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Ex é suspeito de mandar matar mulher em falso assalto; ela está paraplégica

A balconista Ingrid Mendonça Ribeiro, de 34 anos - Arquivo Pessoal
A balconista Ingrid Mendonça Ribeiro, de 34 anos Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para Universa, em São José do Rio Preto (SP)

01/12/2020 12h17

A balconista Ingrid Mendonça Ribeiro, de 34 anos, ficou paraplégica e viu sua vida mudar drasticamente após ser baleada. Ela foi vítima do que é investigado como um assalto forjado pelo seu ex-marido, que não aceitava o fim do relacionamento. O crime aconteceu na farmácia onde a vítima trabalhava, no centro de Iguape, no litoral de São Paulo, em outubro deste ano. Segundo a Polícia Civil, o ex e mais duas pessoas suspeitas de envolvimento no crime estão presas.

O disparo atingiu o ombro da balconista, atravessou a coluna e a bala ficou alojada em seu quadril, fazendo com que Ingrid perdesse os movimentos da cintura para baixo.

De acordo com a família de Ingrid, na noite do dia 16 de outubro dois homens invadiram a farmácia onde a mulher trabalhava e anunciaram o assalto. Os funcionários do local foram trancados nos fundos do estabelecimento, enquanto a dupla roubava objetos e cerca de R$ 2,8 mil que estava no caixa. Antes de deixarem o local, um dos assaltantes teria ido em direção de Ingrid e disparado contra ela.

"Nesse dia era aniversário de 11 anos do filho da Ingrid e a nossa família havia combinado de fazer pizza e comer um bolo, em casa mesmo, para comemorar a data. Faltavam cinco minutos para a Ingrid deixar o trabalho quando tudo aconteceu", relata a familiar, que, com medo, pediu para não ter o nome divulgado.

Após o roubo e o tiro em Ingrid, os bandidos fugiram em um carro prata. Na fuga, os suspeitos foram perseguidos pela Polícia Militar e capotaram o veículo. O motorista, que seria o autor do disparo contra a balconista, morreu no local. Já o comparsa teve ferimentos leves.

ingrid - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
A balconista Ingrid Mendonça Ribeiro, de 34 anos, precisou ficar na UTI e vem reaprendendo a se movimentar, agora como paraplégica
Imagem: Arquivo Pessoal

Ao ser preso, segundo a Polícia Civil, o homem teria confessado que o ex-marido da balconista havia pago R$ 5 mil à vista e pagaria mais R$ 13 mil parcelado para que os assaltantes matassem a ex-mulher. O ex-marido de Ingrid e um outro homem, que teria intermediado a negociação, também foram presos. Ainda de acordo com a corporação, os três permanecem detidos e aguardam julgamento.

O delegado Marcos Augusto Ribeiro de Almeida afirmou a Universa que "o ex-companheiro da vítima disse em depoimento que havia contratado os homens para matar a sua mulher e depois teria se arrependido, mas como a negociação já estava feita ele não conseguiu reverter a situação. O inquérito policial já está finalizado e agora o caso está com a justiça".

Depois do crime, Ingrid precisou ficar internada na UTI e a bala que estava em seu quadril foi retirada. "Uma semana depois do crime ela teve alta para poder se recuperar em casa. Quando ficou sabendo que estava paraplégica, ela parou de se alimentar e de falar, aí começamos a luta para ajudá-la. Hoje ela faz acompanhamento com uma equipe multidisciplinar para ir reaprendendo os movimentos e já começou a sentar sozinha. Mas é muito difícil, uma mãe que tinha sua casa, sua moto, trabalhava, tinha toda a sua independência se ver em uma cama", acrescenta a familiar.

Vaquinha virtual

Sem condições financeiras de arcar com todos os gastos, a família de Ingrid lançou uma campanha virtual para conseguir comprar uma cadeira de rodas motorizada e um guincho para que Ingrid tenha mais independência e consiga sair da cama sozinha. Os equipamentos custam, em média, R$ 20 e R$ 8 mil, respectivamente.

"Ganhamos algumas coisas, como a cama e o colchão, mas queríamos conseguir comprar essa cadeira para que ela possa aos poucos ir retomando a sua vida", diz.

Ainda segundo a família de Ingrid, o diagnóstico sobre sua paraplegia não foi concluído. "Não sabemos se o quadro dela é reversível porque estamos aguardando os laudos médicos que vão detalhar o quadro e se há alguma esperança de um dia ela voltar a andar. Apesar de os médicos não darem esperança, temos fé de que isso mude", acrescenta a parente.

Medida Protetiva

Ingrid foi casada durante cinco anos e um mês antes da tentativa de feminicídio. Segundo a família, a balconista já havia sofrido agressões e por isso se separou.

"Ele a agredia e um dia tentou estrangulá-la. Foi aí que ela começou a repensar o casamento e deu um basta pedindo a separação. Após ele sair da casa onde eles moravam, em setembro, ele começou a perseguir a Ingrid, ficava ligando e um dia de madrugada ele foi até a casa dela embriagado", conta Carla.

Ingrid tinha uma medida protetiva contra seu ex-companheiro, mas isso não o intimidava e segundo a família da balconista, o homem continuava a perseguir a mulher.

"Ela colocou câmeras na casa dela e isso o intimidou um pouco de ir até lá. Mas dias antes do crime ela notou que um carro passou a segui-la, mas ela ainda não tinha conseguido pegar a placa", diz.

A reportagem busca a defesa do suspeito e atualizará a reportagem caso receba um posicionamento.