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Colado, drapeado, tie dye: marcas diversificam modelos de vestido plus size

A cantora Jojo Todynho posa para a revista "JP" - Reprodução/Instagram
A cantora Jojo Todynho posa para a revista "JP" Imagem: Reprodução/Instagram

Jéssica Arruda

Colaboração para Universa

22/03/2021 04h00

Basta dar uma olhada nas redes sociais para ver a cantora Jojo Toddynho, a modelo Letticia Munizz, ou as influenciadoras Alexandra Gurgel e Ju Romano com vestidos sexy, colados ao corpo e/ou que exibem parte dele. E de marcas nacionais e fast fashions, o que até pouco tempo atrás era algo raro.

Mas, finalmente, a moda brasileira acordou e começa a oferecer numeração que vai do 50 ao 70, para a consumidora "plus size" que busca uma das peças favoritas das mulheres, o vestido, com modelagem e estampas atuais, iguais as oferecidas para quem usa tamanhos menores.

Janayra Martins, 33, celebra a nova oferta. A modelo não conseguia achar vestidos que refletissem sua personalidade. O que encontrava era mais do mesmo: peças com estilo único, sem liberdade de movimentos ou de escolha. "Hoje vejo uma conexão maior com a moda tradicional com vestidos que seguem referências e modelagens da moda e bom caimento."

O mercado está mais atento e investindo em vestidos plus size. Uma pesquisa da InStyle durante a Semana de Moda de Nova York Outono/Inverno 2020/21 mostrou, por exemplo, que 22% dos estilistas apostaram em roupas tamanho 54 e que 49% das marcas oferecem peças acima do 48.

As redes de fast fashion também passaram a disponibilizar vestidos em tamanhos que vão do 46 ao 54, com cortes que valorizam as curvas e o estilo de cada mulher. A Ashua Curve & Plus Size, do grupo Lojas Renner, faz, além de seis coleções por ano, lançamentos semanais nas lojas físicas e no on-line. A C&A ea Riachuelo também têm linhas plus size.

Não basta só aumentar o tamanho

Nem toda mulher gorda tem o corpo igual: a partir daí, fica fácil entender por que não basta apenas ampliar um vestido pequeno para um tamanho maior. É preciso levar em conta tecidos e proporções em um trabalho quase artesanal de modelagem, provas e mais provas para alcançar o caimento perfeito. Isso demanda mais tempo e, na maioria das vezes, eleva o preço da peça final.

"É uma engenharia, não é uma coisa simples. Realmente uma roupa GG usa 30 a 50% a mais de tecido do que uma PP. E também tem a questão da mão de obra: temos poucas modelistas especializadas neste segmento", diz Renata Poskus, consultora de moda e estilista da marca Maria Abacaxita, que oferece roupas do tamanho 44 ao 58.

A influenciadora Ju Romano exibe vestidos com modelagens e recortes da moda em suas redes sociais - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
A influenciadora Ju Romano exibe vestidos com modelagens e recortes da moda em seu Instagram
Imagem: Reprodução/Instagram

O desafio é conseguir uma peça que agregue informação de moda ao lado de características que sustentam as curvas, como costura dupla, alças reforçadas e tecido estruturado, que não deixa a roupa transparente ao esticar e nem limita os movimentos.

"Hoje, usamos malhas com toque mais delicado e conforto térmico ao lado de tecidos planos como tricoline de algodão, viscose e até linho, que têm um caimento melhor", explica Renata. Segundo ela, algumas peças ganham, ainda, elástico nas costas ou um zíper grande na lateral para oferecer conforto extra, especialmente para as mulheres que compram on-line roupas sem provar.

Mostrar o corpo, não camuflar

Estampas ultrapassadas e peças confeccionadas com sobras de tecidos deram espaço a modelos pensados em vestir com estilo o corpo gordo — e não mais camuflá-lo. Luciane Grochal, 32, turismóloga e modelo plus size há quatro anos, usa tamanho 60 e conta que durante muitos anos só usava vestidos pretos em modelos que cobriam os braços. Agora, com a maior oferta vestidos em seu tamanho, se arrisca em cores, estampas e até com recortes ousados.

Encontrei uma variedade de vestidos que também ajudou na minha autoestima, já que consigo encontrar produtos que realmente foram desenvolvidos para o corpo da mulher gorda. Prefiro modelos acinturados e evasê, mas confesso que estou em adaptação para, em breve, usar um tubinho

Confira as tendências em vestidos além do GG

  • Camisetão (T-shirt dress)

O vestido estilo "camisetão" curtinho pode ser usado tanto nos dias quentes quanto no inverno. Basta investir em acessórios como tênis ou botas e também nas sobreposições, dependendo da temperatura. Modelos retos ou levemente acinturados ganham estampas atuais como a tie-dye.

  • Chemise

Para a consultora Renata Poskus, o modelo inspirado na camisaria masculina não pode faltar no guarda-roupa das gordinhas, porque modelo traz inúmeras possibilidades de combinação, desde um look mais arrumadinho para o trabalho até uma saída de praia.

  • Envelope (ou "wrap dress")

O clássico wrap dress, transpassado e com decote em V, marca a cintura e valoriza o colo. E tem a vantagem de vestir bem diversos tipos de corpos, especialmente os cheios de curvas. Seja qual for o comprimento ? curtinho, midi ou longo, o vestido-envelope confere um visual leve e romântico à produção.

  • Estampados com recortes

Estampas são bem-vindas e, ao contrário do que muita gente pensa, não dá a impressão de volume extra no corpo. ?A verdade é que a modelagem da peça e o corte conferem essa sensação de parecer mais gorda - e não a estampa?, afirma Renata.

  • Lastex

Sucesso nos anos 70 e 90, os detalhes franzidos com elástico, especialmente no busto e na cintura, andam fazendo sucesso — a influenciadora Ju Romano é adepta. O que se vê são modelos com decote ciganinha, mangas bufantes e cores vibrantes para todas as ocasiões. O cuidado aqui está em buscar peças com elástico reforçado e tecido de sobra que possa esticar sem comprometer o look final.