Experiência com desfralde leva mãe a criar grupo em rede social e negócio

Quando tinha 2 anos, Manuela (hoje com 4) teve até um quadro de constipação por causa da pressão dos pais para deixar a fralda. "Era minha primeira filha. Queria fazer tudo certinho e a gente ouve muito que, aos 2 anos, vem o desfralde", lembra Andressa Bristotti, de 34 anos. "Toda pressão causou um problema físico na minha filha."
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Após entender a situação, ela resolveu esperar pelo tempo da menina e, seis meses depois, foi Manuela quem pediu para tirar a fralda. Tudo isso levou Andressa a investir em informação e produtos para ajudar outros pais. Hoje, ela tem uma loja online com objetos relacionados ao desfralde, como mictórios infantis, calcinhas de transição e até livros sobre o tema.
"Temos de falar com pais e mães sobre isso porque é muito solitário", conta ela, que também mantém um blog sobre desfralde e criou um grupo no Facebook para conectar famílias que estão no mesmo momento. "Muitos pais se isolam e percebo culpa das mães, que acham que estão errando em alguma coisa, sem entender que o processo é da criança."
Marcela Scatigno, mãe de Valentina, atribui a dificuldade no desfralde à própria ansiedade. "Na escolinha, via que ela era das poucas que ainda usava fralda. Quando fez 2 anos, comecei a tentar, mas vi que não era a hora. Eu estava ansiosa."
A comerciante Juliana Morais, de 30 anos, é uma entre os mais de 1,5 mil membros do grupo criado por Andressa. A comerciante teve dificuldades com o desfralde da Ana Júlia, quando a menina tinha menos de 2 anos. Seis meses depois, ela retomou a tentativa e inovou: criou até um joguinho de trilha para estimular Ana Júlia. A cada xixi ou cocô no vaso, ela avança uma casinha. Quando completa o percurso, ganha um brinde. Para Juliana, têm dado certo.
Sem culpa. Para a psicóloga Izabella Barros, a ansiedade dos pais sobre o processo tem impactos no bebê. "A criança pequena, embora ainda em desenvolvimento cognitivo, motor e emocional, é muito perspicaz, especialmente para captar as emoções dos cuidadores."
Segundo Izabella, o sentimento de culpa e impotência das mães pode ter origem em uma sensação de que são elas que devem controlar o processo. "Para ela se sentir culpada e implicada no desfralde, pode estar com dificuldade de pressupor que a criança é um sujeito, uma ‘pessoinha’ separada, que tem o tempo dela."
A pediatra Marisa Aprile destaca a importância de não correr para desfraldar. "Há um tempo, a gente falava que a partir de um ano e meio os pais podiam começar a treinar. Hoje, não. Essa questão depende da maturidade da criança e a gente percebe que é sempre depois de 2 anos. Se for muito antes, só leva a uma situação contrária."
Preste atenção
1. Tempo certo. Reconheça se a criança está pronta para o desfralde. Não há idade limite, mas o processo geralmente ocorre após os 2 anos. A identificação da vontade de fazer xixi e cocô tem relação com o controle dos esfíncteres - músculos que retêm ou liberam os excrementos. Ela pode dar sinais, como tentar tirar a fralda ou avisar urina.
2. Comunicação. A criança que ainda não fala terá dificuldade em expressar a vontade de ir ao banheiro. É melhor começar quando ela ja estiver se comunicando melhor.
3. Exemplo. É interessante saber como os pais fazem suas necessidades para imitá-los e, então, apresentar o penico.
4. Reconhecimento. Se a ela fizer fora do vaso ou penico, é preciso explicar, sem briga, que na próxima vez ela deve avisar. Se fizer xixi ou cocô no local certo, é bom elogiar, mas sem exageros.
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