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Exposição de vídeo íntimo já fez vítimas como Alexandre Borges: como lidar?

Como manter privacidade em nudes? Dicas passam por não mostrar o rosto e outras características facilmente reconhecíveis - Oleg Elkov/Getty Images/iStockphoto
Como manter privacidade em nudes? Dicas passam por não mostrar o rosto e outras características facilmente reconhecíveis Imagem: Oleg Elkov/Getty Images/iStockphoto

De Universa

09/01/2022 14h54

Na internet, o vazamento e a publicação indevida de vídeos íntimos já fez vítimas anônimas e famosas. Entre as figuras públicas, o ator Alexandre Borges já foi exposto. A ex-esposa do artista, a atriz Julia Lemmertz, classificou a divulgação do conteúdo nas redes sociais como uma "sacanagem", em entrevista à Ela, revista do Jornal O Globo.

O vídeo íntimo do ator Alexandre Borges, vazado em 2016, mostrava-o acompanhado de outras mulheres. Desde 2018, quem faz esse tipo de vazamento é enquadrado no crime de importunação sexual.

Infelizmente, Alexandre não é o único que teve sua privacidade violada: o surfista Gabriel Medina, a ex-Fazenda Raissa Barbosa, o youtuber Felipe Neto, o ator Fabio Assunção, o ex-BBB Jonas Sulzbach e a atriz Laura Keller, entre outros, também foram alvo dessa prática. O que fazer se isso também acontecer com você?

Vazamento de vídeo ou foto íntima: como proceder

Espalhar na internet fotos ou vídeos de sexo ou pessoas nuas, sem o consentimento delas, é configurado crime, com reclusão de um a cinco anos, que pode ser ampliada se o praticante do crime já teve relação afetiva com a vítima; no entanto, pipocam casos em que são divulgados materiais de famosos ou de "pornografia de vingança", quando um parceiro ou ex veicula o conteúdo que havia recebido de outra pessoa, geralmente após o término da relação.

Em entrevista à Universa, a antropóloga Beatriz Accioly, que escreveu o livro "Caiu na Net: Nudes e Exposição de Mulheres na Internet" (editora Telha), explicou que há dicas para garantir mais segurança no envio de nudes ou de gravações eróticas, como tentar esconder rosto, tatuagens, marcas e outras características físicas que identifiquem diretamente a pessoa que está na imagem.

Ao mesmo tempo, para a especialista, a discussão deve ser sobre como a quebra do voto de confiança, principalmente entre homens e mulheres.

"Não existe sexualidade 100% segura, ainda mais em uma sociedade tão desigual para homens e mulheres. Você não tem como garantir, mas pode conversar sobre direitos e deveres, sobre consentimento, que é uma negociação constante. É possível e desejável uma experiência com nudes, assim como a sexualidade em geral, sadia, consciente, livre, consensual e mutuamente prazerosa", explica.

"Acabou a relação, mas você ainda tem conteúdo dessa pessoa. O que vai ser feito com esses materiais? Uma postura ética e cuidadosa é fundamental, especialmente porque os conteúdos digitais duram."

Ajuda

Os especialistas em crimes digitais alertam que não há 100% de segurança na privacidade de um conteúdo que foi enviado a outra pessoa. De fato, há o risco de que ela publique seu nude na internet em algum momento. Se isso acontecer, é possível recorrer a meios legais para que o autor do vazamento seja identificado.

Aqui, algumas dicas compiladas no Manual Universa Para Jornalistas - Boas práticas na cobertura da violência contra a mulher: se você for vítima dessas situações, pode buscar registro em delegacias da mulher ou nas delegacias especializadas em crimes virtuais.

Em caso de proximidade com quem vazou as fotos, ou de sextorsão (pedido de algo em troca para não ter o conteúdo liberado sem consentimento) ou cyberbullying, é possível que seja enquadrado diretamente como violência psicológica, sob a lei Maria da Penha.

Para tomar medidas judiciais, vale a pena tentar registrar tudo que for possível do "caminho" do material na internet: onde foi publicado, quem enviou, como chegou até você.

Por fim, é recomendado solicitar às redes sociais e ao Google, caso esteja em resultados de busca, a retirada do conteúdo. Isso está garantido pelo Marco Civil da Internet. A ONG Safernet, além de dar informações sobre como proceder nessas situações, também oferece canal de ajuda a quem é vítima.

Vale lembrar que a culpa do vazamento nunca é de quem enviou o conteúdo e, sim, de quem distribuiu sem autorização.