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Guia apresenta 7 "mandamentos" pra promover igualdade de gênero em startups

Participação das mulheres em diferentes áreas da tecnologia não passa de 30%, segundo o "Gender Gap Report" deste ano - iStock
Participação das mulheres em diferentes áreas da tecnologia não passa de 30%, segundo o "Gender Gap Report" deste ano Imagem: iStock

De Universa, em São Paulo

22/06/2021 04h00

Das oito áreas consideradas "empregos do amanhã" pelo Fórum Econômico Mundial, seis estão ligadas à tecnologia, campo de atuação em que a participação feminina ainda é muito baixa e dificilmente passa dos 30%, segundo o relatório "Gender Gap Report" deste ano.

Pensando nisso, a WE Impact, a Gema Consultoria em Equidade e o Programa "Ganha-Ganha: Igualdade de Gênero Significa Bons Negócios" lançam nesta semana a cartilha "Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups", com sete "mandamentos" para ajudar startups a impulsionar a carreira de mulheres na tecnologia.

Os chamados WEPs, da sigla em inglês para Princípios de Empoderamento das Mulheres, existem desde 2010, quando foram criados pela ONU Mulheres para apoiar empresas em ações por mais equidade no ambiente de trabalho. Entre eles, estão "tratar todas as mulheres e homens de maneira justa no trabalho" e "promover o desenvolvimento profissional das mulheres".

Agora, os sete princípios foram adaptados para garantir que possam ser aplicados no dia a dia das novas empresas de tecnologia.

"Ao incentivar a liderança e o empreendedorismo de mulheres nas startups, contribuímos para diminuir a sub-representação feminina na tecnologia, enfrentando a desigualdade salarial e outras barreiras que afastam mulheres da emancipação econômica", afirma Isabela Del Monde, advogada, colunista de Universa e uma das sócias fundadoras da Gema Consultoria em Equidade.

Conheça os Princípios de Empoderamento das Mulheres para Startups:

  • Estabelecer liderança corporativa de alto nível pela igualdade de gênero
  • Tratar todas as mulheres e homens de maneira justa no trabalho - respeitar e apoiar os direitos humanos e a não discriminação
  • Garantir a saúde, a segurança e o bem-estar de todos os trabalhadores e trabalhadoras
  • Promover a educação, o treinamento e o desenvolvimento profissional das mulheres
  • Apoiar o empreendedorismo feminino e promover políticas de empoderamento das mulheres por meio das cadeias de suprimentos e do marketing
  • Promover a igualdade de gênero por meio de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social
  • Medir, documentar e publicar os progressos para alcançar a igualdade de gênero

Cada mecanismo é apresentado de forma detalhada na cartilha, que está disponível no site do projeto. Eles também serão discutidos em um evento gratuito, transmitido ao vivo pela internet em 6 de julho — para participar, é necessário se inscrever.

Empreendedoras recebem menos investimentos

Se as mulheres não passam de 30% das pessoas contratadas em diferentes áreas da tecnologia, o caminho tem ainda mais obstáculos para as profissionais que querem empreender: apenas 15,7% dos fundadores de startups são mulheres, segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Dados divulgados pelo Latin America Business Stories (LABS) mostram, ainda, que dos 4,4 bilhões investidos em startups latinoamericanas em 2020, nenhum foi destinado a empresas de tecnologia fundadas exclusivamente por mulheres.

Empresas lucram mais com políticas de igualdade

Uma pesquisa publicada em 2019 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que empresas que investem em igualdade de gênero têm melhores resultados.

De acordo com o estudo, que avaliou empresas de todos os tamanhos em 70 países, políticas de equidade e diversidade tornam uma companhia 60% mais suscetível a ser mais produtiva e até mais lucrativa — 74% das 13 mil companhias que participaram da pesquisa perceberam aumento de 5% a 20% nos lucros.

"A equidade deve ser considerada uma estratégia de negócios e empresas de todos os tamanhos e setores têm responsabilidades para avançarmos na agenda de igualdade para a construção de um mundo mais sustentável, que tenha oportunidades iguais para todas e todos, considerando especialmente os grupos que sofrem diferentes formas de discriminação, como mulheres negras, indígenas e pessoas LGBTQIA+", afirma Anastasia Divinskaya, representante da ONU Mulheres Brasil.