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Nina Lemos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Com vídeo pós-morte, viúva de Pádua difama Daniella Perez: 'Amantes'

Guilherme de Pádua e Juliana Lacerda - Reprodução/Instagram
Guilherme de Pádua e Juliana Lacerda Imagem: Reprodução/Instagram

Colunista de Universa

08/11/2022 13h20

"Eu me apaixonei por uma mulher casada que era muito famosa, minha amante grávida não a aceitou e a matou, eu levei a culpa, para poupar minha esposa grávida".

Esse é o resumo de um texto absurdo e mentiroso dito por um ator, como se ele fosse Guilherme de Pádua, assassino condenado pela morte de Daniella Perez. O vídeo, culpando a vítima e difamando Daniela, morta há 30 anos, foi publicado no Instagram ontem no Instagram de Juliana Lacerda de Pádua, viúva do ator (que morreu domingo, de infarto), horas após o enterro do marido.

O vídeo foi apagado do perfil de Juliana no início da tarde de hoje (terça-feira) mas já circula pelo Whatsapp, E nós vimos. Sim, vimos uma vítima ser alvo de uma mentira que é repetida por Guilherme de Pádua por 30 anos.

O caso foi investigado. E não, definitivamente, Daniela Perez não era amante de Guilherme de Pádua. Se fosse, isso não justificaria seu assassinato. Mas ela NÃO ERA. Isso é repetido há 30 anos por sua família, seus amigos e seu ex-marido, Raul Gazolla. Juntos, eles tentam preservar a imagem de Daniela e seu legado.

Quem quiser saber mais sobre essa luta pode assistir à série "Pacto Brutal". Está tudo lá: as mentiras e irresponsabilidades da mídia sensacionalista e machista e a revitimização de Daniela.

Juliana está de luto. Ok. Mas como ela tem a audácia de publicar um vídeo falando mentiras sobre uma mulher que morreu há 30 anos, assassinada pelo seu marido? É possível que ela, de fato, acredite nisso. Mas é criminoso que um vídeo como esse seja publicado. Juliana deveria ter recebido conselhos de advogados, que devem ter explicado para ela que, de acordo com o artigo 138 do código penal, caluniar pessoas mortas é crime.

Dor da família

Mas o estrago já foi feito. E a família de Daniela Perez já foi agredida mais uma vez. A prima de Dani, Babi Ferrante, desabafou sobre o assunto no Instagram: "Ela [Juliana] enterrou o marido às duas da tarde e às cinco ela estava postando um vídeo de uma pessoa que se dignou a esse papel ridículo de acusar uma vítima que foi esfaqueada como ela foi aos 22 anos, destruindo o futuro dela e uma família toda", disse.

E continuou, falando diretamente com a viúva: "Não, Juliana, seu marido nunca teve um caso com a minha prima. Ele quis, mas nunca teria, mesmo se não fosse loucamente apaixonada pelo Raul Gazolla... E sim, Juliana, o seu marido, junto com a Paula, matou a minha prima. Foram os dois juntos."

Ver a dor e a raiva de Babi faz com que a gente se revolte junto. Que obsessão é essa em culpar uma mulher que, repito, foi assassinada cruelmente aos 22 anos, pela sua própria morte?

Aliás, fica difícil imaginar como ela tenha produzido a peça em tão pouco tempo. Será que foi o próprio Guilherme que deixou a peça pronta para dar seu último recado depois que morresse? Não sabemos. Mas, de qualquer jeito, é absurdo.

Daniela Perez vai continuar sendo difamada mesmo depois da morte de um dos seus assassinos. Até quando mulheres serão atacadas mesmo depois de mortas? É revoltante. E também doentio.