Após gestar 2 bebês fora do útero, mulher tem filho mesmo sem as trompas

A dona de casa Daisi Colpani, 42, não sabia o que era gravidez ectópica até ter duas gestações fora do útero. Em 2010, ela engravidou e o bebê se desenvolveu na trompa direita. Em 2011, o problema se repetiu, só que na trompa esquerda. Nos dois casos, precisou retirar as estruturas, inviabilizando o desejo de ter o segundo filho.
Nesse depoimento, ela conta como, seis anos depois, tornou-se mãe de Anthony: “Vivi um milagre. Minha trompa esquerda ramificou e eu pude engravidar”.
“Descobri que estava grávida em junho de 2010. A notícia pegou eu e meu marido, Marcelo, de surpresa, pois não havíamos planejado. Nossa filha, Gabriela, estava com cinco anos.
Veja também:
- Está tudo bem se você não interagir com a barriga (e seu bebê) na gravidez
- Vídeo mostra os impressionantes movimentos do bebê dentro da barriga
- Mulheres contam como a episiotomia prejudicou (ou arruinou) a vida sexual
Após notar um atraso na menstruação, fiz os exames de farmácia e de sangue, que confirmaram que estava com quatro semanas de gestação. Passado um mês, estava saindo de casa para ir trabalhar quando tive um sangramento.
Fui para o hospital, e um ultrassom mostrou que meu filho não estava no útero e que minha gravidez era ectópica. A médica que fez o exame falou: ‘Seu bebê está na trompa direita e não tem mais batimento cardíaco. Precisamos fazer uma cirurgia de urgência para retirá-lo’.
Tomei um susto porque nem sabia o que era gravidez ectópica. Naquele mesmo dia, fui operada e eles retiraram a trompa direita. Fiquei três dias internada e depois fui para casa.
A recuperação foi dolorosa e me senti deprimida"
Só fiquei tranquila quando a médica explicou que, como restava a trompa esquerda, ainda teria chance de engravidar. Conversei com meu ginecologista, e ele disse que era quase impossível eu ter uma segunda gravidez ectópica.
Confiantes, eu e meu marido começamos a tentar e, cinco meses depois, em janeiro de 2011, descobri que estava grávida de quatro semanas. Fiquei tão feliz que contei para a família toda.
Em nenhum momento, passou pela minha cabeça que enfrentaria o mesmo problema. Até que comecei a passar mal, com sangramento e tontura.
No pronto-socorro, fui submetida a um exame. Não consegui acreditar no resultado: meu bebê estava na trompa esquerda, e ela havia estourado. Entrei em pânico, achei que fosse morrer. Tomei anestesia geral e eles retiraram a estrutura. A dor pior não era a física, mas a emocional, eu não parava de chorar.
O médico explicou que eu estava praticamente laqueada. Não poderia mais ter filhos do modo natural, por não ter nenhuma trompa.
Pensei que os sintomas eram por causa da cirurgia, mas achei estranho porque minha menstruação estava atrasada oito dias.
Embora achasse impossível, fiz o exame de gravidez e deu positivo. Chorei de felicidade e desespero ao me dar conta de que havia sido operada grávida.
Comprei um sapatinho e um porta retrato com a foto de um bebê, e coloquei em uma caixa para anunciar a novidade ao meu marido. Fiz o ultrassom e ficamos radiantes quando vimos nosso filho no útero. O médico disse que era um milagre. No dia do parto, soubemos que, em um caso raro, minha trompa esquerda ramificou e, por isso, consegui engravidar.
Com 41 anos, dei à luz o Anthony, que nasceu com síndrome de Down. Dedico a minha vida a ele, e tenho certeza de que ele veio para me ensinar e mudar muitas coisas na minha vida. Ele me traz muita paz.”
Sobre gravidez ectópica
A gravidez ectópica não acontece apenas nas trompas, como foi com Daisi. Segundo João Félix Dias, ginecologista, obstetra e professor adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso, ela pode ocorrer ainda no ovário, no abdome e, em alguns casos, no colo do útero.
Segundo o ginecologista, as principais causas do problema são sequelas de doenças inflamatórias pélvicas. Endometriose e o uso do DIU (dispositivo intrauterino) também podem contribuir para uma gravidez ectópica.
Não importa onde o feto esteja localizado, a gravidez terá de ser interrompida, seja por meio de medicamentos ou cirurgicamente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.