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"Não sou mais de ninguém": elas comemoraram o divórcio pelo TikTok

Bruna considera o dia em que se divorciou legalmente um dos mais felizes da sua vida - Acervo pessoal
Bruna considera o dia em que se divorciou legalmente um dos mais felizes da sua vida Imagem: Acervo pessoal

Ana Bardella

De Universa

17/06/2021 04h00

Quem já passou pelo rompimento de um casamento sabe o quanto o momento de assinar os papéis do divórcio é significativo. Mas enquanto para alguns a experiência é traumática, para outros simboliza o início de uma nova fase.

Prova disso são as comemorações nas redes sociais: basta uma busca pela palavra "divórcio" no TikTok para encontrar centenas de pessoas dançando, jogando a aliança para cima e ostentando a certidão que atesta o fim da união ao som da música "Não sou de ninguém", da banda Forró Anjo Azul.

Mas será que, na vida real, o processo é tão simples como parece na internet? A seguir, Universa conversou com três mulheres que contam os bastidores de suas separações e por que decidiram dividir a novidade em forma de comemoração com seus seguidores:

"Casamos cedo e assinar o divórcio foi um dos dias mais felizes da nossa vida"

"Comecei a namorar aos 14 anos. Eu estava encantada, tinha aquele sonho de ficar junto dele para sempre e, por causa da empolgação, casamos quando eu tinha 17 anos. Ficamos juntos por uma década, mas passei por períodos de muito desgaste. Por ser jovem e ter pouca experiência de vida, aceitei passar por situações desnecessárias. Fui tratada com falta de respeito e tentei passar por cima de traições. Quando me dei conta do quanto a relação era abusiva, tomei a decisão de me separar.

No início, não foi um divórcio amigável, pois envolveu muitas brigas. Mas quando assinamos os papéis, tenho certeza de que foi um dos dias mais felizes das nossas vidas. Em especial para mim, que me libertei. Estava tão feliz que decidi gravar um vídeo e postei sem pretensão alguma. Ele acabou viralizando e até hoje recebo a mensagem de muitas mulheres que estão criando coragem para se separar. Sempre digo para elas que a companhia certa é aquela que nos impulsiona para frente. Se não for assim, melhor partir para outra".

Bruna Bassi, 28 anos, esteticista, de Maringá (PR)

"A decisão partiu de mim, mas ainda assim foi muito dolorida"

"Quando tinha 21 anos, me casei. Permaneci na relação por quatro anos, até compreender que a minha escolha havia sido precipitada: meus sonhos estavam sendo deixados de lado e não me sentia segura. Mesmo perdoando traições, não conseguia mais enxergar o homem que estava do meu lado como um bom companheiro. No início, ele não aceitou bem a ideia da separação, mas depois chegamos a um acordo. Como o final da nossa relação foi extremamente turbulento, sinto dificuldade em lembrar dos momentos bons, uma vez que as fases ruins se tornaram mais marcantes.

O dia em assinei os papéis do divórcio foi complicado. Chorei bastante, mas entendi que mesmo amando demais meu ex-marido, eu teria que me amar mais, ser forte e me manter firme na decisão. Com o passar do tempo, fui tomando coragem para falar sobre esse assunto nas redes sociais e via o quanto as pessoas ficavam curiosas. Até que decidi gravar um vídeo dançando, exibindo os documentos da separação. Não esperava que repercutisse tanto: recebi muitas críticas, principalmente masculinas, sobre falar do assunto nas redes sociais. Já da maior parte das mulheres, recebi palavras de incentivo e desabafos de insatisfação no casamento".

Samara Nunes, 26 anos, empreendedora, de Ibirité (MG)

"Casei por impulso e o divórcio significou um recomeço"

"Quando estava próximo de completar 18 anos, fui visitar um parente que havia sido preso. Durante a visita, acabei reencontrando um rapaz com quem já havia conversado algumas vezes em ocasiões sociais. Sabia que ele trabalhava, que era uma boa pessoa, mas que tinha perdido o irmão há pouco tempo de forma violenta. Por causa disso, ele havia cometido um crime — e agora estava pagando por ele. Nos aproximamos e começamos a namorar. Para que pudesse visitá-lo, no entanto, precisamos nos casar no papel. Fiz isso de forma muito rápida, na emoção, assim que atingi a maioridade.

Assim que ele conseguiu o regime semiaberto, voltou a trabalhar, juntar dinheiro e construímos uma vida em conjunto. Aos 20 anos, me tornei mãe. Assim que ele saiu completamente da prisão, aplicamos nosso dinheiro em uma empresa, que começou a fazer sucesso. Eu passava a maior parte do dia em casa, com nosso filho, por isso só fui descobrir sobre as traições dele depois de um tempo. Foi um período delicadíssimo, no qual eu me culpava e me questionava o que havia feito de errado. Com auxílio de uma terapeuta, entendi que passei a viver em função dele. Não tinha mais amigos, perdi minha identidade e precisava me reencontrar.

Optei pelo divórcio. Gravei o vídeo de comemoração quando saíram os papéis porque acredito que essa seja uma nova oportunidade. Ninguém casa para se separar, mas tomei as dores de alguém no passado e paguei o preço por isso. Agora, mais madura, tenho a chance de começar do zero, mudar meu estilo de vida, encontrar novos caminhos".

Eduarda Almeida, 22 anos, engenheira de produção, Rondonópolis (MT)

Errata: este conteúdo foi atualizado
Rondonópolis fica no MT, não em MG, como informamos inicialmente.