A volta dos festivais é uma excelente oportunidade para ateliês de moda

Com o recuo do período mais tenso do isolamento social causado pela pandemia, tem uma coisa que estou, como muitas pessoas, interagindo de um outro lugar, com um olhar um pouco mais atento: os festivais. Me parece que estes encontros, a possibilidade de estar com tantas pessoas, às vezes cantando uníssonas as músicas que a gente gosta, depois de tanto tempo, causam uma catarse nova, diferente de antes.

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Os festivais voltaram e tivemos aí o Lollapalooza, o Rock the Mountain, o Nômade, o Mita, já já vem o Rock in Rio, muitos festivais. Tenho estado neles e conhecido uma galera "assídua" dos festivais. E uma coisa é bastante notável: temos uma moda para os festivais.

Não sei se poderíamos entender isso como algo protocolar, um vestuário dos festivais, afinal não é uma "obrigação", um "dress code". Mas, sinto como se fosse um acordo tácito entre o participante do festival e o festival, uma moda que circula nesse ambiente, especificamente.

Um exemplo disso é o enorme crescimento de conteúdos sobre "como se vestir para o Lollapalooza". As criadoras investiram tempo, roupas, combinações, em como se vestir para os três dias de festival, várias ideias de looks e tudo mais. Geral investindo numa parte do guarda-roupa dedicada a estes encontros. Um exemplo de como um movimento cultural e artístico impacta diretamente na forma de vestir, de consumir moda, de consumir informação de moda. Já quando a gente observa os palcos, as cantoras, as pessoas que estão ali, elas estão passando muitas mensagens nesse pós-pandemia

Sem dúvida, uma das mensagens mais importantes é em relação às eleições de 2022. Para além das bandeiras e faixas com mensagens, vemos na escolha de cores, de estampas e bordados em roupas e acessórios uma escolha, a expressão de uma escolha. Muitas cantoras, como por exemplo a Majur no Festival Nômade, vestindo vermelho. Não, não é coincidência. É posicionamento político.

Outro movimento é o das marcas, sobretudo as marcas de médio, pequeno porte, aquelas que criam coleções menores, peças únicas. A personalização, a identidade que se reflete através da moda é ponto alto na busca pelo look ideal dos grandes eventos e isso é ótimo para elas. Então, elas tiveram que se adaptar, pensar em criação e produção para esta demanda - e oportunidade, afinal são milhares de pessoas em busca de algo único. É muita gente comprando!

O Ateliê Xongani é uma dessas marcas. Na última coleção que lançamos, chamada Índigo Blue, nos preparamos para fazer capas de chuva dobráveis pensando nos festivais que terão no Brasil. Modéstia à parte, ficou mara.

Para você que trabalha com moda e ainda não foi a nenhum festival e pretende ir, para você que quer observar os festivais e como as pessoas se vestem com um olhar criativo e de negócio, tem algumas dicas básicas do que é interessante ser notado para, eventualmente, criar novidades, inovações, soluções:

1. Sapatos confortáveis, tênis, botas. A gente anda muito em festivais e eles quase sempre acontecem em lugares com grama, terra, areia. Proteção e conforto precisam se unir ao design;

2. Roupas leves, quando calor; mas que te protejam das mudanças de temperatura, porque a gente passa horas nestes eventos. Às vezes, quando a gente chega tá um dia super aberto, ensolarado, vai passando e muda. Fecha, chove, esfria. Roupas adaptáveis para essa modulação são importantes. Roupas que se adaptem, se transformem;

3. Algo para proteger a cabeça, seja do frio ou do sol. Chapéu, boinas, toucas, bandanas;

4. Camisetas, jaquetas, blusões e acessórios de cantores e bandas. Dá para ser bem criativa aqui. Aquele silk tradicional pode resolver muita coisa, mas dá para ir muito além;

5. Bolsas próximas ao corpo, que preferencialmente sejam estruturadas de forma a ficar posicionadas na frente do corpo

É aquilo que eu costumo dizer. Se você é uma pessoa que se veste, a moda te atravessa. E, nestes festivais, é muita gente circulando. Para quem trabalha com moda é uma oportunidade enorme. Bora aproveitar!