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Homem é suspeito de envenenar ex-mulher; filho morre na amamentação

Policiais examinam corpos encontrados em região de mata em Rio dos Cedros (Santa Catarina) - Divulgação/Polícia Civil de Santa Catarina
Policiais examinam corpos encontrados em região de mata em Rio dos Cedros (Santa Catarina) Imagem: Divulgação/Polícia Civil de Santa Catarina

Hygino Vasconcellos

Colaboração para Universa, de Porto Alegre

23/09/2020 13h10

Uma mulher de 34 anos e seu filho de três meses foram encontrados mortos na madrugada de hoje em uma área de mata em Rio dos Cedros (Santa Catarina), a 178 quilômetros de Florianópolis. O ex-companheiro dela e pai da criança, de 36 anos, foi preso suspeito pelo crime em Itapema, a 115 quilômetros de distância de Rio dos Cedros.

Segundo a Polícia Civil, ele confessou o crime e indicou o local onde enterrou os corpos. A suspeita é de envenenamento, e a polícia aguarda exame toxicológico para verificar o tipo de veneno utilizado. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados pela polícia, com base na Lei de Abuso de Autoridade.

Conforme o delegado, o homem vai responder por feminicídio, homicídio (no caso da criança) e ocultação de cadáver. Os investigadores aguardam o resultado da necropsia nos corpos para verificar se há sinais de agressão — o que não foi possível identificar na madrugada já que os corpos estavam em avançado estado de decomposição.

Bebê morreu após ser amamentado

As duas vítimas estavam desaparecidas desde 15 de setembro deste ano e, na última sexta-feira (18), os familiares registraram boletim de ocorrência. Desde então, o homem começou a utilizar o celular da mulher e passou a mandar mensagens para despistar os parentes que estavam procurando mãe e filho, disse a polícia.

Os dois ficaram juntos por um ano e estavam separados há cerca de um mês. Familiares e vizinhos relataram diversas discussões entre eles, o que foi negado pelo homem em depoimento. Em 15 de setembro, a mulher foi dar um "basta" no relacionamento e pediu para ele sair do apartamento. No mesmo dia, ela chegou a consultar um advogado para verificar a possibilidade de pensão. "Naquele dia ele ia se mudar para Itajaí", conta o delegado.

Porém, os dois acabaram jantando juntos e o homem, durante o preparo da refeição, teria colocado veneno na carne servida à ex-companheira, que começou a passar mal uma hora depois. Durante esse período, o bebê foi amamentado e também foi envenenado. "Esse ex-companheiro, a pretexto de socorrê-la, colocou os dois em um veículo — a mãe e o filho — e foi até a cidade Rio dos Cedros, onde, de maneira premeditada, ocultou o cadáver dessas duas pessoas que estavam mortas e colocou em local totalmente ermo, inabitado, em uma zona rural", detalha o delegado.

O homem conhecia a região, já que morou a vida toda por lá e, segundo o delegado, sabia onde poderia esconder os corpos. "Ele trabalhou como madeireiro, fazia trilhas ali, conhecia o local. Só em estrada de chão a gente percorreu duas horas". Ele passou a ser considerado suspeito após "incoerências" identificadas pelos investigadores em seus depoimentos sobre o caso de desaparecimento.

Entre elas, estava a localização apontada no dia em questão: "Ele falava que estava em um lugar, mas estava em outro". Ao confessar, o suspeito disse que cometeu o crime após saber que a ex estava em um novo relacionamento. O suspeito negou ainda que quisesse matar o menino. "Ele disse que não sabia que o veneno poderia passar pela amamentação".