Inevitáveis, frustrações têm aspectos positivos

Tudo aquilo que sai do planejado e não se concretiza de acordo com a nossa expectativa gera frustração. Experimentamos esse sentimento quando nos decepcionamos com a pessoa amada, ao perdemos uma vaga de emprego, quando planejamos uma viagem e encaramos tempo chuvoso... A verdade é uma só: por mais que a gente tente se preservar, frustrar-se é inevitável.
"É impossível viver a vida plenamente sem se frustrar. Mas a frustração pode ser encarada como uma oportunidade de aprender e de se resignar. É preciso aceitar que nem sempre teremos nossas expectativas atendidas", diz a psicóloga Marina Rodrigues Reigado, especialista em teoria psicanalítica pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
"A vida não acontece de acordo com o nosso desejo. E, sabendo lidar com isso, nos tornamos mais fortes e maduros".
A frustração nos obriga a usar a criatividade, a ter autocontrole e tolerância. “Quando você descobre que o mundo não é como gostaria, percebe que precisará se adaptar a ele. A capacidade de tolerar as frustrações é um componente da inteligência emocional. E não é possível viver em sociedade sem essa habilidade", afirma a psicóloga Lilian Graziano, doutora em Psicologia pela USP (Universidade de São Paulo).
Esse ensinamento também precisa ser passado às crianças. Pais que acreditam ter de corresponder a todas as expectativas dos filhos, deixando de impor limites às vontades deles, estão, na verdade, prejudicando-os. Isso porque, na vida adulta, ao interagir com as outras pessoas, eles não serão poupados. E, então, frente à primeira contrariedade, poderão cair em tristeza profunda, além de ficarem com a autoestima seriamente abalada.
"Crianças superprotegidas dessa forma acabam tendo mais dificuldades de conviver com os outros, além de apresentarem problemas para lidar com as próprias falhas", diz Lilian.
A volta por cima
Para tirar proveito da frustração, não podemos nos paralisar diante do que deu errado. Melhor do que isso é usar o sentimento como um impulso para buscar novas alternativas e seguir em frente.
"Aprendemos com ensaios e erros. E teríamos uma possibilidade de adaptação muito falha se desistíssemos ao nos deparar com as dificuldades", diz a psicóloga Liliana Liviano Wahba, doutora em psicologia pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).
Diante do desapontamento, também vale a pena tentar identificar de como forma as suas atitudes poderiam ter contribuído para mudar o rumo da história. “No amor, isso é muito comum. A pessoa escolhe sempre o mesmo tipo de parceiro e se frustra, mas não enxerga a responsabilidade dela na maneira como o relacionamento se desenvolve”, diz a psicóloga Andreia Calçada, especialista em neuropsicologia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
"Depois da frustração, é uma arte saber decidir se vale a pena insistir ou se o melhor é procurar outras alternativas. A perseverança é um fator importante, assim como a busca constante de novas possibilidades", declara Liliana.
Por fim, para virar o jogo, é importante ter a coragem de enfrentar a frustração e buscar, por meio de uma reflexão profunda, outras maneiras de se realizar. "Frustrações fazem parte da vida, mas são nossos desejos, planos e metas que nos motivam e nos impulsionam ao longo do tempo", diz Marina.
Sinal vermelho
Por outro lado, se você vive frustrado, é necessário analisar um pouco mais a origem desse sentimento. "Se parar para pensar, você tem várias frustrações em um único dia. A chave para lidar com isso de uma forma positiva é entender e aceitar que nem todas as coisas estão sob o seu controle", explica Lilian Graziano.
As decepções recorrentes também podem ser fruto do afastamento dos próprios desejos e metas. “Nesse caso, só é possível combater a frustração ao se conectar novamente consigo mesmo, retomando seus anseios mais íntimos", diz Marina.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso do UOL.