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Tá meia bomba? Urologista explica ereção parcial, que pode chegar aos 40

baona/iStock
Imagem: baona/iStock

Christiane Ferreira

Colaboração para Universa

23/11/2019 04h00

Popularmente apelidada de 'meia bomba', a ereção parcial ou insatisfatória pode aparecer a partir dos 40 anos. Maus hábitos como alimentação desregrada, excesso de álcool, falta de sono, estresse, tabagismo estão entre as causas do problema, que chega de forma silenciosa, mas que prejudica tanto física quanto emocionalmente.

Com essas atividades, há uma antecipação da queda da qualidade da ereção. "Com o envelhecimento, é comum haver perda de ereção a partir dos 60 anos, geralmente devido a doenças como hipertensão, diabetes, problemas cardiovasculares ou no sistema endócrino. No entanto, alguns homens depois dos 40 anos já apresentam uma mudança na qualidade da ereção em decorrência dos maus hábitos de vida", afirma a coordenadora do ProSex (Programa de Estudos em Sexualidade - USP), Carmita Abdo.

O que leva a "efeito meia bomba"?

A médica explica que estresse ou tabagismo prejudicam a microcirculação das extremidades, entre elas, o pênis. "Há uma vasoconstrição que causa lesões no sistema nervoso periférico com o passar do tempo", diz Carmita.

A ereção insatisfatória aparece nos graus leve, moderado ou completo. Os casos sutis, que são os mais frequentes, não impedem o ato sexual, mas a rigidez peniana não é a mesma e nem dura muito tempo; ou seja, há uma dificuldade em manter o pênis duro sem ejacular.

Os casos graves impedem o ato sexual. Isso pode gerar insatisfação do casal, pois a penetração não é concretizada. Os moderados têm problemas que ficam no meio do caminho.

Dá para ficar duro de novo?

Sim, mas procurar ajuda o quanto antes é fundamental. Na primeira consulta, é comum o médico querer saber se o problema é comum ou intermitente; se as ereções noturnas ou matinais acontecem; se houve uma causa aparente — pode acontecer após divórcio, morte, doenças graves na família, problemas emocionais ou início de algum medicamento. É preciso investigar ainda se há queda de libido, ou se a falta de desejo acontece apenas com uma determinada parceira ou parceiro.

Medicação e tratamento hormonal

De acordo com o urologista Flávio Iizuka, membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (Tisbu), é a partir dessas respostas que vai ser investigado se as causas são psicológicas, físicas ou se vêm juntas. "É comum a prescrição de algum medicamento oral, como sildenafila e tadalafila, para teste terapêutico. Se for constatada uma alteração hormonal, pode-se tratar com modulação de hormônios. A simples atenção à saúde, com prática de atividades físicas, melhoria na qualidade do sono, hábitos alimentares saudáveis ajudam muito neste sentido", afirma o especialista.

Isso, no entanto, depende da visita do homem ao médico. Comparado com as mulheres, que costumam frequentar o ginecologista após a primeira menstruação, os homens são resistentes a se consultar com o urologista.

"É preciso perder esse preconceito e fazer exames periódicos desde a adolescência ou até a infância, quando é possível prevenir problemas relacionados ao desenvolvimento peniano inadequado. Na idade adulta e terceira idade, essa necessidade só aumenta. Eu diria que o pênis é o melhor indicador da saúde física e mental do indivíduo. Quando a ereção não está boa, geralmente a saúde não vai bem; é um bom motivo para fazer um check up, controlar o estresse, diminuir o ritmo de trabalho, tirar férias e fazer terapia, em alguns casos", completa o urologista.

Prevenção a outras doenças

Consultas frequentes previnem não apenas uma ereção meia bomba como também doenças silenciosas como andropausa, deficiência de vitaminas como D e B12, síndrome metabólica e cânceres de próstata, renal ou suprarrenal, além de alterações normais do corpo do homem relacionadas ao envelhecimento, como gotejamento no final da micção, dificuldade de ter ereções seguidas após uma ejaculação e ao aumento da próstata benigno, entre outras.