ferreira é muito bom. O time gosta e acredita nele, por isso tenho uma sensação que se esforçam para que tudo dê certo. Ganhar não é só bom para o técnico, é também para o jogador. Conta no currículo dele. Eu sinto que os jogadores de hoje não jogam só pelo time, mas jogam pelo Abel também", diz.