Empresas pouco diversas não sobreviverão; veja como alcançar esse objetivo
Depois de discutir equidade de gênero no mercado de trabalho, desemprego e empreendedorismo e o binômio carreira e maternidade, Universa Talks chega ao quarto dia de debates abordando o tema da diversidade e como as empresas podem trabalhar para diversificar seus quadros.
Já é consenso que a diversidade só traz benefícios para as corporações, inclusive financeiros. Conforme pesquisa da McKinsey, empresas com maior pluralidade em seus times alcançam resultados até 21% maiores que aquelas em que esta não é uma prioridade. Ainda assim, a jornada por oportunidades iguais parece ser longa: incluir pessoas negras e outros grupos classificados como minoria, como os LGBTQ+, nas grandes corporações é um grande desafio para as empresas.
Quais são as políticas de inclusão possíveis e que resultado elas têm dado?
Para discutir o tema, Universa reuniu um grupo de três mulheres emblemáticas na luta pela diversidade nas empresas: Andreia Dutra (CEO da Sodexo On-Site Brasil), Maite Schneider (Fundadora da Transempregos), Andréa Cruz (CEO e fundadora da SERH1, consultoria de transformação e desenvolvimento humano).
A importância da diversidade nas empresas
A importância de tornar uma empresa mais diversa não é apenas humanitária, é também pragmática: segundo pesquisa da consultoria McKinsey, empresas com maior pluralidade em seus times alcançam resultados até 21% maiores que aquelas em que esta não é uma prioridade. A diversidade de experiências, de pontos de vista, de habilidades e de vivências amplia as possibilidades da equipe, favorece a convivência e melhora os resultados globais.
Para Maite, promover a diversidade é um passo para se extrair o melhor das pessoas. "Se tem uma qualidade que une a todos é a diversidade. Se somos diversos na essência, por que a gente tem tanto medo ou não vê a diversidade como uma questão nossa? É preciso perder o medo de quem é diferente", diz
Andréa Cruz lembra ainda que empresas precisam se adaptar aos novos tempos, em que se espera que líderes e corporações tenham propósito e ajam para impactar o ecossistema. "Hoje não adianta mais você ser o único beneficiado. Isso não faz mais sentido", diz. "Perceba que todos os executivos que se destacaram durante a pandemia estão agindo sobre o coletivo."
Empresas e líderes que agem em causa própria não tem mais espaço nessa sociedade Andréa Cruz
Como fazer?
Para Andréa Cruz, o primeiro passo para conquistar a diversidade é sensibilizar a equipe. Ela propõe a seguinte reflexão para recrutadores e empregadores: quais foram os critérios que vocês utilizaram na sua última contratação? Segundo ela, há vieses inconscientes que fazem com que o mesmo perfil de pessoa seja sempre o procurado. "É preciso mesmo que venha de uma determinada universidade? É mesmo preciso que fale inglês? Como valorizar outros talentos tão relevantes em uma empresa, como os relacionados à inteligência emocional?", questiona. Nesse sentido, processos seletivos cegos podem ser um caminho.
Andreia Dutra percebe na prática essa capacidade de mobilização: muitos dos próprios clientes da Sodexo entram em contato com ela para entender por onde começar a aplicar políticas de inclusão em suas empresas. "Eu sempre digo: comece com uma pessoa. Foi assim que começamos. Eu sinto que as pessoas têm medo de errar e aí perdem a oportunidade de aprender e fazer a diferença. O importante é começar e aprender juntos", diz.
Nesse processo, o envolvimento do departamento de recursos humanos é fundamental. "O time de aquisição de talentos precisa estar bem treinado para lidar com a diversidade. Por mais que a gente sensibilizasse a liderança, a gente via gestores chegarem ao RH com um perfil já pronto do que ele buscava, impregnado de vieses inconscientes. É preciso, sim, ter uma política formal para que o time de RH possa instruir, falar, convencer sobre a política da empresa."
Maite defende que, para além do RH, a mudança deve ser amplificada para toda a corporação. "O processo de inclusão e diversidade não deve ficar concentrado apenas nessa área. Esse processo precisa ser entendido e entrar no DNA da empresa", afirma.
Comece com uma pessoa. Mesmo que não saiba exatamente como fazer, comece Andreia Dutra
Diversidade sustentável
Além de promover formalmente a diversidade, com metas e processos seletivos inclusivos que favoreçam a contratação de grupos minoritários, a empresa precisa ser flexível e acolher genuinamente a diversidade. É preciso valorizar outros talentos, como os relacionados à inteligência emocional, oferecer um plano de carreira, se adaptar às necessidades individuais. Senão, apesar de contratar pessoas diversas, a empresa não consegue reter os funcionários, que não se sentem adequado ao meio.
O processo, como diz Andreia Dutra, é longo. E precisa ser feito em etapas. Em um primeiro momento, que é esse que estamos vivendo hoje, as empresas precisam se preocupar com a representatividade, com os números, saber como é o quadro de funcionários. O segundo momento deve ser de naturalizar esses processos. "Meu sonho de consumo é que as empresas parem de contar pessoas e que cada pessoa passe a contar", diz Maite.
Segundo as executivas, empresas inteligentes são aqueles que, além de investir nas pessoas são empresas muito boas de se trabalhar.
Pessoas e programas não vêm com cartilha. É preciso descobrir as suas especificidades Maite Schneider
Mudança começa nas ações individuais
Maite acredita que a mudança macro de empresa e sociedade só vai acontecer verdadeiramente se acontecer individualmente em cada um. "É fácil exigir que a empresa faça essa mudança. Também é preciso olhar para as suas ações: quantas pessoas negras você segue no Instagram?", questiona.
Andreia Dutra vê que a pandemia estimulou empresas privadas a se unirem à ONGs e trabalharem por interesses que são da sociedade. "Precisamos assumir nosso papel como cidadão, mas as empresas não podem ficar neutras. É preciso se posicionar. Se você é a favor da diversidade, precisa falar."Em situações de crise, o comportamento das pessoas é de pensar na sua sobrevivência. "Preste atenção se você está olhando mais para si e, se sim, o que você pode fazer para as pessoas ao redor", diz Andréa
Cruz. "Saiam da questão dos cargos, pessoas são seres humanos e com certeza têm o que contribuir."
Quantas pessoas negras você segue no Instagram? Maite Schneider
Etarismo e futuro do trabalho
A pandemia causada pelo coronavírus é a crise com efeitos mais dramáticos para mulheres nos últimos cem anos. Para avaliar este novo e singular contexto, o comportamento, o perfil da mulher de hoje — considerando estatísticas de longevidade, mudança de hábitos e conquistas de direitos, mas também as dificuldades relacionadas ao avanço da idade — e o que isso simboliza culturalmente num país como o Brasil, o último dia do Universa Talks (sexta, 17) é aberto com o painel "Mulheres de hoje, um recado para as mulheres do amanhã".
Continue acompanhando as palestras e debates do Universa Talks, dos dias 13 a 17 de julho, sempre às 10h30. Assista pela home do UOL, pelo Youtube, Twitter ou Facebook de Universa. Não é necessária inscrição. Você também pode ouvir o Universa Talks na versão podcast. O evento está disponível, na íntegra, em distribuidores como Spotify, Apple Podcasts e Deezer.
Confira a programação completa do evento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.