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Ex acusa jogador do Palmeiras de agressão: 'Me sufocava em todas as brigas'

De Universa, em São Paulo

07/08/2022 04h00

Grávida de 6 meses de uma menina, a estudante Ariatine Menice, 23 anos, acusa o ex-namorado Michel dos Santos, jogador da base do Palmeiras, de praticar violência doméstica contra ela por um ano. Ele nega as acusações.

Em entrevista a Universa, Ariatine contou que morou com Michel, que tem 19 anos, até o fim de junho deste ano, quando teria acontecido a agressão mais grave. Ela mostrou fotos do corpo com diversos hematomas e arranhões.

"Ele já era abusivo desde o começo do relacionamento, mas eu não me dava conta. Depois que engravidei, a situação piorou. Após um mês, ele passou a não aceitar mais a gravidez. E me sufocava em todas as brigas."

A estudante ainda contou que os vizinhos do apartamento em que viviam "ouviam os gritos e interfonavam, mas Michel falava que estava tudo bem, que era só briga de casal".

Em 28 de junho, a discussão teria começado, segundo Ariatine, porque ela não estava passando bem e queria ir ao médico, mas ele teria se recusado a levá-la. A estudante conta que achou que ia morrer ou perder a bebê: "Ele puxou meu cabelo, fiquei até com uma falha. Depois me chutou, apertou meus braços".

Ariatine registrou dois boletins de ocorrência contra o jogador, em delegacias comuns. Universa confirmou a existência dos boletins. A jovem conseguiu também uma medida protetiva para que Michel não se aproxime dela, a que Universa teve acesso. Para Mariana Serrano, advogada da estudante, "qualquer mulher devia ter o direito de ir a uma delegacia, falar o que sofreu e ser ouvida".

Mariana ressalta que quando a vítima está grávida, o caso é considerado ainda mais grave, o que pode aumentar a pena do agressor, caso seja considerado culpado. Além disso, a estudante teria direito a uma pensão referente a alimentos gravídicos (aplicada para gestantes), mas o pagamento não está sendo feito, de acordo com ela.

"As feridas no corpo curaram, mas meu psicológico está muito abalado. Com a gravidez está tudo bem, mas é
difícil lembrar os dias que passei naquele apartamento. Minha filha está me dando forças", desabafa Ariatine. Ela ainda completa: "Espero justiça, por mim e pelas outras que não tiveram voz. Sou grata por estar viva e estar expondo tudo isso, porque muitas mulheres morrem nessa situação".

Outro lado

Procurado para comentar as declarações de Ariatine, o advogado Welton Roberto, que representa o jogador Michel, argumentou que as fotos da estudante mostrando os machucados "talvez sejam da vez em que ela agrediu a mãe, que revidou".

Segundo ele, a estudante só foi morar com Michel porque há um boletim de ocorrência dessa agressão registrado em março deste ano. Universa não conseguiu acesso a esse B.O. "A mãe a expulsou de casa, e o Michel a acolheu. Michel nunca agrediu Ariatine", ressalta. A estudante afirma que a briga com a mãe aconteceu porque ela não aceitava o relacionamento da filha com o atleta.

O advogado também alega que ela quebrou a medida protetiva pedida por ela mesma, ligando e mandando mensagens para o jogador. E fez uma acusação: "Ela quebrou o apartamento dele inteiro e rasgou todas as roupas dele, inclusive os uniformes de treino que são a roupa de trabalho dele".

Sobre a pensão de alimentos gravídicos, Welton Roberto afirma que o jogador vai pagar e já teria feito uma oferta de valor com o qual pode arcar.

Para o advogado, Ariatine está mentindo. "As redes sociais dela falam por si só. Michel nunca a agrediu, e quem quiser é só ver a vida que ela levava." Ele afirma, ainda, que espera que os vizinhos apareçam para depor.

Já a advogada da estudante rebate os argumentos. "Sempre somos as histéricas e nunca as vítimas. As sequelas precisam ser levadas a sério. Precisamos parar de colocar tudo na conta da mulher, que é tida como 'a louca'. Desmerecer a vítima não faz dela menos vítima."

Ariatine, atualmente, está morando com parentes.

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Ao ouvir uma mulher pedir socorro, é fundamental chamar a polícia pelo número 190, porque uma vida pode estar em risco. Denúncias também podem ser feitas pelo 180 (central de atendimento à mulher) ou no Disque 100 (violação de direitos humanos). Em algumas capitais, as mulheres têm ainda a opção de procurar a Casa da Mulher Brasileira para denunciar violência e receber acolhimento.