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Trancista que já atendeu Valeska Popozuda faz chá revelação em supermercado

A trancista carioca Vanessa de Souza é mãe de 4 e será avó pela terceira vez - Arquivo pessoal
A trancista carioca Vanessa de Souza é mãe de 4 e será avó pela terceira vez Imagem: Arquivo pessoal

Fernando Barros

Colaboração para Universa, em Salvador

25/09/2022 12h58

Mãe de quatro e avó de um menino, a trancista Vanessa de Souza, 36, não se segurou de ansiedade e resolveu descobrir o sexo do segundo neto dentro de um supermercado no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (21).

O momento com a filha, grávida de cinco meses, e o genro, foi registrado em vídeo e o post no seu perfil no Twitter já tem mais de 433 mil visualizações e mais de 15 mil curtidas. Nesse mesmo dia, ela ainda descobriu ainda que a nora também está grávida, de dois meses.

Vanessa, que já trabalhou com artistas como a cantora de funk Valesca Popozuda, estava na fila do popular supermercado Guanabara quando resolveu abrir o lança confetes com a cor que indicaria o sexo do neto ali mesmo. Ela havia comprado o item em outra loja. No vídeo, é possível ver a euforia e a vibração da trancista ao saber que a filha vai ter uma menina.

"Já tenho um netinho de seis meses chamado Ezequiel, que é filho da minha outra filha, então eu tinha dado o palpite de que agora seria uma menina e acertei. Por isso, pulei e gritei tanto na hora", explica a Universa. A menina se chamará Lorena.


Com a repercussão do vídeo, Vanessa diz que recebeu vários comentários negativos, como o fato de querer se promover, e até pensou em apagar a publicação, mas seguiu em frente. "Não foi nada pensado ou programado e é muito chato ver as pessoas falando mal. Eu não queria que minha filha lesse aquilo e afetasse a gestação dela, mas quando me dei conta já tinha tomado uma proporção tão grande que não adiantava mais eu apagar", diz ela.

Vanessa entre os filhos Rayane, Ryan, Ruany e Raí - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Vanessa entre os filhos Rayane, Ryan, Ruany e Raí
Imagem: Arquivo pessoal

"Enfrentei muitas dificuldades na vida, mas nunca abandonei um filho"

Moradora de Nova Holanda, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, Vanessa saiu de casa aos 13 para morar com o pai de seus quatro filhos —além de Rayane, ela é mãe de Ryan, 19, Ruany, 16, e Raí, 14. Mas acabou cuidando deles sozinha após a separação. "Passei por muitas dificuldades, trabalhei muitas vezes sem dormir, mas não deixei faltar nada para eles. Foi difícil mas nunca pensei em desistir dos meus filhos, da minha família".

Com a neta chegando, ela sonha em sair do aluguel e comprar uma casa bem grande para acomodar a todos, inclusive os animais em situação de rua que ela resgata para depois conseguir uma adoção. "Tenho vários gatinhos e cães na minha casa esperando por um novo lar. Às vezes fica puxado para cuidar, mas tenho muito amor por bichos. São seres que também merecem uma vida digna assim como nós".

"Trançar cabelos é uma forma de ajudar outras mulheres"

Vanessa aprendeu a trançar cabelos aos 12 anos, mas somente em 2016 passou a se dedicar a esse ofício exclusivamente. Antes, trabalhava como auxiliar de serviços gerais e atuava como trancista para complementar a renda. Hoje, tem seu próprio salão na comunidade onde mora, o Vrr Tranças, e, apesar das oscilações no movimento, diz que tem uma clientela fiel conquistada ao longo do tempo, como a funkeira Valesca Popozuda.

"Ela é uma artista muito humilde e já trancei seu cabelo algumas vezes. Sempre que faço, ela tira foto, posta nas redes sociais, me marca. Ela é gente como a gente", diz, admirada.

Ela conta que vê no trabalho como trancista também a oportunidade de ajudar a resgatar a autoestima de outras mulheres. "Quando eu era pequena, tive muita dificuldade em cuidar do meu cabelo, até que conheci as tranças e, quando passei a trabalhar com isso, vi que outras mulheres, principalmente negras, também tinham essa dificuldade. Por isso, trato minhas clientes como eu gostaria de ser tratada. Quero que elas levantem da cadeira se amando mais, se sentindo mais belas e poderosas", afirma.

Ela ainda ministra cursos de formação profissional para ensinar esse ofício a outras pessoas, e quer dar aulas a quem não tem condições de pagar. "Amo o que faço, quero cada vez mais ser reconhecida nisso e poder ajudar outras mulheres como eu".