Alopecia: médicos falam como queda de cabelo afeta autoestima da mulher

Durante a cerimônia do Oscar 2022, no domingo (27), os filmes ficaram de lado e o que ganhou os holofotes foram os cabelos - ou a falta deles - de Jada Pinkett Smith. A atriz, que luta contra a queda de cabelo e fala desde 2018 que tem alopecia, se tornou o grande centro das discussões após se tornar alvo de uma piada do comediante Chris Rock, o que rendeu um tapa de Will Smith, marido de Jada.

A alopecia de Jada é causada por uma doença autoimune. Mas é importante saber que a doença pode ter diferentes origens. "Não fica claro qual doença autoimune a Jada tem, mas a alopecia pode ter várias origens. É uma doença no couro cabeludo que pode culminar na perda de cabelo. Existe a alopecia androgenética, que é a calvície feminina, a alopécia de tração, que pode ser mais comum em mulheres negras porque é uma consequência da força que se faz nas tranças, por exemplo, o que afeta a região frontal do rosto", diz Fernanda Nichelle, dermatologista de Porto Alegre (RS).

Relacionadas

Atriz Heslaine Vieira trança o cabelo e alerta sobre a alopecia de tração

"Por que você ficou careca?": desafios das mulheres que sofrem com alopecia

Segundo Fernanda, a de Jada é reata, que causa queda dos fios em áreas circulares. Ainda assim, podemos estar falando de várias doenças: hipotireoidismo, lúpus, diabetes... Jada nunca deixou claro qual era seu caso.

De acordo com o site da Biblioteca Virtual de Saúde do Ministério da Saúde, cerca de 1% a 2% da população, levando em consideração ambos os sexos, sofrem com a alopécia areata. O que não a torna uma doença rara, mas pouco comum.

Autoestima em jogo

"Cabelo é uma queixa que aterroriza as mulheres. É algo que mexe muito na autoestima. Elas enfrentam muito preconceito, principalmente se tiverem quedas mais acentuadas. Tem quem ache que é contagioso ou falta de cuidado", diz Patrícia Mafra, dermatologista de São Paulo.

A própria Jada falou em suas redes sociais que não conseguia mais esconder as falhas no cabelo e que sua filha, Willow, a convenceu a raspar os fios. "Estava na hora", disse na legenda de sua foto.

"A paciente e a família sofrem com essa queda. As pacientes ficam com um estado emocional muito complicado", diz Fernanda. Talvez esse tenha sido o motivo da reação tão extrema de Will Smith durante a premiação.

O cabelo é uma referência de beleza e sensualidade dentro dos padrões de beleza que vivemos, por isso é tão doloroso enfrentar sua perda. "Existe essa ligação direta com a feminilidade. Tanto que, quando mudamos um ciclo, logo pensamos em mudar o cabelo. A relação com a autoestima é muito forte", completa tricologista Viviane Coutinho, do Rio de Janeiro

Tratamento e resultados

A tricologista, especialidade médica que visa cuidar e solucionar os problemas dos cabelos e do couro cabeludo, alerta que o tratamento para a alopecia, quando ela está atrelada a uma doença autoimune, é feito em conjunto com outros médicos. "Nesse caso, podemos, por exemplo, trabalhar em conjunto com reumatologista para conseguir cuidar dos processos inflamatórios", diz Viviane. Mas, infelizmente, às vezes não há solução.

"É preciso fazer uma avaliação na paciente para ver se ainda há folículos capilares na região. Se o local tiver tecido cicatricial apenas, a alopecia é irreversível", explica Viviane. Por isso é preciso ficar atenta aos detalhes. Nem toda queda de cabelo é alopecia, mas se perceber que o rabo de cavalo está mais fino, por exemplo, o ideal é procurar um profissional.