Divorciados usam humor e criatividade para celebrar a separação
Quem disse que hoje em dia não é possível festejar o fim de uma união que não deu certo? Vera Simão, organizadora de eventos e presidente da Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta), de São Paulo (SP), afirma que esse tipo de comemoração é possível, sim. “Festa é sempre festa. O que não pode faltar é humor. Se a pessoa quer comemorar qualquer coisa que a deixe feliz, de maneira bacana e ao lado de seus amigos, estamos aqui para isso”, afirma.
Veja opções de bolos, lembrancinhas e presentes para os recém-separados
A nutricionista Aparecida Santana, de Brasília (DF), é uma das mulheres que já festejaram a “solteirice”. Após o fim de um casamento de três anos, no qual sofreu até agressões físicas, a brasiliense resolveu comemorar. “Uma semana depois de sair de casa, resolvi chamar todos os meus amigos em uma boate para comemorarmos o meu divórcio”, revela. Hoje, aos 32 anos e casada pela segunda vez, Aparecida aconselha: “Casamento só é para sempre quando dá certo. Pense sempre em você em primeiro lugar e busque a felicidade sem ter medo de ficar sozinha. Toda panela tem sua tampa”.
Após o fim do casamento, a nutricionista Aparecida Santana festejou a "solteirice"
Um dos motivos para essas comemorações se tornarem mais frequentes entre os brasileiros pode ser o aumento do número de divórcios. Segundo uma pesquisada realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2009, foram registrados 177,6 mil processos judiciais ou escrituras públicas de divórcios. As separações totalizaram 100 mil processos ou escrituras, sendo 94,2 mil concedidas sem recurso ou realizadas nos tabelionatos cujos cônjuges tinham 20 anos ou mais de idade.
Populares nos Estados Unidos, as festas de separação são sempre bem humoradas e criativas. Por aqui, anfitrião e convidados divertem-se com a decoração temática e algumas guloseimas inusitadas: bolo repartido ao meio, bem-separados (pães de ló recheados de doce de leite embalados em papel preto com fitas escuras) e lembrancinhas personalizadas, como brigadeiros e doce de leite em bisnagas.
Acredito que as mulheres realizem mais esses eventos do que os homens, pois para elas isso tudo representa um resgate da autoestima
Janete Dias, psicóloga pós-graduada em Psicologia Junguiana, de São Paulo (SP)Para a terapeuta especialista em relacionamento Regina Vaz, de São Paulo (SP), essa comemoração é válida. “Depois de uma rejeição gerada pelo fim do casamento, é normal que principalmente as mulheres busquem uma forma de compensação do ato de se separar. E para mostrar para si e para a sociedade o que o ‘ex’ perdeu, elas optam por realizar esse tipo de festa”.
“Acredito que as mulheres realizem mais esses eventos do que os homens, pois para elas isso tudo representa um resgate da autoestima. O homem é mais objetivo. Mesmo quando vai casar, ele pensa em quanto vai gastar e só faz porque a mulher quer. Então, pra que ele vai de novo gastar dinheiro por uma coisa que já acabou e mostrar para os outros que está frágil? Isso ele faz com os amigos saindo para uma balada, não precisa mostrar e gritar para a sociedade", explica Janete Dias, psicóloga pós-graduada em Psicologia Junguiana, de São Paulo (SP).
Já para o doutor em psicologia e liderança Silmar Coelho, do Rio de Janeiro (RJ), as festas de divórcio podem ser uma forma de fugir da realidade. “A grande verdade é que o divórcio nada mais é do que uma empreitada que fracassou. No entanto, as pessoas insistem em querer provar que o divórcio é uma grande conquista e acreditam que esse tipo de celebração vai facilitar a superação da dor do término”, explica. “Mais importante do que celebrar o fim de um casamento é entender que não é uma festa que marca o inicio ou o fim de um momento ruim. A superação desses casos se dá através de muita reflexão e entendimento da realidade”, afirma Silmar Coelho.
Da simplicidade ao luxo
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Festas em baladas com DJ e iluminação especial podem chegar a custar R$ 16 mil
Organizar uma festa de separação pode ser um pouco menos trabalhoso do que organizar um casamento, porém, os custos em ambos os casos podem ser altos. “Tudo depende do perfil e da energia do cliente. Se a pessoa preferir comemorar em casa, não é preciso alugar móveis, por exemplo. Mas se a festa for feita em outro lugar, como uma balada ou um buffet, temos mais despesas a contabilizar”, explica Vera Simão.
Algumas empresas que realizam festas de casamentos e aniversários podem atender pedidos especiais para festas de separação. E tudo é cobrado de acordo com o tamanho da comemoração.
Uma recepção em casa para cerca de 50 convidados, incluindo convites virtuais, decoração com banner e balões simples, crepes variados, bolo decorado, bem-separados e DJ com iluminação chega a custar R$ 3.100.*
Já uma comemoração para cerca de 80 convidados em uma casa de festas pode custar R$ 6.850*. No pacote, estão inclusos convites impressos simples, decoração com banners e balões personalizados, canapés variados, bolo decorado, bem-separados e DJ com iluminação.
"O que mais gosto nessas festas é a criatividade", diz a organizadora Vera Simão
Agora, quem quer fazer uma festa bem mais grandiosa pode chegar a desembolsar quase R$ 16 mil. Nesse caso, o evento inclui recepção em uma boate ou buffet em bairro nobre para cerca de 150 pessoas, convites personalizados, decoração personalizada com lembrancinhas especiais, banners e balões, performance de dançarinos, canapés variados, bolo decorado, bem-separados, banda e DJ com iluminação especial.
O valor da festa pode variar, pois, normalmente, as empresas que realizam eventos organizam as comemorações para os recém-separados sob encomenda. Para ter uma média de valores, o UOL Comportamento cotou preços com diversos prestadores de serviços. Serviços especiais, como transporte em limusines, fotos e filmagem não estão inclusos.
Preços à parte, para Vera Simão o que importa é celebrar com alegria. “Sou adepta do amor e contra fazer algo por vingança. O que mais gosto nesse tipo de evento é a criatividade”, conclui.
*preços consultados em maio de 2011 e sujeitos a alterações.
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