Aos seis meses de gravidez e treinando, atleta do vôlei sonha com Rio 2016
A primeira filha da jogadora de vôlei Tandara Caixeta, que jogou a última Superliga Feminina pelo Dentil/Praia Clube, de Uberlândia (MG), deve nascer em setembro, mas a ponteira quer estar de volta às quadras o mais rápido que puder. "Estou tentando não engordar muito para voltar logo, porque pretendo jogar a Superliga 2015/2016 (que começa em outubro e termina em abril) e estar na seleção brasileira para jogar as Olimpíadas de 2016, no Rio." A atleta, que está no sexto mês de gestação, segue com seus treinos físicos (musculação combinada a exercícios aeróbicos) e até o quarto mês entrou em quadra para defender seu time.
Em um primeiro momento, a ideia de uma atleta seguir competindo pode parecer incompatível com a gravidez, mas não há nada que impeça Tandara de seguir com sua rotina, como em qualquer outra profissão. “Ao descobrir que está grávida, a maioria das mulheres, inclusive as atletas, não tem de mudar a rotina totalmente. Muitas vezes, pequenas adaptações bastam”, diz o ginecologista e obstetra Eduardo Zlotnik, do Hospital Israelita Albert Einstein, doutor em ginecologia pelo Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Por coincidência, uma colega de equipe da ponteira engravidou quase na mesma época e também de uma menina. A levantadora Karine Guerra, 35, está no sétimo mês. Afastada das quadras desde o quarto mês, ela também segue se exercitando para manter o condicionamento físico. “De modo geral, não há nenhum motivo para preocupação em relação a atividades físicas na gravidez de atletas de ponta. O corpo tem as condições ideais para se adaptar sem dificuldades às alterações fisiológicas que surgem e conciliá-las com o esporte, sem perder em performance”, diz a ginecologista e obstetra de Tandara, Silvia Helena Caires de Oliveira.
A principal modificação tanto na rotina de Tandara quanto na de Karine, desde que se descobriram grávidas, foi principalmente a diminuição dos treinos com bola até a restrição total. “Embora a musculatura do útero e o líquido amniótico garantam uma importante proteção contra impactos, é preciso tomar cuidado com traumas fortes sobre o abdômen”, declara Silvia.
Já a diminuição do esforço entre o segundo e o terceiro trimestre de gestação é considerada normal. “A partir daí, o ganho de peso e o risco de trauma pelo tamanho da barriga podem predispor a quedas e acidentes. O ideal é diminuir ou suspender temporariamente as atividades até o parto”, diz a ginecologista e obstetra Camila Massutani, também do Hospital Israelita Albert Einstein.
Dieta menos restritiva
Outra mudança importante que as duas atletas fizeram foi com relação à alimentação. Elas já tinham uma dieta regrada, mas também restritiva, para a manutenção do peso. Por isso, ambas precisaram comer mais no início da gestação. “Nos primeiros três meses, o objetivo é aumentar a ingestão de nutrientes, não necessariamente com mais calorias. Para Tandara, também aumentei o consumo de fibras, que ajudam no funcionamento do intestino. Além disso, recomendei que bebesse muita água. Aliás, em qualquer gestação, a hidratação adequada é muito importante”, diz Melissa Antoun, obstetra e nutróloga que acompanha a jogadora.
“Já no segundo trimestre, aumentamos o consumo de calorias saudáveis, de alimentos ricos em gorduras boas. Também incluí no cardápio dela algumas especiarias, como canela e açafrão, que regulam a liberação de insulina e diminuem a vontade de comer doces”, explica a nutróloga. A dieta de Karine seguiu mais ou menos pelo mesmo caminho. “Também tenho procurado evitar industrializados e comer de maneira mais saudável”, fala a atleta.
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